Há cerca de 1,6 milhões de anos apareceram os mamutes. Viveram em África, na Europa, na Ásia e na América do Norte, acabando por demandar a norte regiões mais frias. Desaparecerem há dez mil anos.
Os mamutes-lanudos (Mammuthus primigenius) gostavam imenso do frio. Não admira portanto que alguns deles, quando morreram, tenham ficado presos e muito bem conservados no solo gelado da Sibéria. Mesmo o pêlo que os cobria sobreviveu até aos dias de hoje, durante milhares de anos, no permafrost.
Webb Miller e Stephan Schuster, da Universidade Estadual da Pensilvânia, conseguiram agora reconstituir a gigantesca molécula de ADN contida no núcleo das células de mamute – e começar a desvendar os segredos mais íntimos da evolução e da biologia destes mamíferos pré-históricos. É o primeiro genoma de um animal de uma espécie extinta.
Utilizaram como material de base, para extrair o ADN, o pêlo de uma múmia de mamute com 20 mil anos e de outra com 60 mil, ambas da Sibéria. O ADN capilar apresenta duas vantagens em relação ao ADN dos ossos, que é o habitualmente disponível nos restos fósseis: resiste melhor às intempéries, “porque o invólucro do pêlo o protege como uma embalagem de plástico biológico” e resiste melhor à contaminação pelo ADN de bactérias ou fungos, algo que pode fazer com que o ADN sequenciado nem sempre pertença ao animal e torna ainda mais árdua a autenticação dos genes.
Os cientistas conseguiram obter algumas pistas acerca da história deste antigo elefante e dos seus parentes actuais: divergiram há cerca de seis milhões de anos e deram origem a dois grupos há dois milhões de anos, que formaram duas subpopulações na Sibéria. Apenas uma delas sobreviveu até há dez mil anos (a outra ter-se-á extinto há 45 mil). As diferenças genéticas entre os mamutes e os elefantes modernos são mais pequenas do que se pensava. Ao contrário dos humanos e dos chimpanzés, que se separaram mais ou menos na mesma altura e que rapidamente deram origem a espécies diferentes, os mamutes e os elefantes evoluíram de forma mais gradual.
O trabalho agora publicado mostra que é mesmo possível sequenciar o ADN de espécies extintas. A próxima etapa nesta saga será a da sequenciação da totalidade do genoma do homem de Neandertal, extinto há uns 30 mil anos, que Svante Pääbo, do Instituto Max-Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, na Alemanha, espera completar num futuro não muito longínquo (em Agosto, a equipa de Pääbo publicou a sequência do ADN mitocondrial daquele homem primitivo). Aí saber-se-á, finalmente, o que nos separa e nos aproxima desse homem pré-histórico.
Fonte: Público
1 comentário:
não me surpreenderia se no final dessa investigação concluirem que nada nos separa do homem de neandertal e que este nunca deixou de existir. apenas trocou o pêlo por fatiotas à medida da carteira de cada um
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