Há no nosso país muitos adeptos das tradições. Tanto que aparecem museus para tudo e mais alguma coisa, além, claro, daquele gosto pelo que é velho (excluindo seres humanos, pois esses ninguém gosta deles). Acresce a tendência para defender comportamentos em nome... das tradições.
Um verdadeiro culto, portanto.
Além dessas, outras tradições há muito arreigadas na maneira de ser dos portugueses: o culto pelo cargo.
Vejamos o caso dos professores. Alguns, por uma manifesta incapacidade para leccionar tudo fazem para se infiltrarem nas diversas estruturas burocráticas do ministério da educação. (ME) Uma vez aí instalados sentem-se superiores aos colegas e agem em conformidade.
A psicologia estuda estas fugas e encenações. E explica estes comportamentos. Mas nem por isso eles deixam de se repetir.
Vejamos o caso das instruções que o ME envia todos os anos para os professores lerem nas escolas. Chamam-lhe Manual do Aplicador e contém ordens muito claras: "Não procure decorar as instruções ou interpretá-las, mas antes lê-las exactamente como lhe são apresentadas ao longo deste manual".
E as instruções continuam: "Em primeiro lugar, chamo a atenção para o facto de não poderem falar com os vossos colegas" ou "Acabou o tempo. Não podem escrever mais nada. Agora vão ter o intervalo".
Aquilo é um manancial de rigor e de clareza. E tem que ser assim, pois não só os professores são pessoas muito distraídas, como podem sentar-se eles próprios a fazer as provas, o que não é permitido. Por isso, torna-se necessário especificar muito bem o que os professores devem fazer. Exemplos:
"Leia em voz alta: Agora vou distribuir as provas. Deixem as provas com as capas para baixo; Podem voltar as provas. Escrevam o vosso nome no espaço destinado ao nome; Querem perguntar alguma coisa?"
"Desloque-se pela sala, com frequência", "Rubrique o enunciado no local reservado para o efeito".
"Leia em voz alta: Ainda têm 15 minutos; Acabou o tempo. Estejam à porta da sala às 11h e 20 minutos em ponto. Podem sair".
"Leia em voz alta o seguinte: Agora vão iniciar a segunda parte da prova. Podem começar. Bom trabalho!"
"Recolha as provas e os rascunhos". "Mande sair os alunos, lendo em voz alta: Podem sair. Obrigado pela vossa colaboração!"
Podia ser anedota, mas não é. É Portugal no seu melhor. É o dirigismo do ME. Porque será que tomam os professores por imbecis? Tratar-se-á de uma projecção?
Sentados nos seus gabinetes, usufruindo dos ares frescos e condicionados, os burocratas todos os dias saem para a rua satisfeitos pelo dever cumprido. Eles tudo fazem para que Portugal seja um paraíso, o pior é a democracia que estraga sempre tudo. Há pessoas que nasceram para mandar e outras para obedecer, não é? Não é?... Raios, que ninguém responde. Maldito país. (Há quem diga que a isto se chama paranóia.)
Um verdadeiro culto, portanto.
Além dessas, outras tradições há muito arreigadas na maneira de ser dos portugueses: o culto pelo cargo.
Vejamos o caso dos professores. Alguns, por uma manifesta incapacidade para leccionar tudo fazem para se infiltrarem nas diversas estruturas burocráticas do ministério da educação. (ME) Uma vez aí instalados sentem-se superiores aos colegas e agem em conformidade.
A psicologia estuda estas fugas e encenações. E explica estes comportamentos. Mas nem por isso eles deixam de se repetir.
Vejamos o caso das instruções que o ME envia todos os anos para os professores lerem nas escolas. Chamam-lhe Manual do Aplicador e contém ordens muito claras: "Não procure decorar as instruções ou interpretá-las, mas antes lê-las exactamente como lhe são apresentadas ao longo deste manual".
E as instruções continuam: "Em primeiro lugar, chamo a atenção para o facto de não poderem falar com os vossos colegas" ou "Acabou o tempo. Não podem escrever mais nada. Agora vão ter o intervalo".
Aquilo é um manancial de rigor e de clareza. E tem que ser assim, pois não só os professores são pessoas muito distraídas, como podem sentar-se eles próprios a fazer as provas, o que não é permitido. Por isso, torna-se necessário especificar muito bem o que os professores devem fazer. Exemplos:
"Leia em voz alta: Agora vou distribuir as provas. Deixem as provas com as capas para baixo; Podem voltar as provas. Escrevam o vosso nome no espaço destinado ao nome; Querem perguntar alguma coisa?"
"Desloque-se pela sala, com frequência", "Rubrique o enunciado no local reservado para o efeito".
"Leia em voz alta: Ainda têm 15 minutos; Acabou o tempo. Estejam à porta da sala às 11h e 20 minutos em ponto. Podem sair".
"Leia em voz alta o seguinte: Agora vão iniciar a segunda parte da prova. Podem começar. Bom trabalho!"
"Recolha as provas e os rascunhos". "Mande sair os alunos, lendo em voz alta: Podem sair. Obrigado pela vossa colaboração!"
Podia ser anedota, mas não é. É Portugal no seu melhor. É o dirigismo do ME. Porque será que tomam os professores por imbecis? Tratar-se-á de uma projecção?
Sentados nos seus gabinetes, usufruindo dos ares frescos e condicionados, os burocratas todos os dias saem para a rua satisfeitos pelo dever cumprido. Eles tudo fazem para que Portugal seja um paraíso, o pior é a democracia que estraga sempre tudo. Há pessoas que nasceram para mandar e outras para obedecer, não é? Não é?... Raios, que ninguém responde. Maldito país. (Há quem diga que a isto se chama paranóia.)
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