29 abril 2008

Os americanos da Base das Lajes são tão nossos amigos


Os americanos são nossos amigos. Gostam tanto de nós que até têm uma base ali no meio do Atlântico Norte, algures na ilha Terceira. E como gostam muito de nós são extremamente generosos para com os ilhéus, dão-lhes algum emprego e deixam que adquiram produtos made in USA ou até made in outro lado qualquer. Claro que não pagam impostos. Claro que num país-país isso seria uma ilegalidade. Mas aqui não é. Os americanos são muito boas pessoas. Já deixaram de tudo um pouco na ilha: lixo, radioactividade, poluição sonora e mais umas pequenas coisas. Agora é tornado público que «Os norte-americanos da base das Lajes consomem água do subsolo da ilha terceira avaliada em mais de dois milhões de euros por ano, mas não pagam» um cêntimo à Câmara da Praia da Vitória ou a Portugal. Mais «Toda a água captada pelos norte-americanos é tratada através de um processo dispendioso, mas muito eficaz, designado por “osmose invertida”. Trata-se de um método utilizado quando há fortes suspeitas de contaminação da água. Segundo os peritos, a água sujeita a este tratamento resulta mais pura do que quando é captada na natureza em locais sem contaminação. Durante o tratamento perde-se cerca de 40 por cento do líquido captado, que no caso é desperdiçado, quando poderia ser reinjectado no aquífero, como é comum em outros locais onde se pratica a “osmose invertida”. O processo é encarecido na Terceira devido ao facto de a água ter um forte teor de sílica, produto que corrói os filtros com muita facilidade.»

E a coisa não se fica por aí. Os americanos da base das Lajes consomem mais de metade da água do concelho da Praia da Vitória. Segundo o Diário Insular, donde transcrevemos a informação, «a extracção contribui de forma significativa para a salinização da água de consumo público no concelho. Os norte-americanos já têm vários furos salinizadas, entretanto substituídos por outros, que garantem que o caudal mantém a intensidade desejada. A quantidade de água extraída para as Lajes é responsável pelo facto de os poços de consumo público também já apresentarem, em alguns casos, índices elevados de salinização, colocando a necessidade de a Praia da Vitória procurar fontes alternativas de água mais cedo do que esperaria.» Não fossem os nossos amigos americanos e a Praia da Vitória conseguiria viver com um equilíbrio relativo favorável entre a extracção e o reenchimento dos aquíferos. «Porém, esse equilíbrio já está desfeito, não se prevendo que volte a restabelecer-se em tempo útil.»

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