Depois, diz o douto LMQ que as recensões críticas a livros de poesia são cada vez mais raras, mesmo em se tratando de «poetas francamente importantes». Curiosa asserção a dele que trabalhando no Público e podendo dar notícia desses importantes poetas não o faz.
LMQ, que parece gostar muito de ambientes claustrofóbicos e de descrições cruas do horror e da bestialidade, tem o condão, tão recorrente em Portugal (e noutros países) de precisar de alguém que lhe oriente o gosto, mostrando-se por isso mais uma caixinha de eco de Joaquim Manuel Magalhães, crítico aguerrido, que deixou sulcos fundos em muitos dos que cresceram para a poesia lendo as suas recensões.
O problema de LMQ, como de resto o de tantos da sua idade e até mais novos, é que se ficaram pelo JMM e se esqueceram de ler outros autores que não apenas os lusos. Porque a poesia portuguesa sempre foi aberta ao mundo, mesmo em momentos de crise como a da Santa Inquisição ou a da PIDE. O fulgor de JMM vem de ter sabido ler sinais que lhe chegavam em inglês e
E se a candura de LMQ não se assemelha à de outros, para quem poesia é tudo o que editam ou tudo o que aparece impresso ou publicado na net, não anda muito longe, confundindo literatura com marketing e relações sociais e dando mostras de certa afectação com isso de «não perder nenhum novo autor relevante», como se lhe marcassem falta de mau comportamento ou como fosse castigado pelo futuro – Tu aí, que deixaste passar o livro X de um autor relevante. Se as editoras fossem o garante de alguma coisa, as ironias do seu tão amado Herberto Hélder ou o sarcasmo de Joaquim Manuel Magalhães não fariam o mínimo sentido ou seriam puro ressentimento.
Nota: o título deste post pede emprestado a Andrés Trapiello (mormente ao autor do Salón de Pasos Perdidos) o gosto pelas siglas.
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