12 maio 2009

Livros e livros


A designação feira mostra que se trata de negócio. Um negócio que tem a particularidade de juntar muitas editoras, inclusivamente as mais pequenas. Dando assim oportunidade a alfacinhas e a por quem lá passa de ver o que se editou durante o ano.
Podia pensar-se que num momento de tanto exposição, a imprensa dedicasse especial atenção ao livro enquanto objecto cultural, podendo, claro, referir-se-lhe enquanto negócio. Mas nem uma coisa nem outra.
O mesmo acontece com o nosso Mistério da Cultura que, no mínimo, deveria estabelecer protocolos com quem entendesse no sentido de divulgar clássicos da nossa língua, trazendo-os para os jornais, para as rádios e para os canais de televisão. Mas... nada!
Os clássicos continuam a ser olhados de lado. Nem sequer a Imprensa Nacional que tanto os edita os promove. É quase como se fosse uma espécie de peste.
Portugal é capaz de anunciar um museu não sei do quê e de se embrulhar noutras tantas trapalhadas mas parece incapaz do mais básico: promover o seu património literário. E como grande parte do público lê mal, aprecia sobremaneira os subprodutos literários que às vezes são êxitos de vendas.
Os jornais partilham desse mesmo ódio ao livro enquanto actividade cultural. Se um livro puder ser referido pelo dinheiro que faz, óptimo. Se não, nem falam do assunto. Até porque a maioria dos jornalistas padece do mesmo problema: lê pouco e mal. E dão-se ao luxo de entrevistar escritores sem terem sequer lido os livros.
Por isso, a feira do livro é uma festa. Só lhe faltam os cantores pimba e os foguetes.

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