27 fevereiro 2010

Olga Bernad

Distinto amor

No vendo mi alma al diablo por la gloria
que persiguen discípulos más débiles,
ni regalo un minuto de mis sueños
por poderlo contar.

Algo distinto y nuevo me envilece:
mi corazón por una galopada,
ver esta tierra desde tu montura
y saberlo contar.


[in Caricias perplejas, Sevilla, Fundación ECOEM, 2009]

26 fevereiro 2010

Batman contra Superman


Um duelo de gigantes... no mundo dos leilões. o número 27 da edição Detective Comics (1939), onde o homem morcego aparece pela primeira vez, foi comprado por 1.075.500 dólares (796.566 euros), batendo um exemplar do “número um” do Super-Homem vendido no início da semana por 735.500 euros.
Para ler mais, aqui.

25 fevereiro 2010

Qi Baishi (1863-1957)




O artista chinês Qi Baishi (1863-1957), conhecido pela temática humilde e anti-heróica da sua obra, tornou-se no novo fenómeno do mercado da arte, ao juntar-se a Picasso e Andy Warhol. No ano passado as obras de Qi Baishi alcançaram, em leilões, valores que rondam os 70 milhões de euros.

Fonte: El País

24 fevereiro 2010

"Le blute-fin"

é o novo quadro (55 por 38 cm) de Van Gogh (1853-1890) descoberto na Holanda.
Ver mais informação aqui. E aqui.

Um padre que adorava "follar"


Vinte e sete anos. Padre. Gastou 17 mil euros em linhas eróticas. Tinha um anúncio na net onde se dizia bem dotado (15 cm). Cobrava 50 euros por 15 minutos e 120 euros por hora. Sim, vendia o seu corpo para tudo, menos actos sado. Para mulher sós ou para casais. Prometia felicidade.
A única nota discordante é o ser padre. Ou seja, ter feito votos de celibato. E estar, portanto, moralmente impedido de qualquer acto sexual. E, claro, ter usado dinheiro da paróquia para linhas e sítios pornográficos.
Para ler mais, aqui e aqui.

23 fevereiro 2010

Em ano de crise o Super-Homem vale 1 milhão


Uma edição rara e bem conservada da primeira banda-desenhada do Super-Homem (de que já aqui falámos) foi vendida pelo valor-recorde de um milhão de dólares (quase 735 mil euros).
O livro, que saíra do mercado há cerca de 15 anos, fora vendido, em 1995, por cerca de 110 mil euros. No ano passado a quantia mais do que duplicou (233.375 euros). Agora triplicou.

22 fevereiro 2010

Fenómenos

As redes sociais da Internet como Facebook ou MySpace estão a transformar os comportamentos colectivos? Há quem diga que sim. Que o seu poder é enorme e que as reacções dos que nelas participam é ainda um mistério. Será por contágio, por imitação ou por iniciativa própria que alguns se transformam? (Ler mais aqui)
E não param de surgir ferramentas. A mais recente é Chatroulette, um sítio lançado em Novembro por um jovem russo de 17 anos (Andrey Ternovskiy) que põe em contacto, ao calhas, dois internautas desconhecidos entre si que possuam webcam e estejam conectados ao serviço. Uma das novidades é não haver necessidade nem de inscrições, nem de usernames, passwords ou outra qualquer informação. É instantâneo e permite que um se veja ao outro, sem aviso prévio, podendo conversar ou saltar para outra webcam. Num sítio assim, pode-se encontrar de tudo, diz quem já por lá andou, novos e velhos, homens e crianças, raparigas e tarados. (Ler mais aqui e aqui).

18 fevereiro 2010

Eugenio Merino - Starway to Heaven




Por 50 mil euros já foi vendida a obra que tem dado que falar na ARCO, em Madrid. A embaixada de Israel na capital espanhola já tornou público o seu desagrado pela ousadia do jovem artista: A representação de Israel considera que os “valores como a liberdade de expressão ou a liberdade artística servem, por vezes, para disfarçar preconceitos, estereótipos ou são meras provocações”.

Sexo e literatura portuguesa


O Público traz uma reportagem sobre o assunto. Por ali se fica a saber duas coisas: que a ignorância é enorme. Que o puritanismo impera.
Os entrevistados não são grande coisa, diga-se em abono da verdade.
O problema não é da terminologia, é mesmo da educação puritana e católica que parece ter castrado os tugas. Diz a jornalista Inês Pedrosa que 'Bunda' é muito melhor do que 'rabo'. 'Seios' é piroso, 'mamas' é cru. 'Pau', no Brasil, resulta e por cá vai-se generalizando. Mas a palavra começada por 'c' nem poderia aparecer neste artigo..." A coisa, como se vê, é medíocre. Por que raio bunda é melhor do que rabo? Enfim.
Nuno Bragança, Luiz Pacheco, José Cardoso Pires, Maria Velho da Costa, Maria da Conceição Caleiro serão excepções. O problema não é o sexo, o problema é que para se escrever sobre o assunto há que saber-se e não ter medo das palavras. E depois é preciso saber escrever.
De resto, inovar em sexo é pura ilusão. Há milénios que se sabe tudo.

Quem é JM Aznar?


José María Aznar foi durante anos o chefe do governo espanhol e, nessa qualidade, esteve aqui na ilha, com o nosso babado Durão Barroso, Tony Blair e George W. Bush. Dias antes da ofensiva ao Iraque. E como já há muito é público, mentindo com quantos dentes tinha na boca. Os espanhóis não esquecem e Aznar foi interpelado hoje numa universidade no norte do país por essa descarada mentira. A resposta dele foi a que vêem na foto.
Foto, sons e mais podem ser vistos aqui.

17 fevereiro 2010

Jorge de Sena

Martyrs of today

Como duram pouco
hoje
os mártires.
Espancados, torturados, perseguidos,
assassinados a tiro ou a sorrisos,
os nomes deles povoam as memórias
dos mártires seguintes
nada mais.
E as faces deles perpassam
em jornais, na TV, rapidamente
para que os perseguidores
arrotando
peidando-se
palitando os dentes
na penumbra solitária da salinha
possam esquecê-los
depressa.
Além disso,
os mártires de hoje
não são sequer pessoas respeitáveis;
promíscuos, pederastas, dominó
para os dois lados, bêbados, ou viciados em drogas,
cabeludos, piolhosos, mal-cheirosos,
ainda por cima, às vezes,
trabalhadores honestos e pais de família.
Que mundo pode vir de tamanha degradação?
O perseguidor - políticos, militares, polícias,
velhas solteiras, todos
os que velam pela limpeza dos jardins,
dos esgotos, das cadeias, dos cemitérios -
interroga-se com indignação
(e adormecem sonhando com um
jogo de espelhos que lhes per-
mita ao menos contemplar
uma vez, antes de morrerem,
o próprio cu).
Como duram pouco
hoje
os mártires.

May, 13/1969

[in Visão Perpétua, Edições 70, 1989, págs. 102-3]

13 fevereiro 2010

Patrick Lane

The carpenter

The gentle fears he tells me of being
afraid to climb back down each day
from the top of the unfinished building.
He says: I’m getting old
and wish each morning when I arrive
I could beat into shape
a scaffold to take me higher
but the wood I need
is still growing on the hills
the nails raw red with rust
still changing shape in bluffs
somewhere north of my mind.

I’ve hung over this city like a bird
and seen it change from shacks to towers
It’s not that I’m afraid
but sometimes when I’m alone up here
and know I can’t get higher
I think I’ll just walk off the edge
and either fall or fly
and then he laughs
so that his plumb-bob goes awry
and single strokes the spikes into the joists
pushing the floor another level higher
like a hawk every year adds levels to his nest
until he’s risen above the tree he builds on
and alone lifts into the wind
beating his wings like nails into the sky.

Wendy Morton

Love Isn't

thunder and cinnamon.
Is: walls the colour of Provence;
seagulls framed in the skylight,
between clouds and the morning moon;
hoya trailing night perfume;
a level floor;
a new sink;
your hands.

David's trees

You show me the perfect drawing
of a broken tree branch
still blooming,
you drew last spring;
then the Sudek photographs of cherry trees.
Later, your collection: framed splinters
from a Zeppelin;
a piece of Winchester Cathedral,
from 1079;
an Inuit snow scraper;
your daughters' paintings;
a box filled with the small bones
of birds and blue stones.

Nearby, your luminous wife
plays Telleman on the Steinway,
wearing her best sadness and blue shoes.

Later, she'll decorate
a cake for your birthday,
play for you.
And for a while,
your world will be perfect:
a tree branch blooming in June,
white blossoms falling everywhere
like love.


Poeta canadiana. Nas palavras de outro poeta — Patrick Lane — desse país: “Wendy Morton’s poetry always surprises. It embraces both humour and grief with equal measure. It pays attention to thunder and cinnamon, bread and tutus, and by so doing expresses our human world with grace and joy.”

Imagens fálicas são uma constante





Vivemos no melhor dos mundos

Há coisas que caem no momento certo. O das escutas é um deles. Mina a confiança do país num homem que obteve maioria absoluta depois de ter concorrido contra Santana e que ficou tão inchado com o poder que abusou e abusou. Houve eleições e esse homem voltou a ganhar, perdendo no entanto a maioria absoluta e ficando à mercê de acordos de bastidores.
Se bem leram as notícias dos últimos dias, o PSD não sai bem no retrato. Os acordos entre o PS e o PSD em questões de grandes empresas são frequentes e datam, talvez, do tempo em que se coligaram para "salvar a nação". Isso de salvar a nação proporciona sempre bons negócios. Há uns quantos que passam a ganhar milhões. Ganhar milhões é o objectivo de quase todos os portugueses, embora a grande maioria esteja longe de perceber como se chega lá.
O caso das escutas não passa, se virmos bem as opiniões dos diferentes protagonistas, Moniz e companhia incluídos, de um grande negócio que se cozinha entre os meandros do escândalo. E parece haver uma mãozinha africana no meio disto. À qual se juntam as mãozinhas daqueles que dentro e fora do PS têm perdido dinheiro ou tachos.
O problema talvez esteja no excesso de promiscuidade entre a política e os negócios. Mas isso para os tugas é nada. Maldizer os políticos é um desporto nacional. Esquecendo-se que sem políticos não há governo e sem governo as coisas não funcionam. Ou seja, estas trapalhadas abrem caminho fácil a populismos. Basta olhar para Itália e ver como gente execrável se instala no poder com o voto dos cidadãos que julgam estar a "castigar" os corruptos.
Vai sendo tempo de criar estruturas para formação de quadros políticos que não dependam directamente dos partidos. Gente com formação literária (histórica, filosófica, política) e económica que tenha estudado casos antigos e recentes da vida nacional e internacional e que mobilize a opinião pública para projectos nacionais, sejam eles de direita ou de esquerda, com maior ênfase nas empresas ou na equidade social, nas leis do mercado ou no tipo e peso de impostos. Gente que ganhe bem, muito bem, porque a democracia tem custos. A não ser que os portugueses prefiram viver subjugados, debaixo de uma qualquer pata fedorenta que mais não faz do que exalar retórica relambida.
Os melhores momentos da nossa história são aqueles que foram protagonizados por novos quadros: os dos fundadores; os do início da segunda dinastia; os liberais; os republicanos.

12 fevereiro 2010

Prova provada de que não há liberdade de expressão

é este post ter sido censurado pelo senhor Pinto de Sousa himself que veio aqui e usou tinta invisível, impedindo a leitura do resto.
O semanário Sol teve o que queria: publicidade e as vendas vão de vento em popa. O pior é que mal se acabe o "escândalo" voltam a baixar drasticamente. Será que o destino lhe reserva o mesmo que a O Independente? Ao tempo de Paulo Portas também se alimentou de escândalos. O problema é que quem lê não quer apenas escândalos, quer investigação e isso custa mais e exige jornalistas bem preparados.

10 fevereiro 2010

O PSD sem ideias

repete chavões e tiques de há tempos. No tempo de Guterres falou-se em pântano e foi por aí que o PSD recuperou o poder. O problema desse partido é que não só não tem líderes como não tem ideias capazes de apresentar soluções. Por isso, ao pântano sucedeu-se a choldra, o lodaçal, a pantominice. A coisa foi tal que o PS, pela primeira vez em trinta anos, conseguiu uma maioria absoluta.

Marques Mendes, esse líder brilhante que conseguiu chegar e sair da liderança do PSD sem resultados, vem agora mostrar porque é que esse partido não sai da cepa torta: “Eu acho que Portugal vive num pântano como já há muito tempo eu já não imaginava. Esta situação pantanosa vai acabar. É uma questão de tempo. Provavelmente mais cedo do que mais tarde”.
Em vez de apresentar soluções gerais, Marques Mendes opta pela politiquice, que é muito afim do trauliteirismo que caracteriza Paulo Portas, cujas ideias são luminosas: reduzir os salários dos políticos. Não bastava ser o Paulinho das feiras, quer ser o Feirinhas de Portugal e arengar com a mesma falta de argumentos de que se serve o zé povo na sua douta sabedoria etílica ou reumática.
Já aqui o dissemos várias vezes: Portugal tem dirigentes medíocres e empresários do mesmo calibre. Enquanto assim for, é difícil dar o salto. Um país precisa de ideias, de projectos, de uma visão. E é precisamente aí que as coisas se complicam. Nada. O vazio é de bradar aos céus. Muito blá blá para agradar aqui e ali, de resto os negócios de sempre, os esquemas do costume.
Isso de "apertar o cinto" que custou votos e popularidade a Mário Soares é inevitável. Mas não chega. Portugal precisa que a população seja mais exigente, que leia e discuta programas e que vote depois em função desse conhecimento. Votar porque se é da cor X ou Z nada resolve. Votar porque se está zangado com Fulano ou Beltrano dá no mesmo. Não é isso que dá força anímica ao país. O país precisa de ideias. Precisa que cada sector apresente propostas para revitalizar uma nação que embora pareça perdida, apenas está expectante.
Gastar dinheiro em estádios de futebol e em obras de fachada é um crime. Mas como a história já mostrou não é menos crime encher os cofres do estado com ouro e ter a população moribunda.

Taxistas ou ladrões?


Há alguns anos, à saída de Santa Apolónia, carregado com malas, um bebé nos braços e em cima da hora para chegar à Portela, apareceu-me um taxista a perguntar se queria táxi. A fila era medonha, aquele aparecia pela porta do lado, onde tinha acabado de deixar um passageiro. Tudo cheirava a esquema. Mas a necessidade e a ingenuidade puseram na minha boca um sim veloz e lá fomos apara o aeroporto. Quando chegámos, o taxímetro marcava o quádruplo do que era habitual. Não havia tempo para regatear. Pagámos e pedimos factura. Quisemos, depois, apresentar queixa, mas estávamos longe e a polícia disse que só com a factura não podia fazer nada.
Conhecemos casos semelhantes. Ocorridos em Lisboa e noutras cidades. Há taxistas que são pulhas e há-os até que são piratas.
A notícia de que a PSP está atenta é saudável. Em tais casos devia-lhes ser retirado imediatamente a licença de condução de carros de aluguer. Todos os que fossem apanhados com o dispositivo chamado "acelerador de Taxímetro", que visa aumentar as tarifas em função dos quilómetros, deveriam pagar multas exemplares e ficar sem carta. O mesmo deveriam fazer aos que especulam e tomam os clientes por parvos.

O embaixador e a burka


Há mulheres com excesso de pêlo. Algumas chegam mesmo a ter barba e bigode. Quando os costumes obrigam as mulheres a andar tapadas, há quem se sirva disso para encontrar um bom marido para a filha peluda... e com outros problemas estéticos. Que o diga um embaixador árabe dos Emirados Árabes Unidos que descobriu que a noiva era vesga e tinha barba pouco antes do casamento. Ao levantar o véu para a beijar, constatou, que era vesga e tinha barba. Sentiu-se defraudado. A futura sogra mostrara-lhe fotos da outra filha, que não possuía tais atributos. Desiludido e enganado, pediu a anulação do contrato de casamento e exigiu à ex-noiva o pagamento de cerca de 92 mil euros, montante que diz ter gasto para presentear a ex-futura mulher com roupas, jóias e outros prendas.
A burka e o niqab podem ter a vantagem, da perspectiva machista, de proteger a mulher da cobiça alheia. Mas também podem ser usados contra esse mesmo machismo.

Fonte: JN

09 fevereiro 2010

Uma excepção


Karl Rabeder tem 47 anos e é um rico homem de negócios austríaco, com uma fortuna pessoal avaliada em quase quatro milhões de euros. Um homem banal, portanto.
Este homem descobriu certo dia que as relações que tinha eram falsas. Como se as pessoas que o rodeavam fossem actores. Actores cuja função era proporcionar-lhe uma existência de cinco estrelas. "Foi o maior choque da minha vida, quando me apercebi quão horrível, sem alma e vazia era o estilo de vida cinco estrelas". Então, tomou uma decisão. Desfazer-se de grande parte dos bens que possui. "Venho de uma família em que as regras eram trabalhar duro para arrecadar o mais possível", contou. Um modo de vida que seguiu durante muitos anos, mas que, gradualmente, o foi consumindo por dentro. "Durante muitos anos não fui suficientemente corajoso para fugir das armadilhas de uma existência confortável". Agora, basta-lhe o amor e uma cabana e certamente um certo pecúlio para subsistência e outras coisas que tem em vista. O dinheiro da venda das mansões, viaturas e outros luxos será para obras de caridade na América do Centro e do Sul. A fortuna vai apoiar soluções de microcrédito em países como El Salvador, Honduras, Bolívia, Peru, Argentina e Chile.
O homem está feliz. Ora vejam.

Fonte: JN

Técnicas de controlo


De avaliação se falou muito por causa dos professores. Quem não é professor tem uma opinião. Quem é professor pensa de maneira quase oposta. É um bocado como botar faladura sobre matemática sem se saber sequer as regras elementares da aritmética. A avaliação é hoje prática corrente no mundo empresarial e tem um propósito claro: controlar as pessoas, constrangê-las a fazer o que a empresa quer e poder descartá-las quando muito bem a empresa quiser. Sem custos económicos. O lado negro da coisa, é que o trabalho passa a ser um faz de conta permanente, sobretudo se se quiser sobreviver com o menor número de danos colaterais.

Christophe Dejours, psiquiatra, psicanalista e professor no Conservatoire National des Arts et Métiers, em Paris, dirige ali o Laboratório de Psicologia do Trabalho e da Acção, onde se estuda a relação entre trabalho e doença mental. Esteve em Portugal e disse:
«A avaliação individual é uma técnica extremamente poderosa que modificou totalmente o mundo do trabalho, porque pôs em concorrência os serviços, as empresas, as sucursais – e também os indivíduos. E se estiver associada quer a prémios ou promoções, quer a ameaças em relação à manutenção do emprego, isso gera o medo. (...) Muito rapidamente, as pessoas aprendem a sonegar informação, a fazer circular boatos e, aos poucos, todos os elos que existiam até aí – a atenção aos outros, a consideração, a ajuda mútua – acabam por ser destruídos. As pessoas já não se falam, já não olham umas para as outras. E quando uma delas é vítima de uma injustiça, quando é escolhida como alvo de um assédio, ninguém se mexe…»
Conta algumas histórias arrepiantes. Uma, a do modo como se formam os quadros superiores, preparando-os para cumprir os objectivos das empresas (mesmo que ilegais). Ensinam-lhes técnicas de assédio e constrangimento: «Há estágios para aprenderem essas técnicas [de assédio]. Posso contar, por exemplo, o caso de um estágio de formação em França em que, no início, cada um dos 15 participantes, todos eles quadros superiores, recebeu um gatinho. O estágio durou uma semana e, durante essa semana, cada participante tinha de tomar conta do seu gatinho. Como é óbvio, as pessoas afeiçoaram-se ao seu gato, cada um falava do seu gato durante as reuniões, etc.. E, no fim do estágio, o director do estágio deu a todos a ordem de… matar o seu gato.» Apenas uma mulher reagiu mal à dita ordem. Os outros 14 mataram os seus. A mulher não conseguiu e teve de receber tratamento psicológico.

E os sindicatos?
«Penso que os sindicatos foram em parte destruídos pela evolução da organização do trabalho. Não se opuseram à introdução dos novos métodos de avaliação. Mesmo os trabalhadores sindicalizados viram-se presos numa dinâmica em que aceitaram compromissos com a direcção. Em França, a sindicalização diminuiu imenso – as pessoas já não acreditam nos sindicatos porque conhecem as suas práticas desleais.»

Vale a pena reflectir sobre o que este psiquiatra diz:

«Acontece que, quando se faz a avaliação individual do desempenho, está-se a querer avaliar algo, o trabalho, que não é possível avaliar de forma quantitativa, objectiva, através de medições. Portanto, o que está a ser medido na avaliação não é o trabalho. No melhor dos casos, está-se a medir o resultado do trabalho. Mas isso não é a mesma coisa. Não existe uma relação de proporcionalidade entre o trabalho e o resultado do trabalho.
É como se em vez de olhar para o conteúdo dos artigos de um jornalista, apenas se contasse o número de artigos que esse jornalista escreveu. Há quem escreva artigos todos os dias, mas enfim... é para contar que houve um acidente de viação ou outra coisa qualquer. Uma única entrevista, como esta por exemplo, demora muito mais tempo a escrever e, para fazer as coisas seriamente, vai implicar que o jornalista escreva entretanto menos artigos. Hoje em dia, julga-se os cientistas pelo número de artigos que publicam. Mas isso não reflecte o trabalho do cientista, que talvez esteja a fazer um trabalho difícil e não tenha publicado durante vários anos porque não conseguiu obter resultados.
Passados uns tempos, surgem queixas a dizer que a qualidade [da produção ou do serviço] está a degradar-se. Então, para além das avaliações, os gestores começam a controlar a qualidade e declaram como objectivo a “qualidade total”. Não conhecem os ofícios, mas vão definir pontos de controlo da qualidade. É verdadeiramente alucinante.»

A entrevista pode ser lida na íntegra aqui.

08 fevereiro 2010

A internet, o novo papão?

Enquanto em Portugal se fala do que os jovens fazem ou deixam de fazer na net, mais uma vez com a tónica nos fantasmas, nos desconhecidos, há quem ponha o dedo em mazelas muito sérias. Por exemplo, a falta de privacidade de todos ou certo tipo de software que permite vigiar o que faz, o que diz, por onde anda cada cibernauta, seja novo ou velho. Alguns países são campeões na coisa: Irão, China, Cuba, Egipto, Coreia do Norte, Síria, Arábia Saudita, Vietname e outros do antigo bloco de leste, mas também os EUA. Basta pensar que a Google ou a PT (sapo, meo, tmn), ou outras empresas que fornecem net, lêem o correio electrónico que se envia e recebe através dos seus serviços de email. Assim, quer o Gmail quer outras extensões entram no correio e incluem publicidade. Com autorização de quem?
Mas isso que interessa aos investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra e Instituto Pedro Nunes (FCTUC/IPN)? Eles ainda estão na fase do papão (a, b, c), quiçá com a esperança de que a net deixe de ser uma teia e se torne tão-só numa cadeia.

07 fevereiro 2010

Turquia, 2010


Na Turquia de hoje há crimes que se cometem em nome de tradições, de mitos, de medos ancestrais. Que o diga a família de Medine Memi, adolescente de 16 anos que enterraram viva por ter amigos rapazes.
Dada como desaparecida, Medine foi encontrada morta por baixo de um galinheiro no quintal da sua casa [imagem acima]. Morreu sufocada, com os pulmões e o estômago cheios de terra.
Tudo aconteceu em Kahta, na provínvia de Adiyaman. Aos olhos da família, uma rapariga não pode falar com rapazes. Medine esqueceu-se disso e o pai e o avô não estiveram com meias medidas, enterraram-na viva.
Ao que se sabe, a rapariga tentou a ajuda da polícia dias antes, dizendo que pai e avô a tinham espancado. Em vão. Fê-lo por três vezes. E três vezes a polícia a mandou para casa sem fazer nada.
Os chamados "crimes de honra" continuam a causar cerca de 200 mortes por ano na Turquia. Em 2004, pressionado pela União Europeia, o governo turco acabou por alterar o código penal do país retirando o artigo que reconhecia atenuantes nos crimes de honra. Mas metade dos homens condenados por crimes de honra não se arrependem - atitude partilhada pelos outros membros da família.

Fonte: Telegraph

06 fevereiro 2010

José Luis García Martín

Com o título de Festival de poesía, García Martín recorda um episódio das suas andanças de trota-mundos com a poesia às costas. Só agora demos por isso. E ainda sob o efeito dalgumas gargalhadas transcrevemo-lo aqui.

«¿Nunca te han invitado al Festival de Poesía de Bogota? Pues no sabes lo que te pierdes. Pídeselo a Manolo Borras. Allí tiene mucha mano porque a todos los colombianos les ha dado por publicar en Pre-Textos. Cuando yo estuve, un empresario petrolero -o eso decía él- nos ofreció un cóctel en su casa. Allá fuimos en diez taxis. Al entrar, alucinamos: todas las paredes estaban cubiertas con enormes fotos de adolescentes desnudas. Todas, literalmente todas, incluso los baños. Había dos pequeñas excepciones. En el salón principal, las fotos rodeaban unas cartas autógrafas. Eran del presidente de la república, Álvaro Uribe. También había un pequeño grupo de fotografías en las que el presidente abrazaba al dueño de la mansión. Vestía como un gánster de película, no le faltaba ni una aparatosa cadena de oro. Cuando apareció, sin apenas saludarnos, se subió a una tarima y comenzó a declamar sus poemas. Me entraron unas ganas tremendas de reír. También Eduardo Moga y Ledo Yvo, que estaban cerca de mí, parecía que iban a estallar en carcajadas. A mí se me quitaron las ganas en cuanto vi el pistolón de un guardaespaldas. Aplaudimos mucho. Luego nos fue saludando uno a uno. “¿No es injusto que sea Gabo quien represente a Colombia en el mundo y no yo? ¡El mercantilismo de la novela siempre por encima de la pureza de la poesía!”. Yo le insinué mi asombro ante la decoración. Se quitó el puro de la boca, sonrió y dijo: “Yo he tenido más de dos mil mujeres. Esta es solo una pequeña muestra”. Cuando me dejó, me acerqué a un pequeño estante lleno de libros. El dueño, al darse cuenta de mi interés explicó: “En esta casa hay pocos libros, pero los que hay son obras maestras”. Y así era, efectivamente: se trataba de los libros que él había escrito, en ediciones normales y en ediciones de lujo para amigos. Aquel narco-poetastro –no te voy a decir su nombre, que luego todo lo cuentas y no quiero que peligre mi vida- era una mezcla de Berlusconi, Corleone y Justo Jorge Padrón.»

Nichos de mercado




Um museu de Roterdão propõe dormidas dentro de uma obra de arte: o "Quarto de hotel giratório"(Revolving Hotel room), do artista alemão Carsten Höller. O "quarto" pode ser alugado por valores entre os 275 a 450 euros por noite. Cada "cliente" pode entrar às 18h30 e deve libertar o quarto até ao meio-dia seguinte.
Uma noite dentro do museu alicia as pessoas? Alicia. Até ao fim da exposição, as encomendas estão preenchidas. Quem quiser, pode beneficiar de pequeno-almoço, casa de banho de luxo na cave do museu, mini bar e serviço de mordomo.
A instalação faz parte da exposição "Divided divided" de Höller, sendo composta por quatro plataformas circulares em vidro, que giram sobre elas próprias e nas quais se encontram uma cama, uma mesa, duas cadeiras, um mini bar e um cabide. A plataforma da cama, a mais rápida, dá uma volta completa numa hora.
Já em Toronto, no Canadá, um restaurante, o Mildred’s Temple Kitchen, está a oferecer a possibilidade de se usar a casa de banho para sexo no dia de S. Valentim. Parte da adrenalina fica de fora, claro, pois sendo permitido já não há aquela excitação que alguns clientes do restaurante já comprovaram.

Fontes: JN e i

04 fevereiro 2010

L´Homme Qui Marche = 74 milhões de €



O quadro de Picasso "Rapaz com Cachimbo", leiloado em 2004 pela Sotheby's de Nova Iorque, deixou de ser a obra de arte mais cara do mundo. Na noite passada, um anónimo comprou a obra-prima do suíço Alberto Giacometti (1901-1966), "L'Homme Qui Marche", por um preço recorde de 74,1 milhões de euros (104,3 milhões de dólares). Tudo aconteceu entre Londres e algures noutro ponto do globo.
A escultura de bronze data de 1961 e foi uma encomenda para a Chase Manhattan Plaza de Nova Iorque. Giacometti criou várias peças para este projecto de arte pública, mas acabaria por abandoná-lo por ser demasiado demorado.
Há mais de 20 anos que não aparecia no mercado uma peça do escultor de tão grandes dimensões. A obra "L'Homme Qui Marche" tem 1,83 metros e pertencia ao Commerzbank alemão.

China nos dias de hoje


Um taxista chinês, de 42 anos, acorrentou o filho de dois anos a um poste, em frente a um centro comercial, porque tinha medo de o perder enquanto ia trabalhar. É que a filha, de quatro anos, desapareceu no mês passado e ainda não deu sinais de vida. "Nem sequer tenho uma fotografia da minha filha para pôr um anúncio, para a procurar. Não posso perder o meu filho também", disse o homem à imprensa chinesa.
Podia deixá-lo numa creche? Podia, se o estado chinês deixasse, mas não deixa. É que ele e a mulher vivem ambos em Pequim, mas não são naturais de lá. E como tal, aos olhos dos chineses, não têm direito a inscrever os filhos numa creche do estado. O homem ganha 5 euros por dia e a mulher e mãe das crianças é deficiente mental. Assim, para poder trabalhar como taxista e sustentar a família, tem vindo a acorrentar o menino há já vários dias.

Fonte: JN

Guia Ilustrado das Macroalgas


Com a chancela da Imprensa da Universidade de Coimbra, a obra “é o primeiro guia que tenta mostrar toda a flora portuguesa”, reunindo entre 80 a 90 por cento das espécies existentes em Portugal Continental, deixando de fora as “mais pequeninas”, disse o botânico marinho Leonel Pereira, autor do Guia Ilustrado das Macroalgas.
Segundo Leonel Pereira, professor no Instituto Botânico da Universidade de Coimbra, este guia, em formato de bolso, com cerca de 90 páginas, começou por ser uma publicação destinada aos seus alunos, e depois adaptada para “introduzir as pessoas no tema”, sejam académicos, empresários, gastrónomos interessado em conhecer as espécies, ou técnicos de autarquias e instituições, ajudando-as a conhecer melhor esses vegetais marinhos e a promover o seu uso nas suas diversas facetas: a sua biodiversidade, como fertilizante agrícola, na alimentação e nos seus múltiplos usos industriais.
Partindo de uma “organização taxonómica”, o autor apresenta os grupos de algas, as vermelhas, verdes e castanhas, e insere um capítulo apresentado alfabeticamente com a descrição das algas, as suas aplicações e o local onde foram encontradas, com as respectivas fotografias.
Nesta recolha estão incluídas as espécies nativas e não nativas. Uma das que já se encontra nas costas portuguesas é a “predadora” chinesa denominada de “Undaria”, utilizada na gastronomia daquele país, e que é cultivada comercialmente nas costas europeias.
Leonel Pereira, também editor responsável pelo MACOI - portal português da macroalgas (http://macoi.ci.uc.pt) - tem em preparação um guia destinado às macroalgas do arquipélago dos Açores.
As algas macroscópicas que se encontram habitualmente nas costas rochosas portuguesas, durante a baixa-mar, exibem grande diversidade de cores, formas e tamanhos. Podem ter apenas alguns milímetros de comprimento e um aspecto frágil, ou atingir tamanhos gigantes, superiores a 50 metros, e formar verdadeiras florestas aquáticas nalgumas zonas costeiras. Apresentam colorações extremamente variadas, resultantes da combinação dos diferentes pigmentos fotossintéticos presentes nas suas células. Distinguem-se três grandes grupos, essencialmente com base na cor: macroalgas verdes (Filo Chlorophyta), macroalgas castanhas (Filo Heterokontophyta ou Ochrophyta) e as macroalgas vermelhas (Filo Rhodophyta).

Fonte: A União

La Palice e os blogues


A América produz estudos em barda. Não há dia em que a imprensa não traga as brilhantes conclusões a que chegaram certos cientistas norte-americanos. A coisa é de tal ordem que já nem sequer provocam um esgar. A princípio, a gente ria-se. E até comentava. Agora, tende a ficar indiferente. É que os estudos que vêm a público limitam-se a constatar o óbvio.
Este que aqui nos traz é sobre a fraca adesão que os blogues encontram junto dos adolescentes norte-americanos. O que é algo muito assustador. A capacidade de um adolescente expor pontos de vista e ter algo a dizer é, como se sabe, imensa. Os maiores escritores são sempre os adolescentes. Conseguem dizer muito em poucas palavras. Isto para não falarmos de erros ortográficos ou de construções frásicas quase hilariantes. O que não quer dizer que não haja um ou outro capaz de se expressar, de defender ideias e pontos de vista ou de tomar partido sem se limitar a ser básico. Mas para um quantos são absolutamente primários?
A necessidade de pertença a um grupo e a unanimidade de "opiniões" caracteriza-os, juntamente com um conjunto de valores que julgam seus e quase sempre são apenas modas. As redes sociais que dão voz a esse tédio grupal só podem ter sucesso junto deles. Como as têm gente dos carentes afectivos aquelas que se destinam a supostos encontros românticos ou de amizade.
Segundo um gestor de redes sociais na Mayo Clinic, citado pela edição online do "USA Today e traduzido pelo Público, "o Twitter é uma seca" e o Facebook tem mais sucesso entre os mais jovens porque permite que os utilizadores conversem em tempo real, através das salas de chat. As opiniões desse indivíduo, que partilha com o seu filho de 15 anos, mostram como o negócio dos adolescentes é altamente apetecido, quiçá por lucrativo nos EUA, quer para quem o disponibiliza, quer para quem dele se serve.


03 fevereiro 2010

Chopin no espaço

A música do compositor polaco Fryderyk Franciszek Chopin irá para o espaço a bordo do vaivém espacial americano Endeavour, no próximo dia sete de Fevereiro do Cabo Canaveral (Florida, Estados Unidos).
A coisa acontece sob os auspícios da embaixada da Polónia nos Estados Unidos, que entregou um CD com música de Chopin à tripulação do Endeavour, dirigida por um astronauta de origem polaca, George Zamka. O objectivo é pôr em órbita algumas das composições do pianista, a fim de comemorar o bicentenário do nascimento do compositor (1810-1849). Em Março haverá outra cerimónia, desta feita em Varsóvia, com a inauguração de um museu que lhe é dedicado e de uma rota turística pela cidade, com os lugares que lhe serviram de inspiração.


02 fevereiro 2010

Caius Maecenas

Caio Mecenas, etrusco que foi conselheiro e homem da confiança do imperador Octávio Augusto, é sobretudo recordado como patrocinador de escritores: Virgilio, Horácio, Propércio, Vario, entre outros. Diz-se que a Virgilio lhe sugeriu o tema das suas Geórgicas sob os auspícios do próprio imperador, que acabaria por retirar o seu apoio a Mecenas, num desses gestos magnânimos em que os imperadores sempre foram pródigos.
Mecenas foi também o homem que introduziu em Roma as piscinas de água quente. O homem cujo nome ficou para sempre como símbolo de apoio às artes.
Em sua honra, aqui fica este breve apontamento, a que havemos de voltar em breve.

FMI


O Fundo da Mentira Internacional é uma instituição humanitária que visa divertir-nos a todos, dizendo ao governo de cada país o que deve e não deve fazer para que a mentira continue.
Antes da crise internacional, o papel do FMI foi relevante quer na prevenção, quer no impedimento da mesma. A crise, maldosa, é que fintou a mentira e pôs-se a dar estouros que se fizeram ouvir no mundo inteiro.
O FMI ficou aborrecido, mas continua a ter de justificar a sua existência. E como nada pode fazer no país onde tem sede, adora mandar recados aos países que considera mais fracos. A debilidade sempre propaga melhor o ruído.
Ora, considera o FMI que Grécia, Portugal e Espanha têm de reduzir salários. Para quê? Para se tornarem mais competitivos. Nada como obrigar as pessoas a trabalhar de borla, tudo fica muito competitivo, que o digam países como a China e a Índia, onde a mão-de-obra é ao preço da chuva. São altamente competitivos. Em nenhum país se vivem tão bem como naqueles dois. Mesmo os do FMI têm lá casa.
Olivier Blanchard é um verdadeiro cómico. Para ele a riqueza é apenas o comércio. O trabalho já não prece corresponder a nada, exceto se for gatruito. O próprio Olivier Blanchard dá o exemplo: trabalha muito e de borla, contribuindo assim pata o enriquecimento do seu país.

Bebedeiras



Constataram em Coimbra que as raparigas bebem tanto quanto os rapazes. Mas nelas os efeitos são mais acelerados. Dizem que por causa da menor quantidade de água no organismo, do peso corporal e duma menor capacidade do fígado de degradar o álcool.

O perigo é bom e recomenda-se


Pode haver quem deite as mãos à cabeça ao pensar no assunto, mas a verdade é que precisamos de adrenalina. Nós e as crianças. Caso contrário tudo se torna num imenso vazio.
A mania da segurança e da higiene fragilizam-nos. Tornam-nos seres de estufa. As estufas são muito engraçadas enquanto duram. O pior é podermos ser confrontados, a qualquer momento, com situações e acontecimentos que vão pôr à prova a nossa resistência. Pode ser o clima, pode ser uma catástrofe, pode ser um conflito.
Não deixa de ser curioso ver que uma educadora de infância, Julie Spiegler, e o marido, Gever Tulley, informático, tenham escrito Fifty Dangerous Things (You Should Let Your Children Do). Um livro que desafia os pais a deixaram as crianças correrem riscos. Depois de ter sido recusado por 16 editoras receosas de eventuais processos levantados por pais cujas crianças se magoassem no seguimento das propostas do livro, o livro tem-se vendido bem nos EUA.
Pular a cerca é sempre uma aventura. Mesmo que apenas seja a cerca do politicamente correcto.