29 outubro 2011

Parole parole


Não, não é uma referência a um poema de Cesariny. Trata-se de plim, esse assunto de que os portugueses não gostam de falar. E tanto é assim que as instituições que falam do assunto (credo, cruzes, canhoto) o fazem ora a olhar para norte ora a olhar para sul, dependendo dos dias e do sítio onde falam.
Assim, no início do ano, o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, definiu o aumento da taxa de poupança das famílias como um dos imperativos para a recuperação da economia portuguesa. Mas por estes dias veio dizer que o BP quer conter a autêntica corrida às taxas de juro de depósitos a prazo que está em curso entre os bancos nacionais.
O discurso da tanga é assim. Assobia-se para ficar bem no retrato e continua-se a fazer pela vidinha mal as câmaras viram costas.
Segunda-feira, 31 de Outubro, é o dia mundial da poupança. Que nos dirá o sapientíssimo Passos Coelho que prometeu, no discurso de tomada de posse, em Junho, lançar um Programa Nacional de Poupança, para «elevar a taxa de poupança e reduzir o endividamento das famílias e das empresas»?
Passos Coelho deve aparecer solene e majestático, qual guru, a reiterar que "Não vale a pena fazer demagogia sobre isto, nós sabemos que só vamos sair desta situação empobrecendo – em termos relativos, em termos absolutos até, na medida em que o nosso Produto Interno Bruto está a cair". Por isso, senhoras e senhores, o melhor é porem de lado essa coisa da poupança e darem já o dinheirinho ao Estado para que a crise continue e para que os ministros andem todos com ar pesaroso.

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