Os americanos são nossos amigos. Gostam tanto de nós que até têm uma base ali no meio do Atlântico Norte, algures na ilha Terceira. E como gostam muito de nós são extremamente generosos para com os ilhéus, dão-lhes algum emprego e deixam que adquiram produtos made in USA ou até made in outro lado qualquer. Claro que não pagam impostos. Claro que num país-país isso seria uma ilegalidade. Mas aqui não é. Os americanos são muito boas pessoas. Já deixaram de tudo um pouco na ilha: lixo, radioactividade, poluição sonora e mais umas pequenas coisas. Agora é tornado público que «Os norte-americanos da base das Lajes consomem água do subsolo da ilha terceira avaliada em mais de dois milhões de euros por ano, mas não pagam» um cêntimo à Câmara da Praia da Vitória ou a Portugal. Mais «Toda a água captada pelos norte-americanos é tratada através de um processo dispendioso, mas muito eficaz, designado por “osmose invertida”. Trata-se de um método utilizado quando há fortes suspeitas de contaminação da água. Segundo os peritos, a água sujeita a este tratamento resulta mais pura do que quando é captada na natureza em locais sem contaminação. Durante o tratamento perde-se cerca de 40 por cento do líquido captado, que no caso é desperdiçado, quando poderia ser reinjectado no aquífero, como é comum em outros locais onde se pratica a “osmose invertida”. O processo é encarecido na Terceira devido ao facto de a água ter um forte teor de sílica, produto que corrói os filtros com muita facilidade.»
E a coisa não se fica por aí. Os americanos da base das Lajes consomem mais de metade da água do concelho da Praia da Vitória. Segundo o Diário Insular, donde transcrevemos a informação, «a extracção contribui de forma significativa para a salinização da água de consumo público no concelho. Os norte-americanos já têm vários furos salinizadas, entretanto substituídos por outros, que garantem que o caudal mantém a intensidade desejada. A quantidade de água extraída para as Lajes é responsável pelo facto de os poços de consumo público também já apresentarem, em alguns casos, índices elevados de salinização, colocando a necessidade de a Praia da Vitória procurar fontes alternativas de água mais cedo do que esperaria.» Não fossem os nossos amigos americanos e a Praia da Vitória conseguiria viver com um equilíbrio relativo favorável entre a extracção e o reenchimento dos aquíferos. «Porém, esse equilíbrio já está desfeito, não se prevendo que volte a restabelecer-se em tempo útil.»
Sem comentários:
Enviar um comentário