A opinião é fácil para uns e extremamente complicada para outros. Sobretudo quando se parte para a apresentação de um ponto de vista começando logo por jogar à defesa.
Um jornalista é um jornalista, na medida em que uma nuvem é uma nuvem. Relata factos (muitos crêem piamente nisso) e de quando em quando opina. Alexandra Lucas Coelho, jornalista do Público, resolveu vir a público (edição papel de hoje) dizendo de sua justiça sobre a atitude criminosa de Israel. Fá-lo com pinças, deixando para a meia dúzia que tem paciência de ler tudo (como os serviços de espionagem israelitas) a sua tese: "fazer da defesa de Israel a origem e a moral de uma semana de bombardeamentos da Faixa de Gaza me parece do domínio da obscenidade. E uma obscenidade que fazemos nossa - nós, os cristãos, os compassivos, que bebemos o sangue de Cristo e tanta culpa carregamos, da Inquisição, do Holocausto, de sermos cúmplices por pensamentos, palavras, actos e omissões."
Os mais pacientes, que foram capazes de ler aquele texto poético, percebe que Alexandra Lucas Coelho tem medo que lhe chamem anti-semita, não sabemos se por querer voltar a casa da amiga que tem em Israel, se por outras razões. Ela diz: "Chegou-se a um ponto - totalitário, intimidatório - do discurso contemporâneo em que qualquer pessoa pode ser insultada como anti-semita por criticar Israel. (...)
Não sou sionista nem anti-sionista. Não sei se um Estado judaico seria o melhor para os judeus, mas hoje Israel existe, pujante, fascinante, e eu aceito-o nas fronteiras internacionalmente reconhecidas. Vivi em Israel, tenho amigos judeus dentro e fora de Israel e não admito que alguém me chame anti-semita."
E depois lá diz que: "Toda a gente sabe que a violência gera violência. Toda a gente sabe que não há solução militar. Toda a gente sabe - está em todos os documentos internacionais assinados por Portugal - que Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental são territórios nas mãos de Israel. Toda a gente sabe que há milhões de refugiados palestinianos há mais tempo do que eu estou viva e ninguém os quer. E é por isso que justificar o bombardeamento de Gaza com a defesa de Israel é tão obsceno - simplesmente porque toda a gente sabe que os palestinianos são os perdedores desta História."
Portanto, o crime de Israel é ser... obsceno. Termo que, como é do conhecimento geral, incomoda sobremaneira as pessoas.
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