Para fazer filmes muito giros, com gajas boas e muito muito dinheiro. (Espião e glamour são quase sinónimos no imaginário das gentes.)
Sim, mas tirando a ficção, para que serve realmente um serviço de espionagem num país democrático?
Ora, para vigiar músicos e ver se são obscenos ou não.
Que dois ou três empresários façam negócios com dinheiros públicos não incomoda ninguém. Já uns rapazes dos subúrbios incomodam muito mais. Ai se Luís XVI tivesse um serviço de espionagem... certamente teria morrido com a cabeça em cima dos ombros.
Veja-se como o sucesso estrondoso dos Beatles e a atenção mundial que conquistaram fez com que os serviços secretos se interessassem por eles. Embaixadas e diplomatas enviavam informações para Londres. Polícias recolhiam declarações para serem incluídas em relatórios secretos. Funcionários das finanças controlavam à libra todas as contas bancárias dos músicos britânicos.
O que foi do passado dá-nos pistas sobre o que fazem o espiões do agora. Nada sabem sobre crises económicas (elas caem na sopa de ricos e pobres, embora sejam estes últimos que geralmente ficam sem sopa). Mas sobre literatura, arte e música parecem saber muito. Depois das notícias sobre o modo como a CIA trabalhava com escritores ou de como os serviços secretos ingleses seduziam e arrebanhavam escritores, temos agora a informação de que gostavam muito dos Beatles.
Os Beatles eram uma ameaça para o país de S. M., hã? E por cá, em terras da banana, quem será uma ameaça? Tony Carrera? Marco Paulo? Emanuel? Lili Caneças?
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