10 janeiro 2009

Tintin, o octogenário


Não gosto. E chateia-me. Estes gajos chegam a idades avançadas como se nada fosse. Mickey, Batman, Tintin. Velhos, mas com cara de putos. Deve ser das plásticas.

O gajo tinha a cabeça redonda, o nariz saliente, grandes sobrancelhas e um cabelo rebelde ali para as bandas da testa. Como se não bastasse, calçava sapatos enormes e usava um fato de golfe aos quadrados. E lá vinha ele, pimpão, a exibir as suas proezas no País dos Sovietes, corria o ano de 1929. A notícia aparecia escarrapachada no suplemento infantil do jornal belga "Petit Vingtième".

A culpa é dos padres. Mais precisamente de um: o padre Norbert Wallez, director do Vingtième, que encomenda ao jovem colaborador Hergé, então 22 anos, uma história que metesse um adolescente e um cão. A ideia era transmitir valores católicos aos leitores, que ele pretendia educar no culto da virtude e do espírito missionário. O envio do jovem repórter à Rússia soviética, um reino satânico onde imperava a pobreza, a fome, o terror e a repressão, era uma solução que se adequava às mil maravilhas ao desejo do padre conservador.

O êxito desta primeira aventura fará com que Tintin vá depois ao Congo, numa homenagem de colonialista à acção da Bélgica no seu antigo território africano. A seguir, parte para a América. Virão, depois, mais aventuras e outras personagens – o capitão Haddock, o professor Tournesol, os detectives Dupond e Dupont, a diva Bianca Castafiore, o untuoso Oliveira da Figueira e mais.

Assim, o reaccionário Tintin ganhou fôlego e viveu muitas aventuras, lutando contra os inimigos da ordem e correndo mundo.

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