04 janeiro 2010

A sacrossanta mania do sucesso


Por terras lusas há muito boa gente a acreditar que sem ovos se fazem omeletas. E a coisa está de tal maneira que os responsáveis políticos pela educação querem à viva força sucesso. Nem que para isso tenham de aldrabar tudo. O importante é o sucesso, são as estatísticas.
O termo sucesso, desde que foi vulgarizado ao tempo do santo Cavaco, afigura-se-me viscoso. Tão viscoso que quando aplicado à educação legitima disparates e abandalha aquilo que devia ser a preocupação do estado: a formação dos cidadãos.
O problema dos portugueses é, como sempre foi, a má formação das classes dirigentes (empresários, políticos, doutores e afins). É uma péssima relação com tudo o que tenha a ver com raciocínio e intelecto. E, como se não bastasse, os muitos anos de ditadura ainda nos afastaram mais de um patamar de equilíbrio que existe noutros países europeus. Não que não se tenha realizado um trabalho meritório em muitos aspectos da educação. Passámos de um país cheio de analfabetos para um país escolarizado. mas ainda vai demorar até que essa escolarização traga resultados substanciais, pois, enquanto a miséria for o pão nosso de cada dia, são poucos os que ascendem socialmente fruto do seu nível de escolaridade. E, muito mais grave, menos ainda os que ficam de facto apetrechados para ler o mundo que os rodeia.
Que um em cada quatro alunos que abandona a escola secundária no Luxemburgo seja português, segundo um estudo do Ministério da Educação daquele país, só mostra que a relação que os portugueses têm com a escola ainda está cheia de alçapões, de buracos negros, de medos, de falhas.
Hoje há o culto do corpo. E são muitos os que se preocupam com o exercício e com a indumentária. Mas são poucos os que sabem que o cérebro precisa de ser exercitado para dar frutos. Mesmo que esses frutos signifiquem uma substancial melhoria da qualidade de vida.
De resto, baixa escolaridade corresponde quase sempre a baixos salários e os empresários adoram mão-de-obra barata.

2 comentários:

Joaquim Ferreira disse...

Haverá um gene responsável por isto? Será que a Ministra da Educação do Luxemburgo vai penalizar a avaliação dos professores por haver portugueses a abandonar a Escola? Só uma louca poderia fazer isso. E esse gene 8o da loucura!) parece que só ataca os Ministros em Portugal... Por cá, a Ministra insiste em avaliar os professores pelos alunos que se baldam.. Que faltam... Que abandonam a escola como se fosse culpa dos professores que nas aulas não haja Playstations motivadoras, Wi-ii's, Nintendo's Gameboy's etc. para motivar as crianças a vir para a escola. É que, a julgar pelo que estão a fazer à classe docente, quem quererá estudar e ser alguém academicamente para depois ser aqui, em praça pública e sem direito nem espaço para defesa, ser humilhado por todo e qualquer português, por mais ignorante que seja?!! Continuamos com o mesmo problema. Que vai fazer a nossa Ministra? Culpar e penalizar os professores luxemburgueses pelo abandono escolar dos filhos dos nossos compatriotas. Que esperavam? Eles não são tolos! Estudar? Para quê? Diplomas para que servem? Para depois serem achincalhados pelos políticos (ministro e caciques dos partidos!) e verem os "chicos espertos" a subir na sociedade?
Não Calarei A Minha Voz... Até Que O Teclado Se Rompa !

Joaquim Ferreira disse...

Voltei. Agora para comentar a Notícia. Afirmo categoricamente que a notícia de "O Público" está muito mal analisada... Vejamos:
No Luxemburgo "o abandono escolar por parte dos filhos dos portugueses teve um aumento de 49,8%. Não de cinco por cento como se noticia. Analise-se a verdade dos números. São frios e cruéis... Mas esta é que é a verdade. Em boa Matemática, claro. A leitura dos dados não pode ser outra. Com efeito, perguntará o leitor:" Não podem perder a verdadeira análise destes resultados... Em 2006/2007 abandonaram a escola 304 alunos portugueses, certo? Ok. Presentemente o abandono da escola por parte dos filhos dos emigrantes portugueses atingiu 454 alunos, certo? Então, não façam como Guterres. Se fizer falta peguem numa calculadora e vejam a percentagem. Apenas com o cálculo mental chegamos facilmente lá... E depressa vemos que é um aumento de quase metade dos 303 alunos que haviam abandonado em 2006/2007: (151 alunos a mais, quase mais metade dos que tinham abandonado no ano escolar 2006/2007, isto é, 303 + 151 = 504 alunos!). Logo, quase 50% de aumento de abandono escolar. Pesquisem ferreirablog seguida da frase "Alunos Portugueses Surpreendem no Luxemburgo" . Comentem....