29 janeiro 2012

A austeridade tem um sentido: empobrecer a classe média

O caminho que se percorre resulta de uma opção. A classe média optou pela visão neoliberal e sofre na pele as consequências. Daqui a um ano serão menos os que acreditam que a mudança foi boa.
Em 2011, o consumo privado já diminui 4,2%, o pior resultado de que há registo. Mas em 2012, será ainda pior: 5,9% de acordo com a Comissão Europeia. Em 1983, da última vez que o FMI esteve em Portugal, a queda tinha sido de "apenas" 0,3%.
A bola de neve não pára aqui, naturalmente. Esta quebra do consumo faz com que muitas lojas, indústrias, fornecedores de serviços e o próprio Estado sintam uma perda abrupta das suas receitas. O resultado é, no sector privado, mais cortes no investimento, mais trabalhadores colocados no desemprego e mais empresas a declararem falência. Tudo fenómenos que tendem a autoalimentar-se e a tornar a tarefa inicial do Estado de cortar o défice mais difícil e, quem sabe, a exigir ainda mais medidas de austeridade.
Felizmente, há quem tenha arregaçado as mangas e se dedique a mostrar como se esbanja dinheiro em Portugal. Bárbara Rosa, Rui Abreu e Rui Oliveira Marques são os responsáveis pelo blog Má despesa pública, onde põem a nu a irresponsabilidade de tanto servidor do Estado que, como se sabe, se alimenta à grande do adormecimento dos cidadãos.

Fonte: Público

Efeitos do neoliberalismo em Portugal

Fala Elísio Estanque, sociólogo e autor de A Classe Média: Ascensão e Declínio: "Todos os dias há algo de novo: o acordo de concertação social, o anúncio de uma nova vaga de excedentários na função pública, o abandono da universidade pelos estudantes, as novas vagas de desemprego, o aumento das taxas moderadoras, a desmontagem do Estado Social – está tudo a acontecer de uma forma extraordinariamente rápida e intensa".
Nesse ensaio, referem-se as particularidades da "célere e pouco sustentada ascensão da classe média" e também à forma como ela "agora se desmorona, de maneira igualmente rápida e abrupta, na sequência do "empurrão" da crise e das medidas de austeridade". A classe média "está em risco de um empobrecimento muito rápido" que pode levar a um "descontentamento mais amplo na sociedade portuguesa" e ao "enfraquecimento do sistema socioeconómico e do sistema democrático".
Segundo o autor "a classe média que Portugal conseguiu edificar" foi criada num "processo muito rápido, pouco consistente, que resultou sobretudo da expansão do Estado social e que, na sequência dos anos 80 do século passado, sujeita a um discurso mais ou menos eufórico orientado para o consumo e para um certo individualismo, criou um conjunto de expectativas relativamente às oportunidades do sistema". No entanto, a crise económica que Portugal enfrenta está a defraudar essas expectativas, considerou Elísio Estanque, explicando que isso levará a uma alteração da sociedade a partir da insatisfação dos jovens. Muitos deles, que fazem parte da classe média mas que têm formação superior, vivem uma "condição de precariedade e insatisfação relativamente às instituições e à classe política", sendo esta faixa da sociedade que "alimenta os movimentos de protesto".
No livro, o investigador fala de uma classe média a que atribui "vivências de carácter bipolar", em que "um quotidiano depressivo se conjuga com técnicas de dissimulação e disfarce". Estanque chega a afirmar que o quadro roça "a patologia social", já que um grupo continua "a negar a todo o custo uma realidade, mesmo quando já mergulhou nela até ao pescoço". Por exemplo a do endividamento brutal. Diz-se na notícia de que transcrevemos excertos, que "As pessoas recusam-se a assumir a perda de status, aguentam muito para além do limite do razoável, procurando manter a aparência de um estilo de vida que já não são capazes de pagar." "As pessoas pedem ajuda sob a condição de total confidencialidade. Escondem a sua situação dos vizinhos e até dos familiares que, temem, se afastariam se dela tivessem conhecimento". "São professores, juristas, arquitectos, engenheiros". Ou seja, são uma parte dos que alimentam reality shows e revistas que pululam os consultórios médicos. "É doentia", considera, a forma "envergonhada, calada e silenciosa" como esta frustração está a ser vivida por aqueles que ao mesmo tempo "encenam uma normalidade que já não existe".

25 janeiro 2012

Em memórica de Zeca Afonso


Em Fevereiro de 1987 morria um dos nomes grandes da música portuguesa. Associamo-nos à iniciativa de o lembrar. Fá-lo-emos colocando algumas das suas músicas aqui.
Começamos com Era Um Redondo Vocábulo (incluído no álbum Venham Mais Cinco, de 1973).

Cortar salários e cortar direitos é fácil, mas

fazer crescer a economia é difícil. Exige muito mais do que meras promessas. Quando se ouve falar de crescimento e emprego, nomeadamente o emprego dos jovens e os destinados à investigação e inovação dá vontade de rir.
Em Portugal a maior parte dos empresários não tem formação para perceber de que se trata, apenas entende os números: 1 para quem trabalha, 99 para ele poder ostentar a sua riqueza. E que faz o governo? Nada. Não é capaz de salientar a importância da formação e do empreendedorismo, aliviando impostos aos que são inovadores e criam emprego e penalizando os oportunistas.
Até o CDS já se interroga se não há margem para uma redução dos impostos no médio prazo, porque a actual carga fiscal "não é sustentável por muito mais tempo".

A propaganda que afunda a economia portuguesa

O primeiro-ministro afirmou ontem que Portugal não vai renegociar o programa de ajuda internacional e que não pedirá "mais tempo, nem mais dinheiro". Matthew Lynn, colunista da Bloomberg News e responsável pela “newsletter” da área financeira dessa agência, afirma que Portugal será o responsável pela queda do euro. "Prevê-se que a economia grega registe uma contracção de 6% este ano e Portugal não fica muito atrás – o Citigroup estima que a economia ‘encolha’ 5,7% em 2012 e mais 3% em 2013”. “Os objectivos de redução do défice não vão ser cumpridos. No início deste mês, o governo reviu em alta a previsão do défice, de 4,5% para 5,9% do PIB este ano. Se a experiência grega for válida, esta meta continuará a ser revista em alta. A economia encolhe, cada vez mais pessoas transitarão para a economia subterrânea para sobreviverem e o défice continuará a crescer”.
Matthew Lynn recorda o estudo da Universidade do Porto, divulgado na semana passada, onde se revela que a economia paralela aumentou 2,5% no ano passado e que representa agora cerca de 25% da actividade económica em Portugal. “E não há qualquer expectativa de que isso vá mudar em breve. As empresas portuguesas simplesmente não conseguem sobreviver a pagar as taxas de imposto que lhes foram impostas”.
Ou seja, o governo e Passos Coelho usam o que podem para sossegar os "mercados". Mas os "mercados" são cada vez mais peremptórios: Portugal vai cair na bancarrota. O que vem mostrar quanto o discurso interno de obsessão do défice é tiro no pé.
E o governo continua a não cortar nas gorduras: 20% do PIB é gasto em "Despesas dos Serviços e Fundos Autónomos, por classificação orgânica", que o mesmo é dizer em institutos, agências, comissões, entidades, direcções, centros, fundações, administrações, serviços e fundos autónomos que, com estas ou outras designações, fazem parte do chamado Serviço Público.
A propaganda afunda a economia e o governo ainda não mexeu (depois de tantas promessas e garantias) nas gorduras.

24 janeiro 2012

O estranho caso das crianças desaparecidas

Eis um caso a seguir com atenção pela APCD: no ano em que as Finanças exigiram o número de contribuinte dos filhos para poderem entrar no IRS dos pais, "desapareceram" 111 mil crianças das declarações.
A polícia não tem mãos a medir. Talvez por estarem a olhar para o céu, a ver se percebem as mudanças nas hierarquias.
Dar-se-á o caso de tal desaparecimento ser um prenúncio do apocalipse? O sol está a enviar em direcção à Terra partículas com carga eléctrica.
Ai tantos sustos que abalam o mundo em geral e o nosso país em particular.

20 janeiro 2012

Transferências

Como no futebol, há na esfera pública jobs muito mal remunerados. Os da cultura são os piorzinhos. Ao nosso vate laranja coube-lhe o CCB. Com CCB quem ganha é você.
Na cultura vale tudo, desde que salvaguardadas duas coisas: 1.ª ser do partido; 2.ª ser nome conhecido do grande público. O resto é épater les bourgeois. O mérito, em Portugal, não passa de artigos de imprensa.

Temos pena

e não fora a crise até subscreveríamos uma assinatura mensal do dislate presidencia-cavaquistal, mas assim, passamos, não dá. O homem recebe mais de dez mil euros brutos mensais, a que acrescem 2900 euros/mês de despesas de representação e queixa-se. Tadinho dele. Foi primeiro-ministro e agora é presidente. Recebeu milhões da UE. O país, como se vê, está há décadas no lodo. E o homem queixa-se. A impotência é terrível, mas o descaramento não lhe fica atrás.

Pelas silvas é que vamos

Devagar, devagarinho, eles começam a pousar. Regressam, contentes, pressentido caminho fértil para o trabalho académico. Ai, a poesia portuguesa, sempre tão atrasada, tão fora do mundo, tão caldo requentado e eles a dar-lhe, a querer atrasá-la sempre mais e mais.

18 janeiro 2012

Confirma-se. O quê? Olha, não sei, ratices, talvez

Isto parece o pim pam pum, cada bola mata um. De um lado, Joseph Stiglitz assegura que a política de austeridade, seguida pela generalidade dos países europeus, apenas vai deteriorar a situação. Não só porque reduz a dimensão do PIB, mas também porque faz com que caiam as receitas fiscais, fazendo com que a opção seja contraprodutiva.
Por outro lado, a Moody’s confirma, prevendo que Portugal, Espanha, Itália e Grécia estejam em recessão em 2012 e que haja um aumento das falências das pequenas e médias empresas nos quatro países.
Stiglitz constata que "os empréstimos não chegam à economia real. As pequenas e médias empresas não estão a obter os fundos de que precisam e as falências estão a alastrar”.

O mundo dos negócios sufoca-nos


Quantas leis não se têm feito para, supostamente, nos defenderem, embora apenas sirvam estratégias de grandes grupos económicos e financeiros?
Nos EUA, pátria da liberdade, há quem queira dinamitar a internet. Não é na China, no Líbano, no Egipto ou noutros países assim. Não, é nos EUA.
A defesa dos "nossos" interesses, como não poderia deixar de ser, é encabeçada por um republicano. Os tais que nunca querem mexer na lei de uso de porte de arma, em nome da liberdade. Mas querem limitá-la onde se sentem mais ameaçados, na internet.
Entre sopas e pipas (o Stop Online Piracy Act -SOPA- e o Protect IP Act -PIPA), navega Lamar Smith, coadjuvado por empresas como a NBC e ABC ou como a Nike e a Ford, que, como se percebe, são grandes defensores dos direitos de autor. Querem que o Departamento de Justiça norte-americano possa pedir uma ordem judicial para encerrar ou bloquear o acesso a sites que considere estarem a disponibilizar ou facilitar o acesso ilegal a músicas, filmes ou outro género de obras protegidas. Admitem também que o procurador-geral norte-americano possa exigir a remoção de sites das pesquisas nos motores de busca.
O primeiro passo é este. Seguir-se-á a manobra de fechar sítios online por veicularem informação contrária aos interesses A ou B. Chama-se a isso censura ou D-I-T-A-D-U-R-A do poder contra a liberdade individual.
Felizmente, a resposta não tardou e vários sítios, como a Wikipedia afirmam: "Há mais de uma década que gastamos milhões de horas a construir a maior enciclopédia da história da humanidade. Agora, o Congresso dos Estados Unidos está a discutir legislação que pode matar uma Internet livre e aberta. Durante 24 horas, como forma de sensibilização, a Wikipedia está em baixo".



A Wired corresponde, censurando as entradas de textos e imagens.



Outros fizeram o mesmo e bloquearam total ou parcialmente o acesso às suas páginas, em protesto contra duas leis em discussão no Congresso norte-americano que poderão afectar o funcionamento de sites registados fora dos Estados Unidos.

Os republicanos são um atentado à liberdade dos cidadãos.

17 janeiro 2012

A tempo de virar a página

A lógica do (por exemplo no) call center

é melhor do que a do pastel de nata?
Há quem encha o peito para dizer como. Enche-o de ar, claro, confortado pelos bolsos bem recheados ou pela carteira de pele ricamente decorada pelos golden cards.
Trata-se de voltarmos a Eça e trocarmos o francês pelo inglês. O dislate conserva-se sempre fresco e vivinho. É um país de peixeiros, perdão, de economistas.

(ver frase aqui)

Ao roubo organizado

chama-se comércio e tem muitas marcas, nenhuma delas doce, embora haja uma que, poeticamente, se auto-denomine pingo doce.
Ao roubo desorganizado chama-se a polícia e envia-se o caso para tribunal, mesmo que as custas processuais e advogados sejam superiores ao furto (assim como assim quem paga tudo isso é o contribuinte e não os pingos, lidls ou afins).
Os ladrões são pouco criativos, roubam uma embalagem de polvo e outra de champô (seria para lavar o polvo?) ou apenas pastas de chocolates (por exemplo meia-dúzia, que até um sem-abrigo tem estas preocupações poéticas com os números redondos).

Visão deturpada ou obstruída?

Diz a revista Visão que «O Presidente português está entre os que recebem abaixo da média». Que média? Que raio de cálculo fazem estes jornalistas? Muito ganha o homem se tivermos em conta o salário médio português. Ganha 10 vezes mais. Muito ganha se tivermos em conta a relevância do que diz.
Segundo este expert do ridículo, Cavaco ganha demais. O melhor é ver o que ele diz: «Numa altura em que se fala tanto de corte de custos, Cavaco sugere, com o seu discurso, que a figura do Presidente pode ser substituída por um gravador. De cinco em cinco anos, os cidadãos votariam na marca de pilhas a colocar no aparelho. E, no primeiro dia de cada ano, a maquineta anunciava dificuldades difíceis, sem cobrar salário nem auferir reforma. E ainda dizem que Cavaco Silva não aponta caminhos e soluções.»

14 janeiro 2012

O mapa da poesia portuguesa cheira a peixe?

Espera-se que não a peixe seco ou podre. Mas quem pode esclarecer a coisa é Maria da Conceição Caleiro, que fala de novas editoras de poesia no Ípsilon. Diz «Nos últimos anos, a emergência de uma série de médias, pequenas e pequeníssimas editoras reconfigurou o mapa da edição de poesia em Portugal.»
Era do que estávamos a precisar, de reconfigurar o mapa de Portugal, mesmo que poeticamente. «& etc, Vendaval, Tea for One, Averno, Mariposa Azual, Língua Morta, Edições Mortas, 50Kg, Oficina do Cego, Mia Soave, 7 Nós, e a lista poderia continuar: é um mapa em expansão, o da edição de poesia em Portugal.»
Maria dá conselhos: «É (...) indispensável profissionalizar alguns aspectos. Se não possuírem ISBN, nenhuma biblioteca se obriga a ter, nenhum historiador sensível que esteja por vir os conhecerá.»
A lista de poetas é, segundo a jornalista, «fastidiosa, incompleta e heterogénea», por isso poupamos os dois ou três clientes cá da casa a tal fardo.
Anotamos, a caneta (com um pedido de desculpas), este parágrafo: «O livro como objecto, como matéria gráfica semipreciosa, reclama um novo perfil de leitor: aquele que não sublinha, que não instrumentaliza o livro, que não lê de lápis na mão. Silvina Rodrigues Lopes não ama menos, mas sublinha e empresta; Manuel de Freitas diz, sorrindo, que chega a ter dois exemplares do mesmo livro. Macular o livro parece ser por vezes uma temeridade. Como aproximar um traço, mínimo que seja de "Gatos e Homens" de Rui Caeiro e dos desenhos nele espalhados por Bárbara Assis Pacheco sob a chancela de Luís Gomes (ed. Livraria Artes e Letras)? Felizmente alguns pensaram nisso... é o caso da Mariposa Azual, que reserva para o fim dos seus livros umas páginas em branco.»
Por último, assinale-se o modo como vê estes novos editores: «A distribuição é "manual". O editor feito mula no seu carro.»

Loucuras

"Não há luz no fim do túnel da crise. E isso está a enlouquecer as pessoas" - diz o escritor grego Petros Markaris.
Os portugueses são de outra fibra, sempre foram loucos e sabem muito bem que a luz pode ser um pau de fósforo, o coto de uma vela, um copo de tinto, meia dúzia de minis (estas modernidades) ou até um incêndio. E agora têm luz low cost, ou luz made in china, embora importada de outros lados, pois depende do petróleo e o petróleo é muito poluidor e etc que não vale a pena chatear os gregos com estas merdas e assim como assim já estão gregos.

Companheiros, toca a exportar lata, muita lata

Quando os chineses vieram cá assinar a papelada, as televisões mostraram o encontro nos exteriores entre os convidados. Pôde-se ver como Eduardo Catroga estava a representar o papel de quem está à vontade. Ou seja, não havia qualquer familiaridade entre ele e os chineses. É preciso ter muita lata para dizer que “Fiquei muito agradado com a lista. Porque a lista tinha lógica. Do ponto de vista dos chineses, além deles estavam a pôr caras que eles já conhecessem. Foi esse o critério”.
A lata é um material muito português, pelo que daqui sugerimos ao Álvaro que se exporte em regime de franchising.

A solução para a economia desse país que é Portugal

Hipótese a) em que ninguém acredita: "mais investimento e melhor organização do lado das empresas."
Hipótese b), que parece difícil: "salários mais baixos do lado dos trabalhadores."
Hipótese c) que muitos desejam: "sair do euro, regressar ao escudo e proceder a uma brutal desvalorização. Os salários caem no mínimo para metade."

Autor da proposta: Daniel Amaral

13 janeiro 2012

Atirar barro à parede

Em comunicado, o Ministério das Finanças garante que “o Governo tomou inúmeras medidas para flexibilizar o mercado de trabalho, reforçar a competitividade da economia portuguesa e aumentar o grau de abertura da economia."
Como fora de fronteiras e fora da esfera governamental europeia não acreditam nem que a economia esteja mais competitiva nem mais aberta (as nomeações para a EDP, ao jeito chinês... ou português não convencem ninguém), lixo é o patamar atribuído.

Fala um ministro do governo português

"Fazemos sacrifícios para vencer e para mudar. Mudar coisas que já deviam ter mudado há muito tempo".
Entre as mudanças contam-se: o continuar a arranjar jobs dourados para os "notáveis" do PSD e do CDS (EDP, Águas de Portugal, outros); exportar o pastel de nata; tratar o ministro da Economia por Álvaro.
Percebe-se que Miguel Macedo fale em sacrifícios. O que o homem sofreu por lhe tirarem o subsídio de alojamento em casa que já tinha. De facto, ele há sacrifícios terríveis.

O grande desempenho do governo português

O governo anda muito ufano a propagandear o grande respeito que o estrangeiro tem pelo nosso país, depois da austeridade implementada. De facto, o respeito é enorme: a Standard & Poor's cortou o rating de Portugal para 'lixo'.
A propaganda é tão doce... não tarda ainda aparece a Nossa Senhora aos dois pastorinhos, Passos & Portas.

12 janeiro 2012

15 anos de recessão na Europa

O que provoca a austeridade? Recessão. Há quem garanta que será de três lustros. Se a Europa continuar sob a dupla batuta Merkozy.

Quanto custa a saúde aos cofres do Estado?

Em números de 2011: mais de oito mil milhões de euros.
Quem ganha com a saúde?
1) as farmacêuticas e as farmácias
2) os laboratórios privados
3) os trabalhadores da Saúde
4) os fornecedores de equipamentos
5) os gestores de hospitais.
Além, dos "comissionistas" clandestinos destas operações.
«São, pois, oito mil milhões de euros que vão para bolsos de farmacêuticas, farmácias, médicos, seguradoras, gestores, hospitais, vendedores de equipamentos. Muita dessa gente está organizada em lóbis, que aproveitam o temor social para uma única coisa: negócio. As suas receitas são os nossos impostos. A saúde é um negócio para muita gente. Inclusive, não se engane, para alguns médicos. » [Pedro Santos Guerreiro]

Pentelhos há muitos, alguns bem caros

A lógica da batata é mais ou menos assim: a mim não me movem critérios materiais. Assim, vou acumular o novo vencimento com a reforma.
Se for preciso vir dizer ao Zé que ele vive acima das suas possibilidade faço-o nas calmas. A mim não me movem critérios materiais e vou acumular o novo vencimento com a reforma.
O que importa é sempre isto: Catrogas há muitos, mas tão medíocres temos este que já andou por aí a falar de pentelhos.

11 janeiro 2012

Baccio Maria Bacci (1888 - 1974) e Golgona Angel


Abro a porta.
Tenho cuidado com os vidros partidos.
Olho constantemente para o mapa
mas já não me lembro para onde queria ir.
Podia ficar aqui,
enquanto a noite respira nas janelas embaciadas.
Os móveis apagam-me os passos
em ângulos cegos
e, nessas sombras do incerto,
deixo que o cansaço me tire a peruca da paciência
assim como a noite nos tira a roupa
antes de dormir.

Isolado num cantinho da boca entreaberta,
o teu sorriso
vai contribuindo para o genocídio dos camarões
que o vinho branco torna sempre menos sangrento.
Poderia, de facto, ficar aqui
enquanto desapareces, por fim, num sono sem importância.

Vou esvaziando os copos
e começo a compilar beijos,
como quem junta, à pressa, moedas caídas pelo chão:
somos todas putas, rapaz,
com ou sem vodka.

Golgona Anghel
in Vim Porque Me Pagavam (Mariposa Azul, 2011), págs. 51-2

As preocupações da Manuela

ou os deslizes.

«A ex-ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, defendeu ontem à noite, no programa “Contra Corrente” da SIC Notícias, que os doentes com mais de 70 anos que precisem de hemodiálise devem pagar os tratamentos.
Respondendo à questão se não acharia “abominável” que se discutisse se alguém que tem 70 anos tem direito à hemodiálise ou não, Ferreira Leite respondeu que “tem sempre direito se pagar. O que não é possível é manter-se um Sistema Nacional de Saúde como o nosso, que é bom, gratuito para toda a gente. Para se manter isso, o Sistema Nacional de Saúde vai-se degradar em termos de qualidade de uma forma estrondosa. Então, nem para ricos, nem para pobres”, acrescentou.» [Notícia i].
Mesmo que tenha, depois, corrigido o que disse, por causa da chamada de atenção feita por António Vitorino, mostra que há gente que olha para as pessoas pelo dinheiro que têm. Manuela Ferreira Leite parece ser uma dessas pessoas.

Um poema colhido na Poesia Incompleta

com uma vénia e um muito obrigado pela pertinência, que enviamos daqui a Xanguito, o livreiro.


O PROFETA

Pouco antes de morrer
disse ele ao povo:
Deus te dê ira,
que paciência tens demais.

Celso Emílio Ferreiro traduzido por Pedro da Silveira
in Mesa de Amigos, Assírio & Alvim

Em terra de cegos...

Pobres de nós, país pequeno e... "pobre". No país dos pobres, a EDP cobre fortunas pela electricidade e, garante-se, não estamos a pagar o que é devido, mas quanto aos salários de topo não há quais quer problemas, paga-se muito e a bastantes.
Já no caso dos que começaram por baixo e passaram de mansinho de cargos públicos para empresas, o caso é ainda mais cómico: os vencimentos e mordomias dos ex-governantes mostra bem que vale a pena ter cartão de militante de um partido. Pena que os portugueses, por um problema notório e antigo de iliteracia não saibam intervir socialmente, reivindicando direitos e propugnando por uma sociedade menos desigual. É pena que o cada um por si redunde sistemática e repetidamente no enriquecimento de uma oligarquia que usa os conhecimentos que adquiriu na governação para serviço de privados e prejuízo da população em geral.
Os governantes são um exemplo claro de que em Portugal as pessoas ganham pouco e mal e que precisam de ganhar mais para viver melhor, mas isso só pode acontecer quando mais de seis milhões de portugueses deixarem de ser papalvos e crentes. Quem ganha 500 euros não pode viver com dignidade. Governantes que tal defendem deveriam auferir apenas 500 euros (sem quaisquer regalias, seja de transporte, de comunicações, de alimentação ou outras), já que consideram que isso é bom.
As empresas têm todo o direito de pagar os salários que muito entendem, mas a legislação deveria criar um período de uma década que impedisse a ex-governantes de saltar de cadeiras, indo do governo para as empresas.
Os governantes são legitimados por maiorias que ao votarem deveriam exigir cumprimento da lei pela parte desses governantes e, no caso em que a lei seja omissa, a revisão da mesma, no sentido de defender os interesses do Estado e não de meia dúzia de empresas.
A troika faz propostas para "melhorar" a economia, mas quem governa o país são cidadãos portugueses escolhidos pelos líderes dos partidos que se coligaram para o efeito. Um governo que se diz tão preocupado com o crescimento da economia não pode deixar que exemplos lamentáveis como os das escolhas para a EDP e a Águas de Portugal aconteçam. Ou então comprova que não se trata de crescimento da economia, mas apenas de empobrecimento da maioria das pessoas.
Como diz Mário Soares, no tempo em que recorreu à ajuda internacional, o FMI «não dava conferências de imprensa nem dizia que mandava no País», porque, e apesar de terem emprestado dinheiro, «não se tinha criado uma situação de dependência».
Que Passos Coelho, Paulo Portas e demais ministros, ou que os deputados do PSD, CDS e PS estejam tão dependentes é sinal de que o nosso país tem uma elite política débil, mal preparada, que não consegue estar à altura dos desafios. O que não espanta, claro, dada a iliteracia de tanto português. Como diz o ditado, basta ter um olho para governar. Mesmo que o país precisasse de gente que usasse os dois olhos.

10 janeiro 2012

Garantias que não valem um pintelho, parafraseando o dr. Catroga

O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, garantiu hoje que não haverá medidas adicionais de austeridade para compensar o desvio previsto no défice do ano em curso. Já as previsões do Banco de Portugal apontam para uma quebra histórica de 6% do consumo privado este ano, depois de, no ano passado, este ter caído 3,6%. Em 2013, perspectiva nova descida, de 1,8%. Durante esse período (2011 a 2013), o consumo de bens duradouros irá cair 40%, enquanto o consumo de bens não duradouros deverá também registar “uma contracção sem precedentes”.
Segundo as projecções do BdP, o consumo privado irá cair 6% este ano, em vez dos 3,6% inicialmente previstos. Isso provocará, também, uma quebra das importações superior (-6,3%, em vez de -2,8%). Já o consumo público deverá cair menos (2,9% em vez de 4,1%) e as exportações vão crescer 4,1%, ligeiramente abaixo do inicialmente previsto (4,8%).
A recessão poderá ser ainda pior se o crescimento mundial desacelerar mais e se forem tomadas medidas adicionais de austeridade, avisa aquela instituição.

Felizes coincidências

Depois da EDP, em que as escolhas recaíram sobre o PSD e o CDS (paradoxalmente), segue-se a administração da Águas de Portugal, cujas escolhas recaíram (extraordinarimente) sobre Manuel Frexes (PSD) e sobre Álvaro Castello-Branco (CDS). Milagres portugueses, senhores.

09 janeiro 2012

Quem é Rui Rio?


Uma década depois a acção de Rui Rio é clara: o Porto perdeu em todos os campeonatos. Desde que ele está à frente da autarquia o Porto tornou-se mais provinciano, perdeu população, perdeu atractividade e tornou-se um imenso vazio que Serralves e a Casa da Música contrariam porque não dependem da Câmara. O resto foi a política do vazio, do lugar comum, da mediocridade, dos espectáculos que se foram porque não havia dinheiro para megalomanias como a Red Bull e afins.
Rui Rio é um político medíocre. Que beneficiou das trapalhadas de um PS que há muito anda à deriva, sem ser capaz de romper o ciclo bolorento e estreito do aparelho (onde, de facto, não parece haver ninguém com perfil para colocar o Porto no lugar que merece: o de uma nobre cidade europeia, com pergaminhos e gente que muito pode fazer pela cidade).
Quando ele diz coisas tão bacocas como estas - "A palavra dada, a predominância do interesse público, a defesa da transparência democrática por contraposição à política perversa que se esconde em organizações secretas, a renúncia à hipocrisia e à meia verdade, a desobediência corajosa ao politicamente correcto e a honestidade intelectual são valores que têm escasseado mas que consideramos indispensáveis" - está a revelar o quão desonesto é, lambe-botas de um populismo que impediu que o Porto capitalizasse as sinergias criadas pela Porto 2001 e por outras obras que lavaram o rosto à cidade.
Felizmente, a cidade do trabalho contém tantas possibilidades latentes que só uma abécula como RR as desperdiçará.
O Porto precisa urgentemente de uma liderança que aproveite aeroporto, metro e espaços já existentes para o catapultar para a dinâmica. As possibilidades ao nível do turismo, da cultura, da indústria e do tecido empresarial são enormes.
Rui Rio? A imagem diz tudo.

Com uma vénia a Ana Sá Lopes

«O tabaco nunca fez bem a ninguém. Como o álcool, a banha, o sal, os rojões e praticamente toda a comida regional portuguesa a boiar em gordura de porco. Para azar de uns quantos, a moral médico-social vigente dirigiu a luta armada e a exultação punitiva para os malefícios do tabaco e não para os danos e prejuízos da gordura de porco.

É uma pena que o sistema médico-social em vigor não tenha sido tomado de assalto por vegetarianos obsessivos, daqueles que invocam que comer carne está na origem de quase todas as doenças arroladas no Simposium. O passo seguinte obrigatório seria o encerramento compulsivo dos talhos, ou a sua obrigatória reconversão em lojas de soja e tofu. A gordura animal seria banida à força e provavelmente o país abandonaria a linha da frente nos rankings de acidentes cardiovasculares.

Por alguma razão ninguém toca no porco. Não se proibem as famílias de dar quantidades inimagináveis de gordura às crianças e aos adolescentes. O porco é de venda livre, mesmo a menores de 18 anos, e faz parte das ementas infantis dos restaurantes e das cantinas públicas. As criancinhas de seis anos podem adquirir banha no supermercado! Incrível, não é?

Em contraste com a extraordinária protecção com que o porco é tratado pelos legisladores, o tabaco vai ser novamente alvo do ataque do governo, concertado com os porta-estandartes do conceito actual de “saúde”, que é uma coisa, de resto, excessivamente variável e que tende a mudar os seus fundamentos a cada 15 anos – é divertido comparar as normas pediátricas em vigor de ano para ano para ter uma ideia.

A mais recente proposta anti-tabaco passa agora por banir completamente o direito a fumar nos lugares públicos para, imagine-se, tornar a nossa legislação parecida com a que vigora no estado de Nova Iorque. A ideia de que isto é um assalto à restauração (para não falar de uma violação do direito de um fumador a jantar fora) não passou, pelos vistos, pela confraria anti-tabagista.»

Fonte: i

Vinte corajosos no Puôrto, carago




Mais uma vez no Porto houve cueca à mostra no metro. Há quem não goste e quem se ria. Há quem faça de conta que fica indiferente. E há os que ousam andar de cuecas à mostra.
Aqui ficam imagens:

No Pants Subway Ride @ Porto 2012 from Teresa Pacheco Miranda on Vimeo.

Ver também aqui ou aqui, ou aqui.

08 janeiro 2012

Tudo em Portugal é um bom negócio


mesmo quando se diz que o país é muito pequeno. Veja-se o caso da televisão. Segundo o Público é um negócio que já rendeu 372 milhões de euros, que vai custar muito mais de 131 milhões de euros aos portugueses (a estimativa é de 101 euros por aparelho que se tenha em casa) e que pode render muito à Meo e à Zon, pois as pessoas já não conseguem passar sem o aparelho. E há zonas do país que vão mesmo ficar sem cobertura, talvez porque para empresas como a PT há portugueses de segunda e esses não devem ter direito a nada.
Como sempre, a informação fica no segredo dos deuses, pois a ignorância gasta sempre mais e dá, portanto,mais lucro.
Portugal mais uma vez revela-se um país atrasado, adormecido, em que as pessoas não lutam pelos seus direitos.

Haja quem dê nome aos bois

«Os portugueses parecem condenados à sina do quanto melhor, pior. Quando lhes falaram do reforço da concorrência em áreas sensíveis como a energia, prometeram-lhes melhores preços e melhor serviço - uma miragem por cumprir; quando lhes anunciaram o radioso futuro da televisão digital terrestre (TDT), garantiram-lhes uma maravilha tecnológica condenada a mudar para melhor a sua relação com um dos seus aparelhos favoritos - uma falsidade. O mundo muda, a concorrência aumenta, a tecnologia facilita, mas sempre que se liberalizam mercados ou se lançam concursos, suspeita-se logo de quem ganha e de quem se arrisca a perder: os cidadãos.

(...)

uma vez que já não é possível evitar o pagamento do descodificador, gasto a que, por exemplo, uma ampla franja dos espanhóis se pouparam, que haja a compensação com uma maior oferta de canais na TDT. Já não se pedem os 43 canais do Reino Unido ou os 27 da Espanha, mas ao menos um pouco mais de possibilidade de escolha.

Já se sabe que estes pedidos acabarão por esbarrar nos labirintos burocráticos, nas limitações técnicas, na natureza do mercado ou nos direitos adquiridos. O costume. Mas, por uma vez, seria bom que os cidadãos exigissem mais. Se Portugal partilha com o resto da União Europeia o mesmo processo de migração tecnológica, não há desculpas para que os benefícios que chegam aos italianos não cheguem também aos portugueses. Se nada for feito, se os nacionais da fronteira do Minho tiverem de pagar um satélite para ter o serviço com menor oferta do que recebem de Madrid, se os mais pobres, frágeis e excluídos do interior do país forem vítimas de um apagão, se tudo continuar montado para beneficiar os canais do cabo, teremos assistido apenas a mais um esbulho de direitos patrocinado pelo Estado. E aí, a suposta modernidade do digital servirá apenas para confirmar o anacronismo dos poderes públicos, o domínio dos interesses privados e o conformismo de uma cidadania condenada a pagar facturas.»

Editorial do Público de hoje.

Uma prova de equilíbrio das contas feitas por este governo

«Até Setembro do ano passado, estava previsto que o Estado teria de pagar 860 milhões de euros pela sua participação nestes negócios. Mas (...) o fardo acabou por ser de 1.335 milhões de euros. Só nas parcerias relativas a auto-estradas, os custos a liquidar pelos contribuintes aumentaram 65% porque, dentro da lógica da original partilha de riscos, foi necessário reforçar as rendas a pagar aos concessionários por revisões efectuadas nos contratos.

O Governo estima agora que, pelo final do ano, os custos com as PPP [parcerias público-privadas] totalizem mais de 1.500 milhões de euros, valor que supera as receitas adicionais obtidas com o imposto extraordinário cobrado sobre os subsídios de Natal do ano passado. Na gíria, estes ajustamentos são apelidados de "reequilíbrio financeiro". É uma expressão susceptível de provocar espanto. Para operações em que o resultado é o Estado ter de pagar mais para que os privados recebam mais, razoável seria chamar-lhes iniciativas de "desequilíbrio financeiro".»

João Cândido da Silva

Da bonomia do PSD

O rigor em Portugal é indissociável do PSD e do modo como trabalha. Depois de cerca de 700 jobs e de uns quantos pequenos negócios, a que estão a juntar os grandes; depois de uma agenda política liberal que vai contribuir para agravar o atraso do país, há quem seja capaz de dizer, por entre um imenso sorriso, que "2011 foi o início de uma caminhada em nome do rigor das contas públicas, 2012 será o ano em que os portugueses unir-se-ão em volta de uma causa comum que é vencer a crise económica e social, para garantir um crescimento sustentável".
Com a mesma bonomia, Marco António Costa garante que o PSD e o seu parceiro de coligação [CDS] têm "conseguido construir uma solução de esperança para o país que ainda há seis meses estava sem rumo".
A esperança é linda, é quase um pôr do sol: falência das famílias, emigração, aumento brutal da criminalidade, empobrecimento geral do país.
Viva o PSD e quem sorri assim.

Jobs for the elders

Paulo Teixeira Pinto e Celeste Cardona acompanham Eduardo Catroga no conselho geral da EDP. Por mérito próprio, claro. Teixeira Pinto e Celeste Cardona são duas sumidades energéticas. Ele do PSD, ela do CDS.
Mas o que é preciso, note-se, é que não vivamos acima das nossas possibilidades.

Medina quer fazer Carreira

O paladino do governo anda há anos à procura de alguma coisa. O quê? Gosta da China. Gosta de Passos Coelho. Reconhece que se destruiu o aparelho produtivo (não diz que foi Cavaco Silva, mas isso, percebe-se, ele anda à procura de alguma coisa). Repete o que se diz por aí, por exemplo, "vender os anéis". E acaba por revelar o que é a coisa: um governo presidencial, "acima da política" (não se riam, p.f.) e que (propomos nós) dê uma assessoria ao Medina, pois ele precisa de algo para se entreter.
Vejam aqui como ainda nos podemos rir sem ir ao circo:

O discurso consoante a classe social

A empresa pode ir para onde quiser.
O dono dela pode dizer o que quiser.
Quando se dizem certas coisas, espera-se, no mínimo, que a acção seja consequente.
Houve sugestões de boicote.
A empresa apressou-se a distribuir panfletos a desmentir as notícias.
O dono foi mesmo mais longe e diz "Não sei se Portugal fica no euro". Assim como quem prepara terreno para semear.
As sementes dão fruto? Claro que dão. Em Portugal tudo é mau, quando se trata das elites. Já quando é para o pagode, a mensagem é "vivem acima das vossas possibilidades". Pudera, com gente assim que paga mal e porcamente, ter um mínimo de dignidade é, de facto, viver acima das possibilidades.

De mentira em mentira o governo mostra a sua raça

Passos Coelho ainda há dias garantia que não. Mas... «Documento do Ministério das Finanças distribuído no Conselho de Ministros do final do ano, a que o DN teve acesso, admite que são necessárias medidas adicionais de austeridade para atingir o novo objetivo e compensar um desvio de 0,3% do PIB - cerca de 500 milhões de euros. E só não são mais porque a troika aceita o pagamento das dívidas sem exigências orçamentais.»
Ou seja, ainda agora o ano começou e já as contradições andam no ar. O que espanta é a oposição não chamar a atenção para estas faltas de acerto.

Da maçonaria em Portugal

Dizia-se ainda há tempos que a maçonaria estava ligada ao PS. Afinal não está. PSD e CDS também lá estão.
Diz-se que a igreja e a maçonaria estão de costas voltadas. Não tardará muito a perceber-se que não deve ser bem assim.
O que é maçonaria? Por mais pesquisas que se façam na net a ideia com que se fica é que é um clube privado onde há mais de 4 mil pessoas e que se divide em vários ramos e obediências. Nela estão figuras públicas e certamente muitas que não o são.
Que há nela gente que esteve na origem do 25 de Abril de 1974, como já havia estado ligada à implantação da República, à criação de escolas, lares, bairros operários, bibliotecas, associações culturais.
Agora há membros da maçonaria que surgem ligada a grandes grupos económicos.
Fica-se com a ideia de que continua a exercer fascínio sobre as pessoas e que tem como divisa a liberdade, a igualdade e a fraternidade, embora a maior parte siga o rito escocês.
E certamente continua a despertar muitos ódios e ressentimentos.

06 janeiro 2012

A maçonaria e a imprensa

Sucedem-se a ritmo vertiginoso as notícias sobre lojas e facções, sobre dissidências e indivíduos.
Diz o Sol, «Grande parte dos maçons que integravam a loja Mozart 49, e que têm sido referidos na imprensa, saíram nos últimos tempos para outras lojas da mesma obediência, a Grande Loja Legal de Portugal. Muitas das saídas devem-se à discordância com a forma de funcionamento da Mozart e aos casos de repercussão pública em que esta surgiu envolvida».
Já no Público dá-se voz a Vasco Lourenço que «veio ontem denunciar quem, a coberto da "fraternidade" e das lojas maçónicas, "assume comportamentos de gangs". O general quis expor as divergências de fundo que diz existirem entre a generalidade dos maçons e as alegadas práticas ilícitas associadas a alguns membros da loja Mozart49».
No DN revelam-se mais maçons.
No Sol fala-se ainda da Opus Dei, dando espaço a Jardim Gonçalves.
Uma festa, portanto. Que nos leva a colocar uma questão: os irmãos são todos amigos ou há entre eles uma relação de mera cortesia?

Ladrões fazem aumentar preço de quadro


Colm Tóibín no livro de contos recentemente traduzido entre nós (Mães e Filhos) fala de um quadro de Rembrandt, Retrato de uma velha, que fora roubado e estava enterrado para ser vendido a uns holandeses. Mas por vicissitudes que agora não interessam, talvez venha a ser queimado. O quadro, avaliado em cinco milhões de libras, não será vendido nem regressará ao local donde foi retirado.
O quadro de hoje tem uma história diferente: “Olympia”, de René Magritte, avaliado entre 3 e 4 milhões de euros, fora roubado do museu de Jette há dois anos e foi devolvido pelos ladrões, provavelmente por não o terem conseguido vender.
O especialista de arte Janpiet Callens foi contactado há duas semanas, de forma anónima, com o objectivo de lhe ser dada a obra, para posterior devolução. Segundo o curador do museu René Magritte, os ladrões facilmente se aperceberam de que não seria possível vendê-lo porque era demasiado conhecido e preferiram livrar-se dele. "Felizmente, não o destruíram". Curiosamente, o preço de 2009 aumentou e muito, de 700 mil euros já vale 3 a 4 milhões.
Para quem dominar a língua, pode ler e ver a notícia belga aqui.

05 janeiro 2012

O bê-a-bà do negócio informativo

Transcrevem-se a seguir excertos de um texto publicado no Público, que mostram bem como há notícias que servem para distrair, criar poeira, confundir, enquanto se continua o labor em prol da manutenção do poder:

«O consultor político do Presidente da República Fernando Lima considera que "uma informação não domesticada constitui uma ameaça com a qual nem sempre se sabe lidar" e reconhece que a mediatização afecta o trabalho dos governantes.

"para governar com sucesso, um Governo tem de marcar a agenda e não deixar que sejam os media a fazê-lo". De outro modo, é arrastado pela corrente", escreve Lima. Desta forma, acrescenta, a criação da agenda diária de um político é uma tarefa que requer "cuidado e imaginação" e deve ter em conta a melhor maneira de captar a atenção dos media, pela forma ou pelo conteúdo.

"Enfim, ao poder, a qualquer poder, interessa acima de tudo a igualização da informação no contexto dos padrões que ele estabelece. Uma informação não domesticada constitui uma ameaça com a qual nem sempre se sabe lidar", refere ainda o consultor do chefe de Estado, lembrando o "antídoto" encontrado pela equipa de Reagan para "combater os desvios dos media" e manter a agenda política controlada, fazendo o que chamavam de "manipulação pela inundação".

Fernando Lima aponta ainda "o poder" como a principal fonte de notícias, distinguindo entre as notícias que assentam em factos normais, ou seja, discursos, visitas, entre outras iniciativas, e as notícias que resultam de "fugas de informação para produzir um efeito de acordo com o objectivo que se pretende alcançar".

"Já dizia o velho estrategista chinês Sun Tzu: "Geralmente, aquele que ocupa primeiro o campo de batalha e espera pelo inimigo está à vontade; o que entra mais tarde para a cena e tem que romper através do fogo é desgastado"", conclui Fernando Lima.»

Fala Domingos Ferreira

«Não é despicienda ainda a questão da fraca procura doméstica portuguesa resultante quer das sucessivas vagas punitivas de medidas de austeridade, quer da pequena dimensão do mercado interno. Neste sentido, o facto de cerca de 65% da procura nacional resultar de compras do Governo torna fácil compreeender o impacto da forte contenção orçamental na economia nacional. Se a tudo isto somarmos o fortíssimo aumento da carga fiscal, bem como os pesados cortes nos salários do sector público, o resultado é inevitavelmente uma espiral negativa recessiva.

Ironicamente, a estabilidade financeira tão desejada pelo Governo português revelar-se-á uma ilusão à medida que o país caminha inexoravelmente para uma espiral deflacionária, onde as empresas morrem ou encolhem, com as consequentes e constantes quedas na receita fiscal, agravando ainda mais o défice (mais ainda do que aquele existente antes da implementação das medidas de austeridade). Desta maneira, haverá muito poucas empresas a quem taxar. Pode-se assim concluir que a tentativa do Governo português de controlar o défice e a dívida com cortes nos salários dos funcionários públicos e na despesa e com o fortíssimo aumento de todos os impostos, tudo em simultâneo, no fim, revelar-se-á completamente ineficiente e resultará no downgrade quer dos bancos, quer da dívida pública e, subsequentemente, no aumento incomportável dos juros.»

Fonte: Público

A crise não é para todos


Ele, Passos Coelho, até compreende que as pessoas passem fome, mas mesmo assim fez 42 nomeações, entre as quais 11 motoristas e um elemento de apoio técnico, 11 assessores e 11 pessoas para o secretariado. O secretario de estado adjunto do primeiro-ministro nomeou por sua vez seis pessoas para o seu gabinete.
Coitado dele sem 11 motoristas. A crise, como se sabe, não é para quem pode, é para quem amocha e tem fé.
A isso acrescem mais 570 jobs for the boys.

E no grande negócio da EDP

Os pintelhos dão lugar à cadeira de "chairman" para Eduardo Catroga e António Mexia vai substituir António Mexia na presidência executiva da EDP.
Os milhões são óptimos lubrificantes da tolerância. Daqui a dois ou três anos se vai ver o que dizem Catroga e Mexia, quando forem corridos.

Enquanto se discute maçonaria há quem diga que

«Num conjunto de seis países, Portugal foi o que infligiu uma maior queda de rendimento nas classes mais pobres com as medidas de austeridade que adoptou. Os resultados são de um trabalho da Comissão Europeia em que se comparam os efeitos distributivos das medidas de austeridade adoptadas pela Estónia, Irlanda, Grécia, Espanha, Portugal e Reino Unido. A conclusão sobre Portugal é brutal: "Portugal é o único país com uma distribuição claramente regressiva" nos efeitos das medidas adoptadas entre meados de 2008 e meados de 2011.

(...)

A Irlanda como o Reino Unido fazem os ricos pagar a crise.

(...)

Na Grécia quem mais tinha mais pagou. Foi o país onde as medidas tiveram uma carácter de maior progressividade e é, por isso, a imagem simétrica à de Portugal. Mas isso não evitou a revolta social. Será que os pobres se manifestam menos? A correlação pode ser abusiva, mas o confronto entre o que se passa na Grécia e em Portugal convida a essa conclusão aparentemente disparatada: as classes com rendimentos mais elevados tendem a revoltar-se mais.»

Helena Garrido

O óbvio tem tendência a passar despercebido

Se a maçonaria é secreta, como vêm a público tantas notícias, imagens, emails e mais? Alguma coisa está mal contada. E certamente há imenso ressentimento à mistura. De resto, a maçonaria tem muito de mito urbano, porque há muita história que envolve maçons. E isso, goste-se ou não, atrai a curiosidade das pessoas. Mas quanta dessa curiosidade não é doentia e fabulosa? Quanto disso não é voyeurismo?
Se têm dificuldades em organizar um jantar, como parece depreender-se de um email que circula por aí, como podem influenciar isto ou aquilo? Não se dará antes o caso de os homens dessa loja se conhecerem antes e uns terem levado outros para a instituição?


04 janeiro 2012

Porque é que o mundo é redondo?

Responde Vasco Graça Moura: por causa do governo de Sócrates.
E porque é que se cortam salários a torto e a direito? Porque Passos Coelho é muito corajoso.
Vasco Graça Moura a fazer comentário político é quase tão engraçado como um bêbado a explicar porque é que Portugal é um país de merda. A diferença está apenas no nível. Vasco Graça Moura supostamente devia ser menos grunho.

Portugal é uma golden share

Há cidadãos e cidadãos. Uns pedem ao Ministério Público que abra inquéritos. Outros calam-se mesmo que lhes tirem o pão da boca.
Portugal é um país óptimo para viver. Se é mafioso, pertence a alguma tríade ou está farto da lei, venha viver para o nosso país. Aqui quem arrebita cabelo deve sofrer uma penalização. Que o diga o bobo da revolução...

Os empresários do PSI 20 de Portugal

«A família Espírito Santo tem sede no Luxemburgo. Belmiro lançou a OPA à PT a partir do Holanda. O investimento estrangeiro é feito de fora. Isabel dos Santos investe na Zon a partir de Malta. Queiroz Pereira tem os activos estrangeiros separados de Portugal. António Mota desabafa há dias que pode ter de criar uma sede fora de Portugal só para que a banca lhe empreste dinheiro. E a família Soares dos Santos tem um plano que não nos contou mas que ainda nos vai surpreender - feito com bancos estrangeiros e a partir da Holanda, que é uma plataforma fiscal mais favorável à internacionalização para fora do espaço europeu, uma vez que não há dupla tributação da Holanda para e do resto do mundo.»
Pedro Santos Guerreiro

Depois de nós a Espanha? Ou a Itália?

«O risco da dívida de Espanha está hoje a disparar, devido à notícia que indica que o Governo estará a ponderar um pedido de ajuda externa para recapitalizar a banca do país. As nações afectadas pela crise da dívida não escapam também a esse agravamento.
Uma subida dos “credit-default swaps” – instrumentos que se assemelham a um seguro contra o incumprimento da dívida – sinaliza uma deterioração da percepção que os investidores têm relativamente à dívida que protegem.» (aqui)
Ai se a Espanha cai...

A Grécia treme. Seremos os próximos?

A Grécia pode entrar em falência desordeira em Março, mas continua a cumprir os objectivos da troika. A cegueira parece recorrente. De ajustamento em ajustamento os gregos empobrecem, o país afunda-se, o governo quer agradar à troika.
«O início do ano começou com um porta-voz do Governo a advertir, ontem, para a inevitabilidade de a Grécia sair da zona euro se não conseguir dos credores internacionais luz verde para receber o envelope financeiro que lhe permite assegurar os seus compromissos. A ideia contraria o discurso mais optimista revelado em Novembro pelo primeiro-ministro, quando Papademos foi anunciado o novo chefe do Governo, e nessa altura afastou qualquer cenário de saída da Grécia da moeda única.
Mas, desta vez, deixou um outro alerta mais amargo, feito por carta às centrais sindicais e patronais gregas: não exclui um cenário de entrada em bancarrota, se o país não conseguir dos credores internacionais um acordo durante as negociações com as missões da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional.» (ver aqui)
E nós, que também temos sido muito cumpridores do programa da troika?

03 janeiro 2012

Tudo parece fácil, mas há sempre muitos ses

Fala Paulo Rangel, do PSD:

«Todos os plausíveis senhorios, sem excepção, estabeleciam uma condição para o negócio: não passar o recibo da renda.»

«Habituado por escrúpulo familiar (porque há senhorios na família), a que se passa sempre recibo, nunca suspeitei que a situação de fraude - e de fraude escancarada - atingisse as proporções que descobri em Lisboa. Apercebi-me, entretanto, por estar agora mais atento e desperto, que é situação comum no Porto e que floresce tranquila e impunemente por esse país fora.»

«A pretexto da nova legislação, já se ouviu dizer tudo e o seu contrário. Há, no entanto, dois pontos que, antes mesmo de um estudo mais aturado, suscitam séria preocupação.
O primeiro é a ausência de qualquer medida para repor no sistema - e, designadamente, no sistema fiscal - essa enorme multidão de arrendamentos clandestinos. Num momento de austeridade, em que todos são chamados a pagar com grande esforço os seus impostos, como pode lançar-se uma reforma do arrendamento, fazendo de conta que não há milhares e milhares de contratos clandestinos, através dos quais se foge gritantemente ao fisco?

O segundo é a metodologia de negociação directa entre o senhorio e o inquilino para fixação das novas rendas. (...) Temo, no entanto, talvez por conhecer bem - demasiado bem - algumas das animosidades de décadas entre inquilinos e senhorios, que se abra uma multiplicidade de frentes de conflitos e guerras vicinais, com impactos sociológicos difíceis de antecipar.»

02 janeiro 2012

Diferenças

A Grécia terá de pagar 14 mil milhões a 20 de Março. E não se sabe se tem dinheiro. Já se fala num perdão de 75% da dívida. (Recorde-se que neste país a receita imposta pela troika foi a mesma que se usou em Portugal.)
Os países da Zona Euro têm que financiar-se em 650 mil milhões de euros até finais de Abril.
O Brasil teve em 2011 um excedente comercial de 29,79 mil milhões de dólares (23 mil milhões de euros), superior em 47,8% ao de 2010.

O obscuro pecado de ser bêbado


Nixon, republicano, homem de valores republicanos (entendidos à maneira EUA), viril, combativo, instigador de campanhas sujas (Watergate ainda hoje é um mito jornalístico) era:

a) alcoólico;
b) gay (alegre, colorido, claro);
c) violento para com a mulher.

É o problema de se chamar Richard.

Quero vender um livro. Que devo fazer?

1.º Ser americano ajuda muito.
2.º Escrever sobre alguém já conhecido.
3.º Pode ser uma biografia.
4.º Ou falar de Deus e afins.
5.º Ter o costume de aparecer na televisão, mesmo que seja o "cromo".
6.º Falar de vestuário, usar bué de termos bué e saber sorrir.
7.º Ser tudo menos leitor e, já agora, também escritor. Pivot, manequim, figura de circo, deputado, jornalista, algo assim.
8.º Repetir tudo o que já foi dito e fazê-lo com a maior ligeireza.
9.º Ser namorado (a) de alguém cuja fotografia aprece regularmente nas revistas.
10.º Vendê-lo como oferta de embalagens de papel higiénico.

E depois do lucro, os discursos vazios


Cavaco Silva tem o dom de falar e dizer nada. Sempre que fala é fogo de vista. Estava contra a falta de equididade e aprovou o orçamento. Agora volta à carga com as suas preocupações. Quem tem prisão de ventre também costuma andar preocupado, mas sabe que há maneiras de dar a volta à obstipação. Cavaco Silva, esse, é há muito um gag dele mesmo. Diz coisas tão profundas e sábias como «No ano que agora começa, as dificuldades não irão ser menores. Esta é uma realidade que não pode ser iludida». Ai as ilusões... até permitem que se repitam os mais estafados lugares comuns: 2012 «Será igualmente um ano em que a fibra do nosso povo virá ao de cima». Se calhar somos feitos de plástico e não sabíamos. Obrigado, senhor presidente. Obrigado, Cavaco.

Ao lucro interessa o lucro, apenas isso


Mal a informação foi tornada pública logo o coro de carpideiras começou a zurzir a Jerónimo Martins SGPS, como se a função da empresa fosse Portugal (como diz o slogan: "sabe bem pagar tão pouco" e em Portugal paga-se tanto). Quando o senhor Alexandre Soares dos Santos andou por aí a vilipendiar um primeiro-ministro fê-lo não por questões patrióticas mas de puro negócio. O mesmo fazem os presidentes de outras companhias e empresas. O pior é que ainda há muita gente que acredita no Pai Natal e quando percebe que o barbudo é fruto da criatividade da Coca-Cola fica muito triste e desata a cuspir para onde pode. Que se há-de fazer?
Deixar de frequentar o Pingo Doce? Ou apenas exigir que em Portugal, como noutros países, a lei seja de molde a impedir tais situações?
Os consumidores podem ripostar abstendo-se de comprar naquelas lojas, mas isso será no mínimo irrelevante.
Os cidadãos podem reclamar junto do parlamento e dos meios de comunicação para que a lei impeça tais negócios. Mas será que vale a pena? Não estão governo e deputados juntos na tarefa de alimentar a cadeia que permite aos negócios de grande porte engrandecer?