"O meu mal é gostar de muitas coisas. Não posso eleger um sítio. Como não posso eleger um só prato de que gosto mais. É consoante o momento. A vida é a arte das circunstâncias. O que temos é que adaptar a vida a essas circunstâncias. Portanto não posso apenas eleger uma coisa. Qual o livro? O filme? Qual o livro que levaria para uma ilha deserta? - já me perguntaram. Sei lá! Numa das vezes, após muita insistência, respondi: Levo um livro em branco, para escrever aquilo que quero." [Declarações ao “Fugas”, Julho de 2000]
"Se nós somos o que comemos, o nosso prato, hoje, é o reflexo de uma sociedade em estilhaços, que procura menos comer do que encontrar a vida facilitada. Um leitor atento e obediente estará hoje condenado à morte por inanidade: num dia proíbem-lhe as gorduras, noutro a carne, para a semana as verduras que têm um teor perigoso de pesticidas, para a outra ainda os ovos, o leite ficará reservado para as crianças; de pão, quase nada, álcool nem vê-lo e água só entre refeições que já não existem porque escasseiam os produtos autorizados." ["Uma Entrada", do livro "Cozinha para Homens - a Honesta volúpia", Colares editora, 1992]
[in Público]
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