A leitura faz mal. A leitura não serve para nada. A leitura devia ser proibida. A melhor maneira de a proibir é magalhanizar tudo. Infantilizar, diminuir, descomplexificar soa bem aos ouvidos burgessos dos tugas. Porque nada como o tuga para acreditar que basta dizer cor para todos saberem se é branco, amarelo, vermelho ou azul...
Artur Anselmo, presidente do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa, veio a terreiro dizer que o rei vai nu. "Nós temos 110 mil palavras dicionarizadas - e não falo nas locuções, que aí iríamos para as 300 mil - e o Português básico está reduzido a menos de mil palavras".
Que fixe, pá. Mil, isso é bué de pouco. Assim dá menos trabalho, pá.
Além da falta de conhecimento, há outras pechas. Desde logo, a afectação. "O verbo 'pôr' está a desaparecer, hoje toda a gente 'mete', diz-se 'meto a mesa' em vez de 'ponho a mesa' e isto é mau. O verbo 'fazer' também está a desaparecer: já ninguém 'faz' perguntas, toda a gente 'coloca' questões", exemplificou o filólogo. Na sua opinião, "os portugueses complicam desnecessariamente uma língua que é uma obra-prima da nossa História" quando "o simples é o contrário do banal - falar com simplicidade, é falar bem, não é falar difícil nem com estereótipos banalizados".
Os Tugas, pobres e semi-analfabetos encolhem os ombros, querem lá saber disso para alguma coisa. Embora haja uns quantos que acham que sim, senhor, toda a gente deveria fazer exercícios ortográficos, pois o mais importante é a ortografia. Já quanto ao resto, juntam-se à maralha e encolhem os ombros.
As faculdades de Letras do país também contribuíram para a coisa: puseram de lado os livros em nome das empresas de fotocopilhagem e esuqeceram-se que sem acervo de leitura e sem conhecimento da história literária não se vai lá. Mas não, o estruturalismo caiu-lhes no regaço e foi um tal embalá-lo que são já milhares os que formados em Letras escrevem e falam com os pés.
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