«O tabaco nunca fez bem a ninguém. Como o álcool, a banha, o sal, os rojões e praticamente toda a comida regional portuguesa a boiar em gordura de porco. Para azar de uns quantos, a moral médico-social vigente dirigiu a luta armada e a exultação punitiva para os malefícios do tabaco e não para os danos e prejuízos da gordura de porco.
É uma pena que o sistema médico-social em vigor não tenha sido tomado de assalto por vegetarianos obsessivos, daqueles que invocam que comer carne está na origem de quase todas as doenças arroladas no Simposium. O passo seguinte obrigatório seria o encerramento compulsivo dos talhos, ou a sua obrigatória reconversão em lojas de soja e tofu. A gordura animal seria banida à força e provavelmente o país abandonaria a linha da frente nos rankings de acidentes cardiovasculares.
Por alguma razão ninguém toca no porco. Não se proibem as famílias de dar quantidades inimagináveis de gordura às crianças e aos adolescentes. O porco é de venda livre, mesmo a menores de 18 anos, e faz parte das ementas infantis dos restaurantes e das cantinas públicas. As criancinhas de seis anos podem adquirir banha no supermercado! Incrível, não é?
Em contraste com a extraordinária protecção com que o porco é tratado pelos legisladores, o tabaco vai ser novamente alvo do ataque do governo, concertado com os porta-estandartes do conceito actual de “saúde”, que é uma coisa, de resto, excessivamente variável e que tende a mudar os seus fundamentos a cada 15 anos – é divertido comparar as normas pediátricas em vigor de ano para ano para ter uma ideia.
A mais recente proposta anti-tabaco passa agora por banir completamente o direito a fumar nos lugares públicos para, imagine-se, tornar a nossa legislação parecida com a que vigora no estado de Nova Iorque. A ideia de que isto é um assalto à restauração (para não falar de uma violação do direito de um fumador a jantar fora) não passou, pelos vistos, pela confraria anti-tabagista.»
Fonte: i
É uma pena que o sistema médico-social em vigor não tenha sido tomado de assalto por vegetarianos obsessivos, daqueles que invocam que comer carne está na origem de quase todas as doenças arroladas no Simposium. O passo seguinte obrigatório seria o encerramento compulsivo dos talhos, ou a sua obrigatória reconversão em lojas de soja e tofu. A gordura animal seria banida à força e provavelmente o país abandonaria a linha da frente nos rankings de acidentes cardiovasculares.
Por alguma razão ninguém toca no porco. Não se proibem as famílias de dar quantidades inimagináveis de gordura às crianças e aos adolescentes. O porco é de venda livre, mesmo a menores de 18 anos, e faz parte das ementas infantis dos restaurantes e das cantinas públicas. As criancinhas de seis anos podem adquirir banha no supermercado! Incrível, não é?
Em contraste com a extraordinária protecção com que o porco é tratado pelos legisladores, o tabaco vai ser novamente alvo do ataque do governo, concertado com os porta-estandartes do conceito actual de “saúde”, que é uma coisa, de resto, excessivamente variável e que tende a mudar os seus fundamentos a cada 15 anos – é divertido comparar as normas pediátricas em vigor de ano para ano para ter uma ideia.
A mais recente proposta anti-tabaco passa agora por banir completamente o direito a fumar nos lugares públicos para, imagine-se, tornar a nossa legislação parecida com a que vigora no estado de Nova Iorque. A ideia de que isto é um assalto à restauração (para não falar de uma violação do direito de um fumador a jantar fora) não passou, pelos vistos, pela confraria anti-tabagista.»
Fonte: i
2 comentários:
Sim, mas infelizmente, digo eu, não faltará muito para se atacar também a cultura, passe o termo, do porco... As coisas, como diz num belo poema Javier Salvago, tendem sempre a piorar. Um dia destes compramos uma embalagem de bifanas ou costeletas e lá virão os avisos de que "Consumir carne de porco mata" ou "Comer carne de porco à alentejana pode reduzir o fluxo de sangue e provoca impotência"... Tudo a bem da saúde pública, claro!
Um abraço.
Curiosamente, lia eu ainda ontem a respeito de processos movidos contra a indústria tabagista (ou tabaqueira, como gostam os especialistas, visto que tabagista, ao que me parece, refere-se mais a quem fuma, sendo tabaqueiro aquele que produz, mas divago).
Escrevia um texto a respeito de assuntos sem grande nexo ou muita relevância, não apenas com o texto em questão, mas entre si, e de repente me ocorreu mencionar o fato de que vivemos numa sociedade em que cada vez mais as pessoas se eximem de tomar responsabilidades sobre seus atos. Assim sendo, um homem que fuma, por dez ou vinte anos, uma carteira de cigarros por dia, ao descobrir-se com um enfisema pulmonar resolve processar a Philip Morris. Lavamos as mãos e seguimos em frente. Daqui a pouco familiares de pessoas que morrem de infarto do miocárdio considerarão a idéia de processar os açougues e abatedouros, ignorando o fato de que ninguém sugeriu a eles que preparassem feijoada em vez de salada, rabada em vez de sopa de agrião.
Um abraço ao amigo d'além-mar (embora o d'álem-mar, sob sua perspectiva, na verdade seja eu).
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