tem os pés mais cansados
do mundo, dissera-lhe o homem
enquanto seguiam os três com
as hortênsias. a criança sentada
sobre o dorso olhava o burro e
a vida que se abria em cada curva
como uma fotografia a sépia
de que nunca se regressa. muito
mais tarde, na mesma estrada,
viu o homem sozinho, sem o burro
nem as flores, e reconheceu em si
o imenso cansaço do mundo.
(E Cabras, Galeria111, 2008)
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