Arregalei os olhos. Esfregei-os com os indicadores. Pus algumas gotas de descongestionante, não fosse estar a ver mal. Não estava. Crise, diz ele. Mas qual crise? Já tínhamos saído da crise? Ou chegou alguma crise nova?
Talvez o senhor João Salgueiro não saiba, mas a esmagadora maioria da população não é dona de nenhum banco e, portanto, há muito sente a crise. A crise dos preços que não param de subir, embora os salários se mantenham sempre na mesma. A crise da classe dirigente portuguesa que continua a entregar-se a grandes negociatas à custa do erário público (num tempo de crise). A crise mental, que encontra termos como pântano, charco e afins para a designar.
Segundo a Wikipedia (fonte nem sempre de confiança, quiçá por causa da crise) o termo crise tem a mesma equivalência da palavra vento. Indica um estágio de alternância.
Será que a pouco e pouco assistiremos à substituição de uma velha e enfatuada burguesia por uma nova classe, oriunda das letras C e inferiores? Ou será que a crise é apenas o medo dessa velha e enfatuada burguesia fruto de uma má formação literária?
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