1.
Não sei adivinhar as tempestades.
No fim de uma estação as borboletas morrem
e o vento quebra nas varandas altas.
É por trás dos vidros que então nos defendemos
de todas as surpresas: morremos de antemão.
E sob a trovoada
assombra-nos o voo dos pássaros à chuva.
2.
Todos sabemos acender um fósforo
a quem nos pede lume.
Talvez fosse uma conversa
possível até ao fim. Mas o mais vulgar
é ficarmos onde estamos
com o fósforo aceso à beira do rosto
– e antes de haver tempo
a chama queima os dedos.
3.
Pequenos negócios, olhares lançados
sem dilatação. Dedos a tocar
mármores tão frios. Sombras sem memória
de mesas de cafés. Tudo apagamentos
– assim como um jornal
embrulha mais um dia.
(Coração Alcantilado, 2007)
Não sei adivinhar as tempestades.
No fim de uma estação as borboletas morrem
e o vento quebra nas varandas altas.
É por trás dos vidros que então nos defendemos
de todas as surpresas: morremos de antemão.
E sob a trovoada
assombra-nos o voo dos pássaros à chuva.
2.
Todos sabemos acender um fósforo
a quem nos pede lume.
Talvez fosse uma conversa
possível até ao fim. Mas o mais vulgar
é ficarmos onde estamos
com o fósforo aceso à beira do rosto
– e antes de haver tempo
a chama queima os dedos.
3.
Pequenos negócios, olhares lançados
sem dilatação. Dedos a tocar
mármores tão frios. Sombras sem memória
de mesas de cafés. Tudo apagamentos
– assim como um jornal
embrulha mais um dia.
(Coração Alcantilado, 2007)
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