29 outubro 2009

Os 50 anos de Astérix


A 29 de Outubro de 1959, surgia nas bancas francesas a revista "Pilote" e nela a figura de um homem baixo, mais astuto do que inteligente. Ao seu lado, um gordo desajeitado, com um menir às costas, incapaz de controlar uma força sobre-humana.
O homem baixo é Astérix, nome que provém da palavra francesa asterisque. Nasceu no ano 85 a. C., no mesmo dia que o seu inseparável Obélix (nome que provém do francês obelisque, ou seja, menir).
Narizes, indumentária, temperamento, força, apetite (coitados dos javalis) e um mesmo prazer em lutar contra os romanos fizeram dessa dupla uma das mais famosas do mundo.
Na aldeia dos irredutíveis gauleses, destaca-se ainda o druida Panoramix (autor da poção mágica), um chefe com pouca autoridade (Abraracurcix cujo nome significa à bras raccourcis, ou seja, braço partido), um peixeiro com horror a peixe fresco, Ordralfabetix (cujo nome significa ordem alfabética), um bardo com voz de cana rachada, Assurancetourix (cujo nome significa seguro contra todos os riscos), um ferreiro que usava o martelo mais para bater neste último do que para trabalhar na forja (Cétautomatix, ou seja, c'est automatique), Agecanonix, o habitante mais idoso da aldeia (93 anos), com um nome que indica a age canonique (idade provecta), e outros habitantes cujos nomes terminam sempre em "ix" e andam ciclicamente à pancada entre si, excepto quando se os romanos saem dos campos entrincheirados e fortificados que rodeiam a aldeia e levam bordoada de meia noite.
Cada história termina com um lauto repasto, cabendo ao bardo a honra de permanecer atado a uma árvore e com a boca tapada.
Na banda desenhada merece destaque o papel atribuído às mulheres da aldeia, sobretudo Bonemine, a mulher do chefe (mandona), e a do ancião (espécie de top model), além doutras importantes figuras femininas que vão surgindo de história em história.
As bases do sucesso foram os vários níveis de leitura presentes na obra, cativante para os mais novos pelas sucessivas tareias que os gauleses davam nos romanos, pelo ar bruto e ao mesmo tempo simpático de Obélix e do seu cão Idéfix (ecologista), e para os mais velhos pela mordaz crítica social e de costumes, pelo divertido retrato estereotipado que Goscinny traçou de cada um dos povos dos países que Astérix visitou.
Além disso, o cuidado com a linguagem (cada povo com os seus costumes e nomenclaturas), os trocadilhos, as caricaturas e outros pormenores conferem a cada história (sobretudo as que têm a assinatura de Goscinny) um sabor peculiar que se impregna na memória dos leitores.
E são muitos, espalhados por todos os continentes. Quanto ao nosso país, Astérix estreou-se no dia 4 de Maio de 1961, a preto e branco (no primeiro número da revista "Foguetão", dirigida por Adolfo Simões Muller que já tinha introduzido Tintin). O herói gaulês passou também pelas páginas do "Cavaleiro Andante" e do "Zorro", antes de se fixar na "Tintin", em 1968. No ano anterior, a Bertrand editou o primeiro álbum em português.
A entrada de Astérix no catálogo da ASA, em 2005, ficou marcada por uma nova tradução que aportuguesou os nomes de várias figuras: Idéfix passou a Ideiafix, o chefe Abraracourcix foi rebaptizado de Matasétix, a sua mulher Bonemine como Boapinta, o bardo Assurancetourix como Cacofonix e o velho Agecanonix tornou-se Decanonix.

Fontes: JN, Wikipedia I, II e III e Astérix around the world.

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