25 junho 2009

Paulo da Costa Domingos

CONSTRUÇÃO CIVIL

1.
Contra o vento que sopra
corremos a desejos inconcussos
por veleidade e atrevimento
enquanto raparigas carregam
seus violoncelos às costas
e nós aqui na obra evitamos
a magueira do cimento.

Escravas, que são!, da
vibração de cordas, de
esfregar os arcos
em gemidos conclusivos.

Nós, o mais que nos ocupa
são saladas de orelha,
como bons e pacíficos católicos
domina-nos a féria.


2.
A horas certas em regulares cadências
sobem ou descem palavras nossas
leva-as o vento na grua:
cartas de amor ao sindicato,
guias para a junta médica, a bola
(fora de jogo eu vi, o penalty),
elogios à fêvera da boa fêmea...

Que a elas soa como impropério
estimulante ofensa à paridade
(fossem antes solos de violino...)
na boca de bocas inúteis.

Nós, o menos que nos preocupa
é desenterrar os botins do lodaçal,
como bons e fiáveis operários
não perder no cimento fresco o nível.

Poemas transcritos daqui.

2 comentários:

Sérgio Santos disse...

O movimento Pró-voto, movimento apartidário criado por um grupo de alunos da licenciatura em Estudos Europeus e Política Internacional da Universidade dos Açores, vem convidar o(s) autor(es) deste blog e todos aqueles que por aqui passam para estarem presentes no debate subordinado ao tema “Da abstenção ao voto obrigatório”, que se vai realizar na próxima segunda-feira dia 29 de Junho, pelas 9:30 no anfiteatro B da Universidade dos Açores.

Para mais informações, vão a: www.movimento-pro-voto.blogspot.com

Anónimo disse...

Ó Sérgio, e se fosses levar no cu...
Paulo da Costa Domingos