05 abril 2008

Joaquim Manuel Magalhães


Joaquim Manuel Magalhães, co-autor do livro Do Corvo a Santa Maria (Relógio d’Água, 1993), é um dos nossos melhores poetas vivos. Autor de uma obra em revisão e por isso mesmo instável, Magalhães revisita, num poema incluído no volume colectivo dedicado a outro poeta, Manuel de Gusmão (Poesia e Arte. A Arte da Poesia, Caminho, 2008), os anos de 1960 / 70. Esse longo poema, que tem tanto de inquietante quanto de idiossincrático, parece-nos indiciar uma súmula da obra de Magalhães lida pelo próprio. Assim, o Pisca de Gente apresenta à comunidade de leitores e curiosos um excerto do mesmo, que pode ser lido na íntegra no livro acima indicado. E atrevemo-nos a incluir algumas ligações nos autores referidos.


(…)

A face da comunidade que surgia
em redor inquietava-me.
Conto do que julgava ouvir.
Um candeio joeira.
Repercute o eco do meu sentido
no outro eu. O encerrado.


Ele o único amigo
do paleocircuito literário.
Até à década de 70 adiantada
não publiquei um livro.
Situei-me em vário ensino
e animada indiferença.
Não me venham jamais aproximar
do bando dessa tiragem.
Nula conivência.
Ido o Manuel,
na tribo da arte
vivi a amizade.
Engenhar o avesso
mentira. Inanidade


Armazém da melhor colheita,
Ruben A.
Meu segundo autor editado.
O primeiro, na aldeia, a
filha da D. Laura Bessa. Não presumo
que ligasse àquele miúdo,
atravessa um beco, incomoda
seduzido ao seu romance.
Devemos ao Ruben A.

A maçã no escuro de Lispector.
E Guimarães Rosa,
que designou o território: «sertão
é onde a força da gente
é menor que o poder do lugar.»

(…)

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostava de deixar aqui escrito: O Joaquim Manuel Magalhães foi O PROFESSOR da minha vida! Eu nem gostava de Poesia, mas inscrevi-me na sua cadeira 3 anos. Foi ele quem me abriu os olhos para a VIDA.

Tenho 56 anos e sou professora.

G.C.