O celibato tem sido um dos pontos de honra de uma Igreja que se revela desfasada do tempo, embora continue a possuir bens e poder ainda em quantidade.
Os homens que coordenam a Igreja são... homens. E por muito inteligentes e crentes não deixam de ser o que são: animais, seres humanos. Comem, bebem, urinam, defecam, sentem e possuem em si hormonas como todos os outros seres humanos.
O pior é quando essas hormonas disparam e os pastores desatam em orgias com as ovelhas. Há uns anos na América, na Alemanha, na Austrália e agora no país de Sua Santidade. Que o assunto nada tem de novo ou invulgar já o sabemos há muito. Embora tenham sido necessários muitos anos para se falar disso com alguma naturalidade.
Naturalidade que faz com que as vítimas percebam que mais vergonhoso do que falar é calar. Cerca de 70 ex-alunos surdo-mudos do Colégio Antonio Provolo de Verona, agora homens e mulheres entre os 41 e os 70 anos, decidiram romper décadas de silêncio e revelar que foram vítimas, de forma sistemática, de abusos sexuais e maus tratos por parte de sacerdotes.
Dezenas de casos de sodomia, masturbações forçadas, em grupo ou a sós, golpes, vexações e ameaças. Um inferno de proporções espantosas que durou pelo menos mais de três décadas.
Uma das vítimas relata: "Dos seis aos dez anos fui repetidamente sodomizado por dois padres (diz os nomes), ambos ainda vivos, e por dois irmãos laicos (outros dois nomes: um ainda vivo, o outro não). A violência tinha lugar nos quartos de banho, nos quartos do colégio e, às vezes na Igreja de Santa Maria de Pianto".
E isto supõe-se que seja apenas a ponta de um imenso véu (Almodovar fez um filme sobre o assunto, abordando o que acontecia em Espanha).
O celibato dos prelados, curas e demais clérigos dá nisto: perversões, tentações, discursos de castração.
Fonte: El País
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