Isto da poesia portuguesa é uma das mentiras mais bem distribuídas da nossa história. Pelo menos desde Camões. Elimina-se o que é incómodo ou o que é novo. Elimina-se o quê. E, a pretexto de fulano ou de beltrano, promovem-se espectáculos, ganham-se uns trocos, aparece-se nas televisões. No tempo de Luís Vaz não havia disso, mas os esquemas da corte já tinham os ingredientes de que se continuam a servir os cortesãos de agora.
Pessoa é o que é porque escreveu… poemas. Mas comemoram-se os 120 anos do nascimento com blá blá. Poemas nada. E muito menos dar espaço a poetas portugueses vivos. Ou, se isso acontece, lá aparecem os do costume, juntamente com uns quantos que ainda há não muito berravam em todo o lado que eram vítimas e preteridos. Vê-se quem é que é preterido.
Aqui, neste espaço, temos transcrito versos de alguns dos melhores poetas vivos. Olhem à vossa volta e digam-nos se já ouviram falar deles? Agora imaginem que recuam no tempo e pensem: algum dos cortesãos se referiria a Pessoa? 120 anos ou 500 anos depois Portugal continua a cumprir o seu destino: a incúria, a ignorância, a preguiça.
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