18 abril 2008

Os médicos são nossos amigos


Primeiro, convém pôr os pontos nos is. Os médicos não são comerciantes, nem agentes das indústrias farmacêuticas. Os médicos preocupam-se sempre primeiro com a vida dos pacientes e só depois com a sua própria. Eles não têm culpa que a saúde seja cara. Muito menos que uma consulta demore entre cinco a dez minutos. Cinco a dez minutos é muito tempo. E, como toda a gente sabe, tempo é dinheiro. 60 minutos rendem, em média, mais do que o salário mínimo do nosso país. Que raio, é preciso pagar a luz, a água, o telefone, a televisão por cabo, isto para não falar daquelas revistas que tratam da língua, do coração e doutras mazelas nacionais e internacionais, com que se entretêm quantos esperam a sua vez.

Segundo, os médicos não são todos portugueses. Há médicos de outras nacionalidades. Os piorzinhos são os que assinam de cruz. Sim, sim, esses bandidos que garantem que o medicamento X é de primeira categoria e absolutamente adequado ao tratamento da infecção, inflamação ou maleita de que o cliente padece. Até porque nem são médicos, são c-i-e-n-t-i-s-t-a-s! (Arre que a palavra custa a dizer.) Os piores de todos são os do país do sr. Bush. É que, segundo diz a revista JAMA (The Journal of the American Medical Association), a empresa farmacêutica Merck procurou investigadores externos para serem autores principais dos artigos científicos sobre o medicamento Vioxx. O melhor de todos contra a artrose e outras dores agudas. Um anti-inflamatório mágico. Mas, diabos, a droga teve de ser retirada do mercado, depois de se ter relacionado com milhares de acidentes cardiovasculares e depois (essa é que é essa) de a empresa farmacêutica que produzia o milagre, a Merck, ter sido alvo de dezenas de milhares de processos e ter gasto 3 mil milhões de euros a indemnizar vítimas.

1 comentário:

Anónimo disse...

De referir que se trata da Merck SHARP & DOHME e não da Merck KGaA!!Pequenos pormenores que fazem toda a diferença!