08 setembro 2008

Problemas com o ordenamento do território português

Já sabemos que a política portuguesa é, de um modo geral, má. A política de ordenamento do território não podia ser excepção.
Mais uns anos e o país vai acordar para uma realidade dramática: o deserto. O deserto terá consequências terríveis no erário público. As migalhas que agora se poupam converter-se-ão em milhões gastos para que haja algum equilíbrio. Equilíbrio que é mantido por enquanto pela população idosa que habita o interior do país.
Enquanto o litoral, sobretudo a grande Lisboa, cresce desmesuradamente, o interior despovoa-se e tudo o que é serviço público é desmantelado (quando existe, pois em muitas situações apenas havia escola). Os governantes, que gostam muito do Algarve e desconhecem o país onde vivem, batem palmas pelos trocos que poupam (e que são televisivamente eficazes para efeitos de propaganda).
Repare-se: desde 2000, foram encerradas cerca de um terço das escolas públicas portuguesas. As escolas, que deviam ser pensados como pólos de interacção social, contra a desertificação rural, são fechadas em nome da saúde financeira de um ministério que, diz-se, gasta muito dinheiro (lá fora a realidade é bem diferente, em termos de ordenamento de território) e ainda se vão fechar mais. A política do governo de encerramento de escolas com poucos alunos vai continuar. Há dois anos, o Ministério da Educação anunciou, em relação ao primeiro ciclo, que "no reordenamento da rede escolar, a lista de escolas a encerrar inclui 1418 estabelecimentos, sendo assegurada a transferência dos alunos para 800 novas escolas mais bem apetrechadas ".
Ganda país, hã? Dêem um saltinho à raia espanhola para ver como é. E vejam como há gente, médicos, escolas, delegações bancárias e mais.

1 comentário:

Carlos Faria disse...

Um atentado à sustentação do território nacional no futuro, as estradas feitas para aceder ao interior do país tiveram como principal utilidade ser uma via para escoar o interior para o litoral, sobretudo para o eixo Porto-Aveiro e gr. Lisboa, o fecho de serviços de apoio à comunidade, como escolas, hospitais, entre outros foi o enxutar mais desse mesmo interior muitos daqueles que ainda resistiam.