08 novembro 2008

Avaliação dos professores 2


Os pais acordaram para o problema depois do ruído ser insuportável. Pena que não o tenham feito logo no começo de tudo, mas está visto que falar de professores é algo para o qual todos se sentem habilitados.

Que a maior parte dessas falas parta do ressentimento e de memórias infantis ou da adolescência (quando o juízo ainda não está completamente formado) é coisa que nunca inquieta ninguém, pois o ego de cada um é sempre a unidade de medida. E se o ego diz mata, o adulto só pode dizer esfola.

Avaliar professores é tão complicado como avaliar o espaço estelar. Porque são muitos professores. Porque os professores trabalham sob ordens do ministério, das direcções regionais e dos conselhos executivos (ou seja, não há um padrão, mas vários). Porque cada grupo disciplinar tem as suas especificidades. Porque os alunos variam de turma para turma. Porque há mil e um pequenos factores que determinam sucessos e insucessos e não há instrumentos capazes de os medir e avaliar.

Só num país como o nosso se fala ao mesmo tempo do eduquês e se vive a sanha da avaliação como se dessa forma se conseguisse resolver o que décadas de políticas e de acções não conseguiram: que todos sejam iguais.

Daqui a alguns anos, quando a poeira assentar, poderemos divertir-nos com as análises e as soluções para os problemas que já existem, acrescidos dos que se estão agora a criar.

5 comentários:

Anónimo disse...

O patrão dos professores são os pais, em primeiro lugar, e todos os contribuintes.
Admite-se porventura, que uma das partes (a que paga não saiba o que a outra faz (a que ganha para educar)?
É sintomático os pais e os alunos estarem calados, a ver o reboliço dos professores.

Há professores, que, em plena sala de aula, no lugar de ensinarem, criticam, a avaliação que ao seu trabalho que irá ocorrer como se num plenário sindical estivessem.
São os alunos que vem para casa dizer aos pais!
Ora bem. É que não percebem que estão ali, única e exclusivamente porque querem, e não tem o direito de perderem tempo nas aulas com assuntos das suas carreiras.
Alien

Tibério Dinis disse...

Caro Pisca,

não consigo compreender a hostilidade à avaliação. Como funcionários, os professores têm que ser avaliados para se separar o trigo do joio, ainda para mais quando é sabido que há maus professores com emprego e bons no desemprego, se houver um sistema de avaliação pode-se melhorar o sistema.

Esta posição dos professores só leva a que saiam descredibilizados. E da mesma forma que nenhum regulamento de avaliação dos professores consegue neutralizar todas as externalidades, o mesmo acontece com a avaliação dos professores aos alunos que também não consegue afastar todas as externalidades.

Haja Saúde

pisca de gente disse...

Caros comentadores:
Avaliar exige rigor. Ou não passa de fogo de vista.
Avaliar alunos é um acto rigoroso, embora possa parecer, a quem está de fora, algo aleatório.
Avaliar professores tem de ser também um acto rigoroso. E merece-me uma gargalhada essa coisa de "bons professores" que estão de fora. O que é um bom professor? Depois de ver a definição, poderei guardar o riso e dar uma ou duas cabeçadas de assentimento. Até lá, acho que tal não passa de lugar comum e pernicioso.
Quanto aos professores que vão para a sala de aula dizer disparates, isso é como em tudo: meia dúzia de maus profissionais não são exemplo de nada.
Gostaria apenas que reflectissem sobre isto: se educar 1 ou 2 filhos é tão complicado, pensem como será saltar de turma em turma a cada 45 ou 90 minutos. Juntem-lhe as tensões próprias do clima que se vive e digam lá como será que vocês reagiriam se vos quisessem tomar por ovelhas.
Aproveito para referir que apesar de tudo isso, a maior parte dos professores continua a trabalhar com um fito: preparar o melhor possível os seus alunos para enfrentar um futuro que se avizinha problemático, tanto mais que pais e não-pais continuam a pensar que o melhor é transformar a escola em jardins de infância. Pensem se o Cristiano Ronaldo teria chegado a algum lado se na escola verde onde andou não tivessem sido rigorosos com ele.
A palavra avaliação dá para encher a boca, mas, repito, avancem com os critérios, pensem como pô-los em prática e depois voltamos a falar.

pisca de gente disse...

A avaliação sempre se fez. De forma explícita e implícita. Mudar o processo de avaliação parecia bem a toda a gente, pois um prof de EVT não devia ser avaliado do mesmo modo que um de Matemática ou de Língua Portuguesa. Estes trabalham muito mais e sobre eles recai o ónus de muito. Vão ver o modelo de avaliação e digam-nos o que é que essa avaliação vai trazer de novo?
Imaginem que eram empresários e queriam avaliar os vossos trabalhadores? Como faziam? Que modelos aplicavam? Quais seriam os objectivos dessa avaliação (pagar mais aos melhores?)

Tibério Dinis disse...

Não concordo com todos os critérios desta avaliação, mas tem que haver avaliação e os professores não têm é estado preocupados em propor modelos de avaliação.

Pergunta: Então todos os professores empregados são melhores que os desempregados? Claro que não, há professores que merecem ser avaliados negativamente e dar lugar a melhores e mais competentes. Pode crer que se fosse empresário avaliava os trabalhadores, de que me serve ter trabalhadores se não sei a sua eficiência e capacidade? Claro que a 1a coisa que fazia era colocar os ineficientes na rua e contratar pessoal eficiente.

A segurança de trabalho de uns coloca os que estão de fora em insegurança. Tem que haver avaliação, os critérios ai sim podemos discutir.

Haja Saúde