07 novembro 2008

Avaliação de professores


O assunto avaliação dos professores surgiu quando Sócrates começou a inverter as promessas eleitoriais que lhe deram a maioria. Dava-lhe jeito, em nome do combate ao défice, reduzir despesa. Os salários são uma despesa medonha. Mas em vez de pôr todos os professores a trabalhar de borla (que era o que ele de facto queria), criou condições para que fossem veiculadas opiniões saídas da sua central de propaganda com o fim de passar para a opinião pública a ideia de que os professores são uns malandros, trabalham pouco e ganham muito. Tanto ganham que ele próprio rapidamente trocou o ensino por outras actividades mais rentáveis.

Depois, para ter legitimidade, preparou o terreno para aquilo que se dizia nunca ter sido feito: avaliar professores.

Reconheceu que os professores são um corpo especial dentro do funcionalismo público? Não. Nem era isso que interessava. O importante era cortar nos salários. E cortou-se. Pouparam-se tostões (as recentes ajudas à banca confirmam quais os interesses reais do PS) e criou-se um clima de tensão que pôs os professores de cabelos em pé. As reformas sucedem-se e só não há mais fugas porque o país não tem suficiente capacidade de emprego para absorver tal tipo de mão-de-obra.

Mas uma vez que se começou o processo, não se pode voltar atrás, sob risco de ser considerado fraco. E as luminárias que estão com a pasta da Educação cumprem o papel na perfeição: medíocres q.b. para serem cegos, surdos e mudos. É a política do quero, posso e mando. Os resultados são brilhantes: olhem para os números, olhem para os números dizem Ministra e secretários de Estado. Os números não mentem. Pois não. Quem mente é quem os fabrica.

Nestes anos alguma vez se ouviu falar de uma política (corpo de ideias) da Educação? Nunca.

Alguma vez se debateu o que é o país pretende com a escola pública? Não.

Quem ouça falar Sócrates até parece que ele tem uma ideia que seja. Eu dou voltas à cabeça para ver se percebo qual e não chego lá.

Talvez seja a da excelência e o mérito. Porque já se sabe que quem compra títulos tem pavor que os outros se apercebam da marosca e a melhor arma é o ataque.

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