25 março 2009

A mentira


O Ministério da Educação é capaz de gastar milhares só com um indivíduo, mas não hesita em vir a terreiro fazer queixinhas do quanto custam milhares de professores.

O mesmo governo que não se importa de gastar milhões com propaganda, com a banca e com negociatas incomoda-se sobremaneira por gastar trocos com salários. O busílis da questão é que este governo dito socialista detesta quem trabalha e venera quem faz negócios.

Detesta ter que pagar os salários dos professores e inventou uma suposta avaliação para poupar precisamente nisso: nos salários. Como se os professores ganhassem muito.

Curiosamente, não se importa de desperdiçar milhões com políticas educativas que a médio prazo agravarão o fosso entre ricos e pobres e que deixarão à margem milhares de cidadãos mal formados, mas com vários ciclos de ensino completos.

Algo que não parece incomodar nem associações empresariais, nem industriais, nem sindicais. O que importa, sempre, é o umbigo, é a vidinha de cada um e a capacidade que alguns grupos têm de pressionar governo e opinião pública.

A falta de ideias e de visão estratégica deste governo é notória em quase todos os domínios: económico, cultural, educativo, social. A factura será paga, como é da praxe, pelos que são mais numerosos, ou seja, aqueles que ganham pouco e vivem única e exclusivamente do salário. Para os outros será uma festa, pois quanto mais ignorante é uma população, melhores negócios se fazem (desses que pouco contribuem para o enriquecimento do país, mas que permitem a criação de fortunas pessoais).

A ministra da educação e os seus secretários de estado são meros mangas de alpaca de um imenso negócio: vender ignorância, incultura, respeito pelo chefe. Tudo com a complacência de centenas de ressentidos que ainda continuam a atribuir à escola e a alguns professores as razões dos seus desaires.
De resto, tirando meia dúzia de indivíduos que mantêm intacta a lucidez, a maior parte faz o jogo de Sócrates, decalcando-lhe os argumentos e os pontos de vista.

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