Morreu há 48 anos, no dia 31 de Maio de 1960.
Filho de um pintor e de uma pianista, cresceu num ambiente intelectual que lhe abriu horizontes para a música, literatura, arte e filosofia. Publicou o primeiro livro de poemas em 1914, mas apenas conseguiu alguma notoriedade quando, em 1922, deu à estampa o volume Sestra moya zhizn. Traduziu poetas como Shakespeare, Goethe, Schiller, Kleist, entre outros. Em 1957, publicou Doutor Zhivago, o seu único romance, na sequência do qual lhe foi atribuído o Prémio Nobel da Literatura, em 1958.
Deixamos aqui um poema do autor, traduzido por Manuel Seabra e publicado na antologia Poetas Russos, que a Relógio d'Água publicou em 1995.
É impróprio ser famoso
É impróprio ser famoso
pois não é isso que eleva.
E não vale a pena ter arquivos
nem perder tempo com manuscritos velhos.
O caminho da criação é a entrega total
e não fazer barulho ou ter sucesso.
Infelizmente, nada significa
como uma alegoria andar de boca em boca.
Mas é preciso viver sem pretensões,
viver de tal modo que no fim de contas
venha até nós um amor ideal
e ouçamos o apelo dos anos que hão-de vir.
O que é preciso rever
é o destino, não antigos papéis;
lugares e capítulos de uma vida inteira
anotar ou emendar.
E mergulhar no anonimato,
e ocultar nele os nossos passos,
como foge a paisagem na neblina
em plena escuridão.
Que outros nesse rasto vivo
seguirão o teu caminho passo a passo,
mas tu próprio não deves distinguir
a derrota da vitória.
E não deves por um só instante
recuar ou trair o que tu és,
mas estar vivo, e só vivo,
e só vivo - até ao fim.
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