03 maio 2008

Os americanos são tão nossos amigos 3

Em 1995 o assunto (da contaminação; da poluição) já deitava cheiro. Que foi feito? Nada. Dez anos depois o assunto fedia. Que foi feito? Nada. Os americanos defendem-se. Seleccionam e filtram a água. De borla. A população local, como é hábito, não foi tida nem achada. Para quê? São meia dúzia de almas ali no meio do mar.

No DI de hoje diz-se «relatórios norte-americanos de 1995 e 1998, (…) dão conta de vastas áreas, dentro e fora da base, contaminadas com hidrocarbonetos. Trabalhadores portugueses confirmam também terem participado em medições de fugas em pipelines, sendo que, conforme referem, as fugas “eram enormes”, mas na altura não foram reparadas.»

Os americanos têm, ou parecem ter, os portugueses na mão. O modo como as autoridades portuguesas tratam o assunto é bem o sinal disso. Diz o senhor André Bradford, representante dos Açores na Comissão de Acompanhamento do Acordo de Cooperação e Defesa entre Portugal e os Estados Unidos, «o Governo açoriano e a autarquia da Praia da Vitória vão avançar com um estudo para apurar o verdadeiro nível de poluição e perceber como ocorreu e, caso se confirme, apurar responsabilidades». Reparem bem como o senhor falar: caso se confirme… Se a coisa está em relatórios americanos!! Trata-se é de deixar cair o assunto em saco roto. Até porque nem o senhor Bradford nem a família dele vivem na Terceira. E o emprego do senhor Bradford é precisamente esse, fazer de conta que o que os açorianos pensam, mormente os terceirenses, encontra eco. E sorte dos americanos e do senhor Bradford, em Portugal as leis são brandas e os movimentos cívicos residuais. Se isto acontecesse em terras do Tio Sam outro galo cantaria e era bem capaz de o Tio Sam ter não só que providenciar à limpeza e tratamento de tudo, como abrir os cordões à bolsa e pagar elevadas maquias de indemnizações aos lesados. É que há gado à volta da base. Há gado a ser contaminado, e não sei se não haverá por aí cancros que estão directamente relacionados com a contaminação dos solos. Quem é das Lajes saberá se o número de cancros tem ou não aumentado nos últimos anos.

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