Nos Açores está-se em campanha eleitoral e nós aqui no Pisca resolvemos abordar uma área normalmente descurada pelos partidos, quer pela falta de formação dos candidatos, quer por uma visão extremamente redutora do arquipélago, seja quanto ao seu papel no contexto nacional, seja no contexto europeu e internacional.
Falamos da cultura.
Domínio no qual o governo pouco ou nada fez durante a legislatura que agora se aproxima do fim. No entanto, olhando para o programa eleitoral do PS, registe-se um imenso salto qualitativo. Finalmente, pelo menos se olharmos para o programa (um conjunto de intenções que a maior parte dos eleitores ignora), parece que a Região se prepara para ter uma política cultural.
No tempo de Luiz Fagundes Duarte, a região deu sinais de que iria haver uma dinâmica cultural, mas rapidamente a ilusão se converteu em desilusão. Vasco Pereira da Costa foi mais um administrativo do que um impulsionador. E conseguiu a proeza de desmantelar o capital cultural da ilha Terceira. Quem vive aqui percebe como a ilha está estagnada. E como aos poucos S. Miguel foi marcando posição, apropriando-se do orçamento.
Por isso, aquilo que está no programa, em jeito de preâmbulo não passa de ficção. Não houve «políticas concertadas destinadas a estimular a auto-estima dos açorianos face à sua identidade cultural, a incentivar a leitura e a actividade cultural, a motivar a fruição de bens culturais, e a apoiar a edição e divulgação de obras de autores açorianos (escritores, músicos, artistas plásticos), ou de temática ou vocação açorianas.»
Se pensarmos que a Região tem funcionários bem pagos para tratar da dinamização cultural perguntamo-nos que farão durante o horário de expediente, é que nada vimos digno de nota e aquilo que de longe a longe foi levado a cabo parecia uma brincadeira de meninas afectadas mas que de cultura nada sabem.
Concordamos que «O desenvolvimento dos Açores passa, obrigatoriamente, pela cultura, e de um modo particular pela preservação do património, para revitalização e aproveitamento, pela produção cultural, e pela fruição de produtos e bens culturais.»
E também estamos de acordo quanto a entender esse sector como tendo «uma dimensão bastante significativa nas sociedades modernas e desenvolvidas».
Lamentavelmente, o programa falha por se ficar pelas generalidades. E por não ser claro quanto ao estatuto do novo Director Regional da Cultura. Será criada uma Secretaria para a Cultura?
Nota-se que o autor do texto sabe do que fala. Resta saber se terá orçamento para levar a cabo as articulações e actividades que parece propor(referimo-nos aos objectivos 2, 3 e 4). E conviria esclarecer os açorianos quanto ao papel da cidade património mundial que tem sido tão descurada nestes dois últimos mandatos de governo PS.
Conviria ainda que se dissesse como pensa o PS, enquanto governo regional, criar novos públicos, ou seja, o que vai fazer quanto à formação / educação, pois há muito se percebeu que Álamo de Meneses gosta é de cimento.
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