PREPARATÓRIA
Nessa manhã tocara-me a mim
ir ao quadro. A mim,
que ainda não tinha morfado
quase nada.
Quando ouvi o professor dizer o meu nome,
apeteceu-me replicar: “vai mas é apanhar no…”
Em vez disso levantei-me e rapidamente
resolvi a equação.
Mais tarde, na aula de português,
em resposta a uma pergunta acerca do amor
e da esperança (era a véspera do dia da pátria),
sopesei as vírgulas, as palavras,
e num estilo sem faísca, serviçal
escrevi algo que sabia obter aprovação.
Lembrei-me a tempo de um ditado do avô:
a vida pune sempre os que mijam fora do
lamaçal.
(Velhos, Teatro de Vila Real, 2008)
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