A exposição “Entropa”, que assinala a presidência checa da União Europeia, já foi alvo de um protesto formal da Bulgária, pelo modo como está representada na instalação: transformada numa retrete turca, daquelas com um buraco no chão que obrigam a uma incómoda postura de cócoras.
A instalação, patente no átrio da sede do Conselho Europeu, em Bruxelas, foi apresentada como tendo sido coordenada pelo artista plástico checo David Cerny, que se comprometera a convidar artistas de todos os restantes estados membros, a quem caberia a versão crítica do país de cada um. Foi isso que o próprio Cerny disse há dias. Mas ontem soube-se que fez tudo sozinho (ou com a ajuda de um colega), apresentando nomes e biografias falsas de artistas que não existem. Tirando o seu próprio país, os outros países estão representados por pseudónimos de Cerny.
A instalação, patente no átrio da sede do Conselho Europeu, em Bruxelas, foi apresentada como tendo sido coordenada pelo artista plástico checo David Cerny, que se comprometera a convidar artistas de todos os restantes estados membros, a quem caberia a versão crítica do país de cada um. Foi isso que o próprio Cerny disse há dias. Mas ontem soube-se que fez tudo sozinho (ou com a ajuda de um colega), apresentando nomes e biografias falsas de artistas que não existem. Tirando o seu próprio país, os outros países estão representados por pseudónimos de Cerny.
O objectivo era que “Entropa” fosse uma recolha dos estereótipos associados a cada país, para que, ridicularizados, fossem ultrapassados. E de facto, tem havido gargalhadas, perplexidade e indignação, tudo à mistura, como confirmam os que estão em Bruxelas. Mas o poder não gosta muito de humor e o governo checo sente-se embraçado. Os estados membros surgem desmembrados, assim a modos que trabalho de preguiçoso.
Portugal, por exemplo, é retratado pelos contornos do mapa, sobre o qual assentam mais três mapas, esculpidos em carne, alusivos à História colonial portuguesa. Tudo com autoria de uma Carla de Miranda que não existe, claro. A Alemanha está reduzida a um emaranhado de auto-estradas a lembrar uma cruz suástica. A Suécia foi transformada numa caixa de móveis Ikea, onde se esconde um avião de guerra. A Dinamarca mostra-se em Lego, a Holanda inundada, com minaretes de mesquitas fora de água. A Grécia está em fogo e Espanha coberta de betão. A Polónia aprece representada com um grupo de padres na postura dos soldados americanos de Iwo-Jima a plantar a bandeira da homossexualidade e a Itália transformada em campo de futebol. O eurocéptico Reino Unido aparece representado em forma de buraco.
A exposição de tão curioso trabalho artístico custa ao governo checo 50 mil euros. Nada de especial, dirão. Quanto terão pago a Cerny?
Como não podia deixar de ser em tempos modernos como os de agora, "Entropa" já entrou para a enciclopédia.
1 comentário:
Sobre o assunto sugiro:
http://porquemedizem.blogspot.com/2009/01/devemos-protestar-energicamente.html#links
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