Não sei se vos acontece. Comigo é uma constante. A maior parte dos colunistas dos jornais aborrece-me. Escrevem com os pés e raramente dizem algo digno de registo. De vez em quando, contudo, dou de caras com alguém que não conheço e leio-o.
Não sei quem é Alberto Gonçalves, nem o que faz. Escreve no DN. E li o que suponho tratar-se de um comentário ao que de mais relevante o inquietou durante a semana passada.
Comoveu-me a história da sua infância. No 9.º ano, a professora de História deu-lhe um prémio surpresa por ter tido o melhor teste da turma. O prémio era... um volume da colecção Uma aventura. Alberto Gonçalves já na altura possuía qualidades acima da média. Lia Camus e Kafka, depois de, aos seis anos, ter passado pelos Cinco, de Enid Blyton.
O que me surpreendeu não foi o andar a ler Camus e Kafka, aos 14 anos. Mas tão-só o modo como ele os classifica: "Aos catorze, andava, provavelmente sem compreender, pelos Camus e Kafka da praxe." Ora, esse "da praxe" é que me soa mal. Eu, que sou um bocadinho mais velho e também era de ler muito, nunca vi colegas meus a lerem Camus. Aliás, contavam-se pelos dedos os que liam. Quase sempre Patinhas e afins ou a Bola e jornais de música (havia um, anterior ao Blitz, cujo nome não me ocorre, que tinha grande sucesso entre os fãs dos Pink Floyd ou dos AC-DC). Camus? Kafka? Isso era mais para gente crescida.
Pormenores à parte, registe-se o fervor pela cultura e o empenho com que motivava a família para a leitura: "Dei o livrinho a uma prima bebé e no 9.º ano não repeti os bons resultados a História. Embora a duras penas, aprendi nesse momento a incapacidade da docência em "motivar" as crianças. E aprendi o nome de Isabel Alçada, co-autora da mencionada colecção".
Como se sabe, os bebés possuem competências acima da média. Lêem abundantemente e manifestam especial predilecção pela colecção Uma aventura. Sobretudo se forem da família do Alberto.
A gente lê opiniões deste calibre e fica esmagada por tanta sabedoria. É por esta e por outras que desenvolvemos os nossos complexos de inferioridade.
Não sei quem é Alberto Gonçalves, nem o que faz. Escreve no DN. E li o que suponho tratar-se de um comentário ao que de mais relevante o inquietou durante a semana passada.
Comoveu-me a história da sua infância. No 9.º ano, a professora de História deu-lhe um prémio surpresa por ter tido o melhor teste da turma. O prémio era... um volume da colecção Uma aventura. Alberto Gonçalves já na altura possuía qualidades acima da média. Lia Camus e Kafka, depois de, aos seis anos, ter passado pelos Cinco, de Enid Blyton.
O que me surpreendeu não foi o andar a ler Camus e Kafka, aos 14 anos. Mas tão-só o modo como ele os classifica: "Aos catorze, andava, provavelmente sem compreender, pelos Camus e Kafka da praxe." Ora, esse "da praxe" é que me soa mal. Eu, que sou um bocadinho mais velho e também era de ler muito, nunca vi colegas meus a lerem Camus. Aliás, contavam-se pelos dedos os que liam. Quase sempre Patinhas e afins ou a Bola e jornais de música (havia um, anterior ao Blitz, cujo nome não me ocorre, que tinha grande sucesso entre os fãs dos Pink Floyd ou dos AC-DC). Camus? Kafka? Isso era mais para gente crescida.
Pormenores à parte, registe-se o fervor pela cultura e o empenho com que motivava a família para a leitura: "Dei o livrinho a uma prima bebé e no 9.º ano não repeti os bons resultados a História. Embora a duras penas, aprendi nesse momento a incapacidade da docência em "motivar" as crianças. E aprendi o nome de Isabel Alçada, co-autora da mencionada colecção".
Como se sabe, os bebés possuem competências acima da média. Lêem abundantemente e manifestam especial predilecção pela colecção Uma aventura. Sobretudo se forem da família do Alberto.
A gente lê opiniões deste calibre e fica esmagada por tanta sabedoria. É por esta e por outras que desenvolvemos os nossos complexos de inferioridade.
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