18 junho 2009

Jorge de Sena


A ditadura obrigou-o a sair. Foi para o Brasil. Dali para os EUA (Santa Bárbara, Califórnia), onde trabalhou e morreu (1919-1978). Mécia de Sena ficou com o encargo da obra e, ao que se sabe, descurou obra própria em nome da do marido. A ela, mais uma vez, se deve a doação de manuscritos, objectos pessoais, obras de arte e a biblioteca do autor à Biblioteca Nacional de Portugal. Falta trasladar os restos mortais do autor para o nosso país.
O espólio de Jorge de Sena manterá a sua unidade e terá uma cota própria - a JS -, pois não será integrado nas respectivas colecções existentes na BNP. Quanto à sua consulta, os manuscritos só estarão disponíveis após ter-se completado o processo de inventariação e catalogação, que ainda demorará alguns meses. É neste período que se segue que os técnicos da Biblioteca aguardam por algumas surpresas, à medida que forem trabalhando o espólio, como o de poderem encontrar documentos inesperados. Entre os documentos já inventariados destacam-se várias cartas para Eugénio de Andrade, Ruy Cinatti e Ruy Belo, as recebidas de José Régio, os manuscritos em versão dactiloscrita de Sinais de Fogo, as Líricas, várias peças de teatro e muitos cadernos de poesia, artigos publicados em jornais e muitas notas pessoais e literárias.
Para completar o espólio doado à BNP, falta ainda chegar a Lisboa um grupo de obras pertencentes à sua colecção de arte privada. Aí se incluem obras de Dominguez Alvarez, António Dacosta, Vespeira e Bartolomeu Cid dos Santos, (datadas de 1940, 1950 e 1960) e uma pintura de José Augusto França.
Tantos anos depois e após muita zanga e outros imbróglios, Sena regressa aonde sempre pertenceu: Portugal. E bem se pode dizer que só temos a ganhar com isso, pois ele foi, além de um extraordinário poeta, um crítico rigoroso, autor de várias obras de referência sobre a nossa literatura, sem deixar de ser, também, um grande divulgador da poesia de outras línguas.

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