Thomas Bernhard (1931-1989) continua a flagelar consciências 20 anos depois da sua morte. A publicação, pela Suhrkamp, do inédito «Meine Preise» (Os meus prémios) revela-se um íntimo ajuste de contas de um dos autores europeus mais ferozes da segunda metade do século XX.
"Apenas os incompetentes concedem prémios", disse certa vez este polémico escritor austríaco, que detestava galardões, bem como a cerimónia, a hipocrisia e a arrogância do mundo da cultura.
A sua fama de misantropo iracundo sempre o precedia e ele abusava desse jogo de sedução. Mas por que aceitava prémios, se os odiava tanto? A resposta está neste livro: por dinheiro. "Sou avarento, não tenho carácter, eu mesmo sou um porco". Pois é, o dinheiro fazia-lhe falta, para arranjos domésticos, roupa e outros caprichos.
"Tudo era repugnante, mas o que me dava mais asco era eu mesmo", diz, chateado consigo próprio, por se deixar corromper pelos prémios.
No livro agora vindo a público, passa revista, com o seu habitual humor descarnado, a nove dos muitos prémios que obteve, o primeiro em 1964, com o qual comprou um automóvel desportivo Triumph Herald que espatifou pouco depois na Croácia.
Outro dos episódios a que faz referência é ao seu primeiro prémio austríaco, que recebeu em 1968, o Prémio Estatal de Literatura. Ficou célebre o discurso que proferiu aquando da cerimónia da entrega, ao ter chamado ao Estado um artifício, aos austríacos apáticos, hipócritas e estúpidos.
Conta ainda a sua vida desesperada, a raiar a pobreza, com uma tuberculose crónica antes de a sorte ter mudado com o primeiro romance, em 1963, revelando uma linguagem inovadora e radical.
«Meine Preise», lançado há uma semana, é já uma das obras mais vendidas na Áustria. Que diria desse sucesso o autor?
"Apenas os incompetentes concedem prémios", disse certa vez este polémico escritor austríaco, que detestava galardões, bem como a cerimónia, a hipocrisia e a arrogância do mundo da cultura.
A sua fama de misantropo iracundo sempre o precedia e ele abusava desse jogo de sedução. Mas por que aceitava prémios, se os odiava tanto? A resposta está neste livro: por dinheiro. "Sou avarento, não tenho carácter, eu mesmo sou um porco". Pois é, o dinheiro fazia-lhe falta, para arranjos domésticos, roupa e outros caprichos.
"Tudo era repugnante, mas o que me dava mais asco era eu mesmo", diz, chateado consigo próprio, por se deixar corromper pelos prémios.
No livro agora vindo a público, passa revista, com o seu habitual humor descarnado, a nove dos muitos prémios que obteve, o primeiro em 1964, com o qual comprou um automóvel desportivo Triumph Herald que espatifou pouco depois na Croácia.
Outro dos episódios a que faz referência é ao seu primeiro prémio austríaco, que recebeu em 1968, o Prémio Estatal de Literatura. Ficou célebre o discurso que proferiu aquando da cerimónia da entrega, ao ter chamado ao Estado um artifício, aos austríacos apáticos, hipócritas e estúpidos.
Conta ainda a sua vida desesperada, a raiar a pobreza, com uma tuberculose crónica antes de a sorte ter mudado com o primeiro romance, em 1963, revelando uma linguagem inovadora e radical.
«Meine Preise», lançado há uma semana, é já uma das obras mais vendidas na Áustria. Que diria desse sucesso o autor?
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