11 abril 2008

Bluff ou estatísticas


O bluff faz parte da vida. E está de tal modo entranhado no discurso que, não só os governantes usam e abusam do bluff, como também, numa espécie de contaminação, se estende a todos os tipos de discurso e de pessoas. Assim, quando o Iraque foi apresentado ao mundo como o centro do mal, houve muita gente a acreditar no trio maravilha que se reuniu nesta ilha (longe do mundo, leia-se, longe das grandes manifestações de protesto). Ou seja, houve muita gente que se deixou seduzir pelo discurso fácil, aquele que divide o universo em dois: de um lado os bons, do outro os maus. E se ainda não se percebeu completamente o que levou três países a fazer tamanha encenação, há pelo menos a certeza de que aqueles que defenderam a invasão do Iraque com unhas e dentes deviam ter algum pudor em reincidir. Mas ou porque o pudor é algo socialmente pouco rentável ou porque o atrevimento tem sempre seguidores (Hitler arrastou multidões, o mesmo fez Mussolini, Lenine e outros tantos), há um sem fim de gente que entende a vida como mera retórica. E que se delicia com estatísticas. Em honra delas, deixamos aqui uma frase atribuída a Mark Twain: «Há três espécies de mentiras: as mentiras, as mentiras sagradas e as estatísticas.»

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