31 outubro 2009

Ana Luísa Ribeiro Prémio Amadeo de Souza-Cardoso 2009




Ana Luísa Ribeiro ganhou o Prémio Amadeo de Sousa-Cardoso, com a obra "Sem título (subject matter)".
O prémio, com periodicidade bienal, é organizado conjuntamente pela autarquia e pelo Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso e tem duas vertentes.
Nascida em Lisboa, em 1962, Ana Ribeiro vive e trabalha em Colónia (Alemanha), Berlim e Lisboa. Frequentou, entre 1981 e 1986, o curso de Bioquímica, na Universidade de Coimbra e Lisboa, e, em 1988, o Programa de Estudos Básicos, no Centro de Arte e Comunicação Visual (Ar.Co.), em Lisboa.
De 1994 a 1999, a artista foi bolseira da Fundação C. Gulbenkian para frequentar um “MA in Fine Art“, no Goldsmiths College - University of London.

30 outubro 2009

Touched

O estado comatoso do país visto por um escultor



Tem a palavra José Rodrigues: "Lisboa, parecendo que não, estrangulou o país, e sente-se muito esse peso, esse estrangulamento. É uma coisa aflitiva."
"Eu só acredito na troca de ideias e, sobretudo, em pessoas que não pensam da mesma maneira. Há uma tendência, em Portugal, para seguir o líder e passarem todos a pensar da mesma maneira - e não é só na política. É preciso haver contradição. Só a diferença é criativa. Se não, não vale a pena."

Entrevista aqui.

Michelangelo Merisi da Caravaggio



Caravaggio pintou o seu auto-retrato no interior do jarro de vinho visível à direita de Baco, no famoso quadro do deus romano existente na Galeria dos Ofícios, em Florença.
No interior do jarro, Caravaggio pintou a silhueta de um homem, de pé, com um braço estendido. Alguns traços do vulto são claramente distinguíveis, em particular o nariz e os olhos, sendo também visível o colarinho. Os especialistas crêem poder hoje dizer-se que o pintor (1573-1610) fez o seu auto-retrato reflectido no jarro que tinha à sua frente e que estava a pintar.
O quadro, a óleo, com 95x85 centímetros, foi pintado entre 1596 e 1597, por encomenda do cardeal Del Monte para o oferecer a Fernando I de Medici, por ocasião do casamento do filho Cosimo II.

Fontes: JN e La Stampa

29 outubro 2009

Carlos Bessa

Nas traseiras dos prédios

Noite de abril. Ouvem-se as gaivotas
nas traseiras desses prédios com varandas
forradas a marquises. Chove e a roupa
nas cordas, tapada com plásticos, dá-lhes
um ar de fotografia surrealista.

Jantam, as pessoas. Algumas, antes ou
depois, fazem da janela o lugar do
fumo. Quase todas às escuras, como
quem tolera pequenos prazeres, logo
que discretos. E que barulho o das pingas
grossas que vêm dos andares de cima.

Alguém abre uma janela e sacode
a toalha, as migalhas, esses restos
de convívio. Há alguns anos eram
menos velhos e andavam na rua
a festejar o fim de uma rotina.

Os filhos estão longe, com ou sem família.
Já donos, proprietários de tanto
conforto com mesa farta e problemas
de coluna. Nas traseiras destes prédios
antigos está escuro, muito escuro,
e nas cozinhas demasiado pequenas
o frio é menor com humor e notícias.

Passaram as ilusões, mesmo as das
revistas hardcore compradas às escondidas.
Agora, com o afecto sempre na reserva,
pensam nas muitas maneiras de morrer.
Chove e, furtivamente, com o som
de fundo dos concursos e doutras histórias
televisivas, abril volta a ser o
mais cruel dos meses e a alegria
parece reduzir-se a um cigarro que
se partilha em silêncio com os vizinhos.

in Dezanove maneiras de fazer a mesma pergunta, Teatro de Vila Real, 2007, pp. 20-21

Norah Jones - Sunrise

Bobby McFerrin - Don't Worry Be Happy

Os 50 anos de Astérix


A 29 de Outubro de 1959, surgia nas bancas francesas a revista "Pilote" e nela a figura de um homem baixo, mais astuto do que inteligente. Ao seu lado, um gordo desajeitado, com um menir às costas, incapaz de controlar uma força sobre-humana.
O homem baixo é Astérix, nome que provém da palavra francesa asterisque. Nasceu no ano 85 a. C., no mesmo dia que o seu inseparável Obélix (nome que provém do francês obelisque, ou seja, menir).
Narizes, indumentária, temperamento, força, apetite (coitados dos javalis) e um mesmo prazer em lutar contra os romanos fizeram dessa dupla uma das mais famosas do mundo.
Na aldeia dos irredutíveis gauleses, destaca-se ainda o druida Panoramix (autor da poção mágica), um chefe com pouca autoridade (Abraracurcix cujo nome significa à bras raccourcis, ou seja, braço partido), um peixeiro com horror a peixe fresco, Ordralfabetix (cujo nome significa ordem alfabética), um bardo com voz de cana rachada, Assurancetourix (cujo nome significa seguro contra todos os riscos), um ferreiro que usava o martelo mais para bater neste último do que para trabalhar na forja (Cétautomatix, ou seja, c'est automatique), Agecanonix, o habitante mais idoso da aldeia (93 anos), com um nome que indica a age canonique (idade provecta), e outros habitantes cujos nomes terminam sempre em "ix" e andam ciclicamente à pancada entre si, excepto quando se os romanos saem dos campos entrincheirados e fortificados que rodeiam a aldeia e levam bordoada de meia noite.
Cada história termina com um lauto repasto, cabendo ao bardo a honra de permanecer atado a uma árvore e com a boca tapada.
Na banda desenhada merece destaque o papel atribuído às mulheres da aldeia, sobretudo Bonemine, a mulher do chefe (mandona), e a do ancião (espécie de top model), além doutras importantes figuras femininas que vão surgindo de história em história.
As bases do sucesso foram os vários níveis de leitura presentes na obra, cativante para os mais novos pelas sucessivas tareias que os gauleses davam nos romanos, pelo ar bruto e ao mesmo tempo simpático de Obélix e do seu cão Idéfix (ecologista), e para os mais velhos pela mordaz crítica social e de costumes, pelo divertido retrato estereotipado que Goscinny traçou de cada um dos povos dos países que Astérix visitou.
Além disso, o cuidado com a linguagem (cada povo com os seus costumes e nomenclaturas), os trocadilhos, as caricaturas e outros pormenores conferem a cada história (sobretudo as que têm a assinatura de Goscinny) um sabor peculiar que se impregna na memória dos leitores.
E são muitos, espalhados por todos os continentes. Quanto ao nosso país, Astérix estreou-se no dia 4 de Maio de 1961, a preto e branco (no primeiro número da revista "Foguetão", dirigida por Adolfo Simões Muller que já tinha introduzido Tintin). O herói gaulês passou também pelas páginas do "Cavaleiro Andante" e do "Zorro", antes de se fixar na "Tintin", em 1968. No ano anterior, a Bertrand editou o primeiro álbum em português.
A entrada de Astérix no catálogo da ASA, em 2005, ficou marcada por uma nova tradução que aportuguesou os nomes de várias figuras: Idéfix passou a Ideiafix, o chefe Abraracourcix foi rebaptizado de Matasétix, a sua mulher Bonemine como Boapinta, o bardo Assurancetourix como Cacofonix e o velho Agecanonix tornou-se Decanonix.

Fontes: JN, Wikipedia I, II e III e Astérix around the world.

28 outubro 2009

Quotas



Os ministérios que realmente importam são ocupados por portugueses. Os que são mais ou menos decorativos têm o rosto de portuguesas. Os portugueses não sofrem do dilema dos atletas de alta competição. E as portuguesas também não. Por isso, apenas podemos destacar o ar etéreo da nova ministra da cultura, quiçá a pensar na beleza decorativa do palácio presidencial. Ou o ar descontraído (as aparências iludem, claro) da senhora ministra da educação parlamentando com a antecessora, que diz entre risadinhas: perdi o pais, mas ganhei os professores. Note-se como a nova ministra ri comprometida, sem perder a compostura. A compostura é muito importante num ministro, sobretudo em se tratando de portuguesas.
O protocolo será rigoroso, mas os ministros têm tempo para passarem pelas brasas e para enfrentarem, estoicamente, as provas de contágio da gripe A, de tal modo dão uso à mãozinha (não sabemos se peganhenta, se perfumada com água de rosas).
Acrescentemos quão belo é ver um governo cheio de rostos de portuguesas.

27 outubro 2009

Sobre a petição de apoio a Pedro Lapa

Pedro Lapa dirigia o Museu do Chiado (Lisboa) desde 1998. Foi substituído. E houve quem não gostasse e pusesse a circular uma petição, que transcrevemos abaixo. A pesar da divulgação da mesma, conta ainda com muito poucas assinaturas. O que mostra duas coisas: o desinteresse que o assunto provoca na população que lê jornais e a ignorância sobre a arte contemporânea.
Há certamente razões particulares por parte de pessoas que já assinaram. Há solidariedade doutras. E isso também mostra como a arte contemporânea é assunto de minorias, apesar de movimentar quantias avultadas. Além de revelar o pouco que se tem feito na educação dos mais novos. Os lugares comuns são moeda corrente entre quase toda a gente.
Lisboa, apesar da sua condição de capital e da urbanidade de alguns dos seus moradores, viveu demasiado tempo à sombra da Gulbenkian e quando a fonte fechou, o Estado não foi capaz de criar dinâmicas que permitissem à capital continuar a ser um pólo artístico. E não será por falta de diálogo entre os agentes, pois os que estão ao serviço do Estado chegaram lá por terem começado a actividade em galerias, jornais e afins. Falta, como se viu no caso Berardo, visão empresarial por parte das empresas e da banca. Lisboa não tem um museu que seja capaz de chamar gente.
Pedro Lapa fez o que pôde no Museu do Chiado. Os recursos não eram avantajados. Mas porque tem um museu que viver sempre à custa do dinheiro dos contribuintes? Não serão capazes de seduzir empresários, banqueiros e outros abonados?

Transcrição da

Petição Manifesto de Opinião

"No concurso para Director do Museu do Chiado que decorre das regras que regem os Museus do Instituto dos Museus e da Conservação, Pedro Lapa, seu actual director e candidato à recondução, foi preterido na escolha para o cargo.
Pedro Lapa é uma das pessoas que tem contribuído, de forma continuada e consistente, para a divulgação da arte portuguesa. Possui um extenso curriculum, no qual avultam as inúmeras exposições que comissariou, a forma como tem trabalhado para a preservação da memória da arte moderna portuguesa com a edição de monografias e retrospectivas hoje incontornáveis para a História da Arte, a combatividade com que tem dirigido um Museu espartilhado por um orçamento aviltantemente insuficiente. Com enorme perseverança lutou no sentido de tornar possível o alargamento do Museu do Chiado, tendo conseguido reunir um consenso particularmente difícil no sentido de reunir as condições para a sua expansão, o que, finalmente, poderia estar em vista. Se assim é, a sua experiência como Director de Museu seria, agora, fundamental – não só pelo extenso conhecimento da colecção que possui, como pela capacidade que revelou de constituir e manter uma equipa em torno do projecto deste Museu, contra todas as vicissitudes.
Nesse sentido, a sua substituição à frente do Museu do Chiado é incompreensível para todos aqueles que têm acompanhado o seu percurso institucional, independentemente das eventuais diferenças de perspectiva sobre a sua orientação artística.
Em Portugal há o estranho hábito de não rentabilizar o saber, o conhecimento e a experiência. Na cultura, onde estas características assumem uma importância determinante, o cuidado em manter nos lugares certos quem pode constituir uma mais-valia deveria orientar as escolhas.
E esta estranheza é tanto maior quanto não se conhece, pelo menos ela nunca foi tornada pública, nenhuma directiva programática por parte da tutela (Ministério da Cultura e Instituto dos Museus e da Conservação), no que concerne o papel e missão do Museu do Chiado no contexto e definição das políticas nacionais para a arte contemporânea.
A direcção de Pedro Lapa, ultrapassando essa ausência de orientação, teve uma visão inovadora da colecção nacional de arte moderna e contemporânea do único museu estatal com essa vocação, trazendo novas interpretações à colecção até então nunca realizadas.
Os abaixo-assinados solidarizam-se com Pedro Lapa e manifestam a maior estranheza e discordância pelo seu afastamento da direcção da instituição que tem sabido dirigir e manter activa."

Bullet time

Matrix mostrou-nos as potencialidades da técnica. A série de TV CSI Las Vegas usa-a para mostrar um momento de tensão no laboratório. Os efeitos são magistrais.



26 outubro 2009

E-mail e banner


A primeira mensagem de correio electrónico entre dois computadores (e-mail em rede) situados em locais distantes foi enviada em 29 de Outubro de 1969, quase dois meses depois do primeiro nó que deu origem à Internet.
O texto dessa primeira mensagem continha apenas duas letras e um ponto - "LO.". O investigador da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) Leonard Kleinrock queria escrever "LOGIN", mas o sistema foi abaixo a meio da transmissão.
A mensagem seguiu do computador do laboratório de Kleinrock na UCLA para o de Douglas Engelbart no Stanford Research Institute, utilizando como suporte a recém-criada rede da ARPA (Advanced Research Projects Agency), agência financiada pelo governo norte-americano.
O primeiro nó de ligação entre dois computadores da Arpanet tinha sido estabelecido pouco tempo antes, em 02 de Setembro de 1969, pelo que a história da Internet e do e-mail em rede se confundem.
No início da década de 1960, surgiram alguns sistemas de troca de mensagens entre terminais de um mesmo computador, em tempo diferido (1961) e em tempo real (1965), mas o primeiro e-mail em rede foi transmitido apenas em 1969.
Dois anos depois, em 1971, Ray Tomlinson inventou os primeiros programas para envio de e-mails em rede através da Arpanet e criou a arroba ("at", em Inglês - @) para separar o login do utilizador do domínio do servidor.
Em 1976, a rainha de Inglaterra, Isabel II, enviou o seu primeiro e-mail, e em 1978 surgiu o primeiro spam, entendido como mensagem de correio electrónico enviada para múltiplos destinatários sem consentimento destes.
Quarenta anos depois, 70 por cento dos e-mails enviados diariamente são "spam", uma "praga" que acompanha o crescimento dos vírus e do marketing na Internet, mas que tem sido combatida, com relativo sucesso, por diversos sistemas de filtragem entretanto desenvolvidos.
O "spam" não é, contudo, o único adversário do e-mail, que encontra cada vez mais concorrentes noutros sistemas de comunicação de texto, áudio e vídeo, de envio de ficheiros e de troca de mensagens instantâneas, através de ferramentas como o Messenger, Skype e Twitter, a que se juntará em breve o Google Wave.
Bem mais recente é o banner publicitário, com apenas 15 anos. A cargo da HotWired que o descarregou no dia 27 de Outubro de 1994, para servir empresas como a ATT, Volvo, Club Med e MCI. O banner, como podem ver, era bastante singelo, tanto mais que algumas das empresas ainda não possuíam página web e clicava-se para ir até uma página em construção.
O banner tinha 468x60 píxeles e os clientes da campanha inaugural da HotWired gastaram 400 mil dólares. HotWired tinha então 25 mil leitores na sua lista de correio electrónico e pediram por isso a cada anunciante 30 mil dólares.

25 outubro 2009

Dos génios que têm coluna fixa nos jornais

Não sei se vos acontece. Comigo é uma constante. A maior parte dos colunistas dos jornais aborrece-me. Escrevem com os pés e raramente dizem algo digno de registo. De vez em quando, contudo, dou de caras com alguém que não conheço e leio-o.
Não sei quem é Alberto Gonçalves, nem o que faz. Escreve no DN. E li o que suponho tratar-se de um comentário ao que de mais relevante o inquietou durante a semana passada.
Comoveu-me a história da sua infância. No 9.º ano, a professora de História deu-lhe um prémio surpresa por ter tido o melhor teste da turma. O prémio era... um volume da colecção Uma aventura. Alberto Gonçalves já na altura possuía qualidades acima da média. Lia Camus e Kafka, depois de, aos seis anos, ter passado pelos Cinco, de Enid Blyton.
O que me surpreendeu não foi o andar a ler Camus e Kafka, aos 14 anos. Mas tão-só o modo como ele os classifica: "Aos catorze, andava, provavelmente sem compreender, pelos Camus e Kafka da praxe." Ora, esse "da praxe" é que me soa mal. Eu, que sou um bocadinho mais velho e também era de ler muito, nunca vi colegas meus a lerem Camus. Aliás, contavam-se pelos dedos os que liam. Quase sempre Patinhas e afins ou a Bola e jornais de música (havia um, anterior ao Blitz, cujo nome não me ocorre, que tinha grande sucesso entre os fãs dos Pink Floyd ou dos AC-DC). Camus? Kafka? Isso era mais para gente crescida.
Pormenores à parte, registe-se o fervor pela cultura e o empenho com que motivava a família para a leitura: "Dei o livrinho a uma prima bebé e no 9.º ano não repeti os bons resultados a História. Embora a duras penas, aprendi nesse momento a incapacidade da docência em "motivar" as crianças. E aprendi o nome de Isabel Alçada, co-autora da mencionada colecção".
Como se sabe, os bebés possuem competências acima da média. Lêem abundantemente e manifestam especial predilecção pela colecção Uma aventura. Sobretudo se forem da família do Alberto.
A gente lê opiniões deste calibre e fica esmagada por tanta sabedoria. É por esta e por outras que desenvolvemos os nossos complexos de inferioridade.

Bué de baril ou baril de bué ou nice ou sei lá

Anda a circular de mail em mail a composição de um aluno do 9.º ano. Se é de um aluno do 9.º ano está altamente. E mostra à saciedade que o acordo ortográfico está desactualizado. O que se destaca, no entanto, é o sentido de humor e, isso, convenhamos, é algo precioso. A grafia usada corresponde à da geração lelé ou telelé.
Aqui vai.

REDAXÃO

'O PIPOL E A ESCOLA'


Eu axo q os alunos n devem d xumbar qd n vam á escola. Pq o aluno tb tem
Direitos e se n vai á escola latrá os seus
motivos pq isto tb é perciso ver q á razões qd um aluno não vai á escola.
Primeiros a peçoa n se sente
motivada pq axa q a escola e a iducação estam uma beca sobre alurizadas.
Valáver, o q é q intereça a um bacano se o quelima de trásosmontes é munto
Montanhoso? Ou se a ecuação é exdruxula ou alcalina? Ou cuantas estrofes tem
um cuadrado? Ou se um angulo é paleolitico ou espongiforme? Hã?
E ópois os setores ainda xutam preguntas parvas tipo cuantos cantos tem 'os Lesiades''s, q é u m livro xato e q
n foi escrevido c/ palavras normais mas q no aspequeto é como outro qq e só pode ter 4 cantos comós outros,
daaaah.
Ás veses o pipol ainda tenta tar cos abanos em on, mas os bitaites dos profes até dam gomitos e a Malta
re-sentesse, outro dia um arrotou q os jovens n tem abitos de leitura e q a Malta n sabemos ler nem escrever e
a sorte do gimbras foi q ele h-xoce bué da rapido e só o 'garra de lin-chao' é q conceguiu assertar lhe com um sapato.
Atão agora aviamos de ler tudo qt é livro desde o Camóes até á idade média e por aí fora, qués ver???
O pipol tem é q aprender cenas q intressam como na minha escola q á um curço de otelaria e a Malta aprendemos a faser lã pereias e ovos mois e piças de xicolate q são assim tipo as pecialidades da rejião e ópois pudemos
ganhar um gravetame do camandro. Ah poizé.
Tarei a inzajerar?

23 outubro 2009

Black Eyed Peas - Hey Mama

No dia 4 de Fevereiro de 2010 recebemos a informação de que o conteúdo deste post ofende a indústria discográfica e os direitos de autor.
Aqui fica a nota:

Blogger has been notified, according to the terms of the Digital Millennium Copyright Act (DMCA), that certain content in your blog is alleged to infringe upon the copyrights of others. As a result, we have reset the post(s) to "draft" status. (If we did not do so, we would be subject to a claim of copyright infringement, regardless of its merits. The URL(s) of the allegedly infringing post(s) may be found at the end of this message.) This means your post - and any images, links or other content - is not gone. You may edit the post to remove the offending content and republish, at which point the post in question will be visible to your readers again.

A bit of background: the DMCA is a United States copyright law that provides guidelines for online service provider liability in case of copyright infringement.

22 outubro 2009

Andar nu em casa é crime


Andar nu na própria casa é perigoso. Que o diga Eric Williamson. Era muito cedo e apeteceu-lhe tomar um café. Mas, que raio, uma mulher e uma criança iam a passar na rua e viram o pirilau do homem. A mulher ficou escandalizada e chamou a polícia. A polícia deteve Eric Williamson, a pretexto de exibição pública das partes.
Viver na América é complicado. Não é?



Carlos Martínez Rivas

No

Me presentan mujeres de buen gusto
Y hombres de buen gusto
Y últimos matrimonios de buen gusto
Decoradores bien avenidos viviendo en medio
de un miserable e irreprochable buen gusto.
Yo sólo disgusto tengo.

Un excelente disgusto, creo.

[in Visiones de lo real en la poesía hispanoamericana, DVD, 2001, pág.146]

Pequeña Moral

Van dirigidas estas líneas a quien poseyó:

la Belleza, sin la arrogancia
la Virtud, sin la gazmoñería
la Coquetería, sin la liviandad
el Desinterés, sin la desesperación
el Ingenio, sin la mofa
la Ingenuidad, sin la ignorancia

todas las trampas de la feminidad, sin usarlas.


Mais poemas aqui.

César Dávila Andrade (1919 - 1967)

En qué lugar

Quiero que me digas; de cualquier
modo debes decirme,
indicarme. Seguiré tu dedo, o
la piedra que lances
haciendo llamear, en ángulo, tu codo.

Allá, detrás de los hornos de quemar cal,
o más allá aún,
tras las zanjas en donde
se acumulan las coronas alquímicas de Urano
y el aire chilla, como jengibre,
debe de estar Aquello.

Tienes que indicarme el lugar
antes de que este día se coagule.

Aquello debe tener el eco
envuelto en sí mismo,
como una piedra dentro de un durazno.

Tienes que indicarme, tú,
que reposas más allá de la Fe
y de la Matemática.

¿Podré seguirlo en el ruido que pasa
y se detiene
súbitamente
en la oreja de papel?

¿Está, acaso, en ese sitio de tinieblas,
bajo las camas,
en donde se reúnen
todos los zapatos de este mundo?

[in Visiones de lo real en la poesía hispanoamericana, DVD, 2001, pp.91-2]

21 outubro 2009

Pole Dance

Vinte e duas mulheres disputaram o concurso Misse Dança do Varão da América do Sul 2009, na Argentina. Venceu Rafaela Montenero do Brasil.
Esta é uma dança que nasceu na noite londrina e acabou por se tornar numa competição Mundial. Este ano a vencedora do Miss Mundo Dança do Varão 2009 foi a australiana Felix Crane.




20 outubro 2009

Nicanor Parra

Advertencia al lector

El autor no responde de las molestias que puedan ocasionar sus escritos:
Aunque le pese,
El lector tendrá que darse siempre por satisfecho.
Sabelius, que además de teólogo fue un humorista consumado,
Después de haber reducido a polvo el dogma de la Santísima Trinidad
¿Respondió acaso de su herejía?
Y si llegó a responder, ¡cómo lo hizo!
¡En qué forma descabellada!
¡Basándose en qué cúmulo de contradicciones!

Según los doctores de la ley este libro no debiera publicarse:
La palabra arco iris no aparece en él en ninguna parte,
Menos aún la palabra dolor,
La palabra torcuato.
Sillas y mesas sí que figuran a granel,
¡Ataúdes!, ¡útiles de escritorio!
Lo que me llena de orgullo
Porque, a mi modo de ver, el cielo se está cayendo a pedazos.

Los mortales que hayan leído el Tractatus de Wittgenstein
Pueden darse con una piedra en el pecho
Porque es una obra difícil de conseguir:
Pero el Círculo de Viena se disolvió hace años,
Sus miembros se dispersaron sin dejar huella
Y yo he decidido declarar la guerra a los cavalieri della luna.

Mi poesía puede perfectamente no conducir a ninguna parte:
"¡Las risas de este libro son falsas!", argumentarán mis detractores
"Sus lágrimas, ¡artificiales!"
"En vez de suspirar, en estas páginas se bosteza"
"Se patalea como un niño de pecho"
"El autor se da a entender a estornudos".
Conforme: os invito a quemar vuestras naves,
Como los fenicios pretendo formarme mi propio alfabeto.

"¿A qué molestar al público entonces?", se preguntarán los amigos lectores:
"Si el propio autor empieza por desprestigiar sus escritos,
¡Qué podrá esperarse de ellos!"
Cuidado, yo no desprestigio nada
O, mejor dicho, yo exalto mi punto de vista,
Me vanaglorio de mis limitaciones
Pongo por las nubes mis creaciones.

Los pájaros de Aristófanes
Enterraban en sus propias cabezas
Los cadáveres de sus padres.
(Cada pájaro era un verdadero cementerio volante)
A mi modo de ver
Ha llegado la hora de modernizar esta ceremonia
¡Y yo entierro mis plumas en la cabeza de los señores lectores!


[in Páginas en blanco, X Premio Reina Sofía de Poesía Iberoamericana, Ediciones Universidad Salamanca, 2001, pp.130-131]


Epitafio


De estatura mediana,
Con una voz ni delgada ni gruesa,
Hijo mayor de profesor primario
Y de una modista de trastienda;
Flaco de nacimiento
Aunque devoto de la buena mesa;
De mejillas escuálidas
Y de más bien abundantes orejas;
Con un rostro cuadrado
En que los ojos se abren apenas
Y una nariz de boxeador mulato
Baja a la boca de ídolo azteca
-Todo esto bañado
Por una luz entre irónica y pérfida-,
Ni muy listo ni tonto de remate
Fui lo que fui: una mezcla
De vinagre y aceite de comer
¡Un embutido de ángel y bestia!

[idem, pág. 129]


Autorretrato


Considerad, muchachos,
esta lengua roída por el cáncer:
Soy profesor en un liceo obscuro,
He perdido la voz haciendo clases.
(Después de todo o nada
Hago cuarenta horas semanales).
¿Qué os parece mi cara abofeteada?
¡Verdad que inspira lástima mirarme!
Y qué decís de esta nariz podrida
por la cal de la tiza degradante.

En materia de ojos, a tres metros
No reconozco ni a mi propia madre.
¿Qué me sucede? –Nada.
Me los he arruinado haciendo clases:
La mala luz, el sol,
La venenosa luna miserable.
Y todo ¡para qué!
Para ganar un pan imperdonable
Duro como la cara del burgués
Y con olor y con sabor a sangre.
¡Para qué hemos nacido como hombres
Si nos dan una muerte de animales!

Por el exceso de trabajo, a veces
Veo formas extrañas en el aire,
Oigo carreras locas,
Risas, conversaciones criminales.
Observad estas manos
Y estas mejillas blancas de cadáver,
Estos escasos pelos que me quedan.
¡Estas negras arrugas infernales!
Sin embargo yo fui tal como ustedes,
Joven, lleno de bellos ideales
Soñé fundiendo el cobre
Y limando las caras del diamante:
Aquí me tienen hoy
Detrás de este mesón inconfortable
Embrutecido por el sonsonete
De las quinientas horas semanales.

[idem, pp. 125-126]

Com pequenas variantes, estes poemas podem ser encontrados aqui, a par de muitos outros.

Saramago tem o dom de incomodar o PSD


O cidadão Mário David pode ter as opiniões que quiser. O eurodeputado Mário David, ao falar, fá-lo em nome do seu estatuto, logo em nome do PSD. O PSD tem um historial de conflito com Saramago que abona pouco em favor do sentido democrático. Há anos, um ministro da cultura do PSD quis também ficar bem visto aos olhos católicos da nação e o tiro saiu-lhe pela culatra. Agora o eurodeputado sente-se lesado e ataca as opiniões iconoclastas de Saramago.
Saramago tem essa vantagem, é escritor, ganhou um prémio que amplificou o seu nome e o da sua obra e há muito faz gala das suas opiniões, que de quando em quando tempera com um grãozinho de polémica. Os escritores servem para isso mesmo. Abençoadas as pátrias que tais autores possuem.
Mário David é uma daquelas figuras que ninguém em Portugal conhece, apesar de ser vice-presidente do Partido Popular Europeu. É uma daquelas figuras que por relações familiares e de amizade entrou no viscoso mundo da carreira política sem que haja notícia de algum relevante contributo para o país que o elege. E que se envergonha de ser compatriota de Saramago.
Nós envergonhamo-nos de ter deputados tão medíocres. De um deputado espera-se que possua no mínimo capacidade de argumentação e habilidade retórica. Mário David não possui manifestamente nenhum desses dons. Os impropérios que diz de Saramago poderiam ter sido ditos por qualquer imbecil.
Não sabemos se Mário David é ou não imbecil. Parece-nos no entanto que se anda a esforçar muito.

19 outubro 2009

John de Andrea





Beleza e prazer, morte e orgasmo: escultura, pintura, fotografia e vídeo


A história do erotismo é a história da humanidade e é também, portanto, a história da Arte. Diz Ángeles García num artigo de hoje do El País.
"O erotismo está em todas as nossas relações e é a melhor forma de chegar a todo o mundo." Opinião de Guillermo Solana, conservador chefe do Museu Thyssen.

18 outubro 2009

Saramago dixit


José Saramago disse, em Penafiel, "a Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana".
"A Bíblia passou mil anos, dezenas de gerações, a ser escrita, mas sempre sob a dominante de um Deus cruel, invejoso e insuportável. É uma loucura!"
"O Corão, que foi escrito só em 30 anos, é a mesma coisa. Imaginar que o Corão e a Bíblia são de inspiração divina? Francamente! Como? Que canal de comunicação tinham Maomé ou os redactores da Bíblia com Deus, que lhes dizia ao ouvido o que deviam escrever? É absurdo. Nós somos manipulados e enganados desde que nascemos!"
"Deus só existe na nossa cabeça, é o único lugar em que nós podemos confrontar-nos com a ideia de Deus. É isso que tenho feito, na parte que me toca".

17 outubro 2009

Meridianos, paralelos e novas teorias celestes


Maria de Lurdes Rodrigues podia ser uma gestora de topo na France Telecom. Tem ou desenvolveu dotes de terrorista. Fala e os subordinados reagem, alguns como se fossem militantes do PP, enfatizando a segurança.
Lurdes Rodrigues continua o seu trabalho de terror. Diz, entre outras coisas, que as escolas devem enfrentar o "desafio da qualidade das aprendizagens dos alunos", pelo que "serão cada vez mais solicitadas a responder pelos resultados obtidos pelos seus alunos". Ao dizê-lo está a querer passar a mensagem de que com a avaliação os professores serão directamente responsabilizados pelos resultados dos alunos, ou seja, está subrepticiamente a induzi-los a facilitar a vida aos alunos para que estes transitem sempre de ano. Mas não o faz, claro, com a mesma ingenuidade com que o fazia de início. Não. Coloca o enfoque na "qualidade". Termo vazio de sentido, pois em lado nenhum está definido o que seja qualidade. Mas como é um chavão que sindicatos e professores usaram contra as ditas políticas que ela e o governo em que estava traçaram, Marilu tenta voltar o feitiço contra o feiticeiro.
De facto, cada vez mais a educação é uma fachada. Interessa pouco o tipo de aprendizagem que se leva a cabo. Importa sobremaneira o resultado final: que os alunos passem sempre de ano e que Portugal possa apresentar taxas de sucesso muito elevadas. De resto, os pais que ainda se preocupam cada vez mais deslocam os seus filhos para escolas privadas, com pergaminhos e provas dadas, de forma a que eles possam estar habilitados a "grandes desafios".
Atente-se no modo como Marilu não esquece este pequeno mas significativo grupo: "Se aceitamos a escolaridade longa, precisamos de aceitar que todos podem aprender e ser ensinados, mesmo os que têm dificuldades ou menos motivação", uma incumbência que disse caber também às famílias e empresas, que devem ser mais exigentes em relação ao nível de educação dos jovens.
Ela aprendeu muito. Sabe agora como dizer as coisas, embora ainda não consiga que a sua comunicação seja eficaz. Dividiu demasiado para que isso seja possível.
Em Portugal ninguém é impedido de frequentar a escola, seja qual for o nível de ensino. Ainda que ao ouvir Marilu se seja levado a supor que isso acontece. No entanto, para cumprir a meta da obrigatoriedade de 12 anos de escolaridade, o grau de exigência do ensino vai ter de baixar ainda mais. Marilu sabe-o bem. Sabe que os professores do ensino secundário ainda resistem ao "eduquês". Mas vão ser obrigados a papaguear o "eduquês" com a mesma convicção com que Marilu o faz. Em Portugal vai-se descobrir uma maneira de pôr a população toda a gostar de óleo de fígado de bacalhau. Porque Sócrates e Marilu e muita outra gente assim o quer. Um querer que lhes vem de prestígios que desejam obter, de manias que tanto assimilaram que se tornaram incapazes de perceber que não passam de manias, senão mesmo de puros disparates. Mas, como sempre assim é, vamos andar uma geração a querer demonstrar que a Terra está no centro do universo e quando, depois de tanta cabeçada e dores de cabeça, se chegar lentamente à conclusão de que as premissas estavam erradas, vão inventar novas maneiras de demonstrar que a Terra é plana e paralelipípeda.
O terror é isto. Constranger as pessoas a tomar as ilusões pela realidade.

15 outubro 2009

O medíocre jornalismo cultural português


De cada vez que um escritor é notícia, esta aparece redigida à boa maneira dos tabeliães. Uma lista de prémios com meia dúzia de informações biobliográficas pelo meio.
Os escritores são apreciados nos jornais pela bitola do comércio: os que vendem muito (os muito bons) e os que vendem pouco (de que não se fala, a não ser que sejam estrangeiros e cheguem às redacções com press-release de editoras fortes (que vendem muito).
O resto é um imenso vazio. O espaço da crítica foi esvaziado em tudo o que é jornal e o gosto pela literatura é cada vez mais coisa de minorias.
A chatice é haver minorias altamente exigentes e influentes. Embora, reconheçamo-lo, cada vez menos influentes, pois as faculdades de Letras são cada vez mais lugares intragáveis que detestam tanto a literatura quanto os jornalistas (é uma generalização, claro, pois ainda há jornalistas que sabem ler e lêem).
Vejam como um jornal se refere a Agustina Bessa-Luís. A gente lê aquilo e dá vómitos. Parece que estão a falar de alguém desconhecido, quando se trata de um dos nossos melhores escritores vivos.
O que se passa aqui não é muito diferente do que sucede noutros países, quanto a jornais. A diferença é que noutros países as universidades funcionam melhor e há revistas da especialidade.

14 outubro 2009

Dedipix o novo fenómeno





Os adolescentes em França inventaram uma nova moda: escrever dedicatórias no peito ou nas nádegas em troca de comentários nos blogues.
O fenómeno denominado "dedipix" (expressão que junta as palavras "dedicatória" e "pixel") alastrou entre os mais jovens, essencialmente na faixa etária dos 15 aos 25 anos.
O desejo de popularidade é a principal razão que leva a este tipo de exibicionismo. O que recebem em troca? Comentários nos seus blogues. É uma espécie de toma lá, dá cá digital. As jovens escrevem os nomes dos “anunciantes” no corpo e em troca eles deixam comentários. Quanto mais ousada é a parte do corpo em que escrevem a dedicatória, mais comentários recebem. É um ciclo que se alimenta a si próprio.
Há pouco tempo, alguém se lembrou de espicaçar o desejo de popularidade com mensagens deste tipo: “envia-me uma fotografia de uma parte do teu corpo na qual escrevas o meu nome e eu encho o teu blogue de comentários”. Estava assim criado o princípio do dedipix, a moda que está a dar brado nos media franceses e a dar dores de cabeça às autoridades.
Há um coleccionista de dedipix que oferece 35 comentários se a dedicatória for inscrita nas nádegas ou 40 de estiver sobre o peito. Há quem ofereça 300 comentários para inscrições em corpos nus.
Essa busca por notoriedade online, aliada ao facto de, segundo uma psiquiatra citada pelo Le Nouvel Observateur, os jovens terem uma relação "descomplexada" com o seu corpo, explica o crescimento do fenómeno.
Depois do sexting (palavra inglesa que junta sex com texting e que, em termos gerais, quer dizer que os jovens do século XXI andam por aí a escrever mensagens picantes e a tirar fotografias a eles próprios, nus ou seminus, enviando-as de seguida para os telemóveis de namorados e amigos) eis o dedipix.

Cambalhotas e piruetas



O homem, que passa a vida queixar-se de que a sua obra literária não é apreciada e que sempre revela um baixo sentido de humor, sai agora em defesa de Maitê Proença. E chama aos seus compatriotas saloios e provincianos. Porque o faz? Por ressentimento, claro. Como disse há tempos, "estou muito zangado com Portugal." E a suposta zanga é tanta que dizia querer emigrar para... o Brasil. Porque não emigrou ainda? Será porque o plim lhe é dado pelos seus compatriotas?
Miguel Sousa Tavares, que passa a vida a fazer pastiche de discursos que abundaram em Portugal no século XIX, tem-se na conta de muito bom. Muito bom em quê? A vender livros? Mas isso faz dele um autor ou apenas um vendedor? Qualquer figura televisiva vende muitos livros. Isso apenas mostra que ele é um privilegiado. E como quase todos os privilegiados tugas o seu comportamento público reflecte tiques e afectações de gente "bem": parecem padres a pregar uma moral que na prática desdenham e não cumprem.
Quanto a Maitê, viu-se obrigada a gravar um pedido público de desculpas.

13 outubro 2009

Nós

Obrigado pelas mensagens que têm chegado ao nosso email. Antecipamo-nos aos jornais, rádios e televisões portugueses. Não é a primeira vez. Não trabalhamos com a LUSA nem com qualquer agência noticiosa, mas lemos o que se passa lá fora.

Do tempo, dos homens, da arte


Sabia-se que as impressões digitais eram boas para capturar criminosos. O que não se sabia é que também servem para atribuir autoria de obras de arte. Mas foi o que aconteceu com o quadro Jovem de Perfil com Vestido do Renascimento, atribuído a um artista alemão que tinha estudado em Itália, onde se havia familiarizado com a obra de Leonardo da Vinci.
A impressão digital do indicador foi descoberta no topo esquerdo do pequeno quadro (33 X 23 cm) por Peter Paul Biro, um perito em arte forense, através de uma câmara revolucionária multi-espectral. Biro afirma à “Antiques Trade Gazette”, uma revista sobre arte, que a marca é "altamente comparável” a uma impressão digital do pintor encontrada no quadro São Jerónimo no Vaticano.
Volta e não volta, os quadros servem para compensar o pé de meia dos proprietários. E quem adquiriu este quadro, em 2007, foi Peter Silverman, especialista em arte renascentista. Vai daí submeteu o quadro a análises periciais. A análise efectuada com a técnica do carbono-14 permitiu datar o pergaminho de entre 1440 e 1650. A análise com raios infravermelhos revelou paralelismos com outras obras de Leonardo. E depois descobriu-se a impressão digital.
Agora, Martin Kemp, professor emérito de História de Arte da Universidade de Oxford, está convencido de que se trata de una obra de Da Vinci. E já rebaptizou o quadro com o nome de La Bella Principessa, depois de a ter identificado com Bianca Sforza, filha de Ludovico Sforza (1452-1508), duque de Milão, e da sua amante Bernardina de Corradis.
Sendo realmente obra de Leonardo, como afirma Kemp, trata-se do único trabalho que se lhe conhece sobre pergaminho.

12 outubro 2009

Michael Jackson - “This Is It”

A versão anterior tem som mais límpido. Mas aqui fica também esta, para os fãs do cantor. A música foi hoje posta à disposição dos internautas, para promover o álbum duplo com o mesmo nome do filme/documentário ("This is it"), que sairá no dia 26 de Outubro.
Ninguém o admite, mas a música agora posta a circular soa a antiga, a produção de Quincy Jones, Diz-se que é um 'outtake', uma gravação descartada de 'Off the wall', o primeiro álbum que Jackson fez com Jones. Consta ainda que a canção foi escrita por Michael com Paul Anka e já terá sido editada em 1991, por um cantor chamado 'Saphire'.

Michael Jackson - “This Is It”

Par de pistolas da Casa Real Portuguesa


Corria o ano de 1973 e as pistolas levaram sumiço. Andaram a passear pela Europa, entre negócio e negócio. Tantos anos depois, regressam ao nosso país. Num caso todo ele digno de pistoleiros, embora nos nossos dias as pistolas sejam mais coisas de gangs ou então de gente meio avariada do juízo que pega em caçadeiras e põe fim a questiúnculas miúdas, tirando a avida a alguém e indo morar para algumas das belas cadeias nacionais.
As ditas pistolas são exemplares únicos, com canos de desenroscar para carregamento, fechos de “caixa” e rica ornamentação com finos embutidos de ouro e prata. Foram fabricadas em 1817 para uso pessoal do Rei D. Pedro IV, pelo famoso mestre armeiro do Arsenal Real de Lisboa, Thomás Jozé de Freitas.
Segundo descrição da casa leiloeira onde foram encontradas a apreendidas, trata-se de exemplares muito raros. Com as seguintes características "Canos de desenroscar, para carregamento, com fina decoração embutida a ouro de motivos vegetalistas estilizados e aves. Fechos centrais de pederneira, ditos 'de caixa', com decoração embutida a ouro, semelhante à dos canos, tendo, de cada lado das caixas, reservas ovais, envoltas por serpentes embutidas a ouro, o nome do mestre armeiro 'Thomás Jozé de Freitas', de um lado, e do outro, 'Arcenal Real do Exercito Lx.ª 1817', nas partes inferiores das caixas, junto aos canos, ovais, em ouro, com o nome do mestre gravador 'António Joaquim de Figueiredo'. Cães do tipo 'de argola', igualmente embutidos a ouro assim como os fuzis e tampas das caçoletas, tendo estas ultimas, pequenos rodízios em latão, para diminuir a fricção aumentando assim a velocidade do disparo, patilhas de segurança aos cães, igualmente embutidas a ouro, que não permitiam a colocação, acidental, dos cães na posição de disparo, evitando, também, a abertura da tampa da caçoleta. Coronhas em madeira, profusa e finamente decoradas a fio de prata embutido, com motivos vegetalistas estilizados e cabeças de dragões e as Armas do Reino Unido de Portugal e Brasil, igualmente em prata. Chapas de couce em aço, azulado, com decoração embutida em ouro, de motivos vegetalistas e mascarões. Alguma oxidação nos canos, pequeníssimas faltas de fio de prata nas coronhas e fechadura do estojo com defeito. Peças únicas."
Thomás Jozé de Freitas trabalhou no Arsenal Real de Lisboa entre 1813 e 1836. Foi um dos maiores vultos da armaria portuguesa. Uma pistola de bolso, feita por ele em 1829, com duas baionetas basculantes, uma navalha e um saca-rolhas, na coronha, encontra-se no Museu Militar, em Lisboa. António Joaquim de Figueiredo, gravador e cinzelador, trabalhou, também, no Arsenal Real de Lisboa entre 1773 e 1817.

11 outubro 2009

Saia Justa

Maitê Proença Gallo é mais conhecida como Maitê Proença. Dizem que além de ser actriz, escreve livros, posa para revistas como a Playboy e gosta de ser engraçada. Uma das suas piadas é imitar a maneira de falar dos portugueses (nada mais engraçado para um brasileiro). Outra é mostrar que é ignorante e, como é do conhecimento geral, nada como a ignorância para se ser atrevido. Ora, Maitê numa das vezes que esteve em Lisboa fez umas filmagens para um desses programas de TV que põe a nu o lado mais in do tédio. O resultado é, como se pode ver, revelador. Maitê faz alarde da sua ignorância. Rio Tejo? O que é isso? Ah, sim, o Oceano Atlântico. Que engraçado, né? e logo pra mim que estou num hotel de cinco estrelas e não percebo peva de informática, mas sou muito boa a fazer beicinho.
A gente ri-se. Se uma celebridade não for assim um bocadinho a pender para o grunho não tinha tanta graça.


10 outubro 2009

José María Fonollosa (1922-1991)

Doyers Street

No vendrá. De verdad. No vendrá nunca.

Mi cuarto es muy modesto para el éxito.
Ni hallaría la casa tan siquiera.

Mi cuarto es muy austero para amigos.
Nadie viene a reunirse entre estos muros.

Mi cuarto es también frío y muy pequeño.
¿Cómo cobijar, pues, un gran amor?

No es lógico esperar. No vendrá nunca
un éxito, un amigo, un gran amor.

Debiera de una vez cerrar la puerta.

[in Ciudad del hombre: New York, El Acantilado, 2000, pág. 34. Há tradução do livro, editado pela Antígona, 1993]

Rambla de Canaletes 2

Soy insignificante. No soy alto
ni apuesto. No soy rico. Ni siquiera
despertaría envidia mi salud.

Por eso cuando estoy con gente extraña
hablo estupendamente de mí mismo,
de mis grandes proyectos, de mi gran
capacidad -"Veréis"- al realizarlos.

Edifico en las plazas y jardines
-mentalmente, se entiende- pedestales.
-"Lo veis -diría-. Aquel busto allí arriba
es el mío. Y mi nombre está aquí. Leedlo"-
Y digo "Amigo", "Tú"... Bueno, esas cosas.

Me temo, sin embargo, que no engaño
a nadie, pues se callan o responden
con un discurso igual a mi discurso.
Pero tengo que hacerlo, pues no soy

como veo a los otros desde mi óptica:
altos, apuestos, ricos, saludables...
¿O, acaso, no lo son y cual no fingen?

[in Ciudad del hombre: Barcelona, DVD, 1996, pág. 68]


14.

Los nudillos golpean los cristales
de un bar en una esquina. Hasta mí arriba
mi nombre que me busca entre la lluvia.

Es grato oír el nombre que uno lleva.

Es grato descubrir que uno aún importa.
Que importa a sus amigos que le llaman
cuando pasa uno andando por la calle.

[in Destrucción de la mañana, DVD, 2001, pág. 35]

Vivir no es, en verdad, muy complicado.
Entre todas las cosas que ambiciono
una me atrae más que cualquier otra.

Si ahora me interrogaran, me saldría
que lo que más deseo, en este instante,
es que Delia me quiera. Es tan perefecta...

[in Poetas en la noche, Quaderns Crema, 1997, pág. 176]

08 outubro 2009

No mar dos Açores


As aventuras vividas por quem vai a bordo do navio oceanográfico Almirante Gago Coutinho, da Marinha portuguesa (cuja missão é o cruzeiro científico do robô submarino português Luso no mar dos Açores) são relatadas aqui e aqui.
O cruzeiro é da Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC), um grupo científico incumbido pelo Ministério da Defesa de alargar o solo e o subsolo português para lá das 200 milhas naúticas em torno de Portugal continental e das ilhas.

Herta Müller

As razões que levaram à atribuição do prémio Nobel.

Nobel da literatura 2009


Cada vez simpatizo mais com o prémio Nobel da literatura. Tem recaído sucessivamente sobre autores pouco conhecidos e fortes. O deste ano parece-me muito sugestivo. Por mais uma vez mostrar o carácter político das letras.
Herta Müller tem dois livros traduzidos entre nós, mas, como é da praxe, é uma perfeita desconhecida. A Cotovia que teve a ousadia de lhe publicar uma dessas traduções (terá vendido pouco, claro) nem sequer a inclui já no seu catálogo online.
Ler é uma actividade minoritária, quando se trata de literatura. Por isso, dá vontade de rir o que diz a soit disant crítica literária Mafalda LC.

07 outubro 2009

Brevemente a leitura vai disparar em Portugal


Porquê? Por causa do Kindle. Por um lado, o preço (quase 250 euros). Por outro, o ser electrónico. Ora se há coisa de que os tugas gostam é dessa mistura: ostentação e tecnologia. Por isso, é de esperar que os níveis de leitura sofram um aumento significativo. E o mais extraordinário é que o povo vai começar a ler melhor e vai fazê-lo em inglês.
Na imagem vemos um tuga com o aparelho nas mãos muito feliz a ler um texto velhinho, quase com dois anos.
Por alguma razão, o kindle é já um sucesso entre essa nobre classe leitora, o jornalista. Vejamos uma amostra do entusiasmo pela coisa: "O Kindle 2 deixou de ter aspecto tosco (de costas, até parece um produto da Apple): a posição das teclas mudou, tem um novo mini-joystick que se desloca em várias direcções e tem as funções de um rato, o ecrã a preto e branco passou a ter 16 tons de cinzento, a passagem de uma página para a outra é mais rápida (embora ainda fique com o ecrã a preto uns segundos, fica menos tempo que o seu concorrente Sony Reader) e dá para guardar 1500 livros. Tem menos de um centímetro de espessura (0,91cm), as dimensões de 20 cm por 13 cm e pesa 289 gramas.
Lê livros em formato Kindle (AZW, uma variante de HTML), Mobipocket (se não tiverem DRM - Digital Rights Management) e Text (TXT). Lê também ficheiros Word, PDF, JPEG, PNG, BMP, HTML, mas só se forem enviados para o Kindle por e-mail depois de convertidos pela Amazon (este serviço não é grátis se for utilizado o envio para o aparelho através da Whispernet, que funciona com a rede 3G).
(...)
O dono de um Kindle transforma-se rapidamente num viciado, levando-o para todo o lado. Arrisca-se a comprar livros compulsivamente. Na loja on-line da Amazon.com estão disponíveis mais de 311 mil títulos em língua inglesa em formato Kindle, que incluem quase todos os livros que estão na lista de best-sellers do The New York Times, 40 jornais, 31 revistas e 5900 blogues."
Bué de fixe, não é?

Religião versus ciência


A fé move montanhas. Ou isso diz quem é crente. E quando as montanhas não se movem? será por falta de fé?
Veja-se o que aconteceu numa localidade americana: uma rapariga de 11 anos, Madeline Neumann, morreu em casa, no chão, enquanto os pais, Dale e Leilani, a rodeavam de membros de um grupo de oração.
A criança tinha uma forma de diabetes não diagnosticada, mas tratável, estava demasiada fraca e já não conseguia comer, beber, falar ou andar. E que fizeram os pais? Levaram-na ao médico? Não. Rezaram. E como duvidaram que a fé de ambos fosse insuficiente, chamaram mais pessoas para rezar. E rezaram todos enquanto a rapariga morria. Quando deixou de respirar, um iluminado do grupo ligou para o 911. Terá sido Deus quem o iluminou nesse sentido? Ou terá havido uma réstia de bom senso?
Os pais foram julgados e sentenciados a seis meses (o juiz também acha que Deus os pode ajudar a pensar).

06 outubro 2009

O problema das abelhas



Da blogolândia


Brianna Karp é uma homeless. Ou, melhor, uma das muitas desempregadas que a crise americana devolveu às ruas. Mas não é uma desempregada qualquer. Tem 24 anos, uma aparência cuidada, sem problemas de saúde, nem historial de abuso de álcool ou de consumo de drogas. Em Fevereiro, foi viver para uma caravana velha, que herdou do pai suicida e que está permanentemente estacionada num parque da gigantesca cadeia de lojas Walmart. E criou um blogue: The Girls Guide to Homelesseness. O blogue trouxe-lhe notoriedade.
O lema do blogue é: "Podes ser um sem-abrigo, mas não precisas de ser um vagabundo." Para além de relatos pessoais e de conselhos sobre como viver sem casa, Brianna relata ainda as peripécias que fizeram com que se tornasse numa minicelebridade (com direito a entrevistas em canais como a CNN) e revela a história da sua vida.
Brianna foi notícia depois de ter recebido uma proposta de um estágio na revista feminina Elle. Em Agosto, escreveu um email em que pedia conselhos a uma colunista veterana chamada E. Jean Carroll. Por baixo da assinatura, acrescentou Homeless, But Not Hopeless ("sem abrigo, mas não sem esperança"). Carroll gostou da carta e ofereceu a Brianna um estágio. À distância (Carroll está em Nova Iorque), Brianna teria de trabalhar uma hora por dia, seis dias por semana, a escrever num blogue da Ellee, no site de Carroll, e a fazer triagem de emails. A revista pagava-lhe 150 dólares por mês.

A história poderia ter passado despercebida, não fosse Matthew, o namorado, a ter contado no blogue The Homeless Tales. A agência Associated Press apanhou a história, um ou outro órgão de informação escreveu sobre o assunto, a NBC juntou Brianna e Jean Carroll no programa de informação matinal Today Show (foi a primeira vez que as duas se encontraram pessoalmente) e o caso também foi contado pela CNN. Em semanas, a blogger sem abrigo tornou-se uma quase celebridade.

Fonte: Pública

A liberdade é um perigo


Dez milhões de libras (10,9 milhões de euros) para vigiar a net na Europa. Chama-se Projecto Indect e tem como objectivo desenvolver programas de computador que actuem como agentes de polícia, monitorizando e processando informações de sites, fóruns de discussão, servidores, redes sociais e mesmo computadores individuais.
Para Shami Chakrabarti, director do grupo Liberty de protecção dos direitos humanos, “Analisar populações inteiras em vez de monitorizar suspeitos individuais é um passo sinistro em qualquer sociedade. Se já é suficientemente perigoso a um nível nacional, à escala europeia torna-se verdadeiramente arrepiante”. Ele diz o óbvio. Mas o óbvio interessa pouco a quem deseja aumentar currículo e anseia por vigiar o que fazem as pessoas.
Curiosamente, toda a gente parece estar de acordo que o voyeurismo é uma tara. E alguns que o vivem como modo de vida são mesmo presos. Como este senhor que se dedica a espiar o que fazem certas celebridades (como podem ver aqui). Porém, quando se trata de um universo que extravasa o domínio das celebridades e nos entra em casa, parece que o assunto é de somenos.
Pode não haver dinheiro para certas coisas, mas em se tratando da suposta segurança, ele corre abundante.
Bem abençoados...

03 outubro 2009

Açores e licenciados


[Clique na imagem de cima para a aumentar]


Nos Açores há muito se fez uma clara opção política: o grau zero. Interessava fazer com a educação o que há muito se fazia com outros sectores: estrangular, dominar. E fez-se. O antigo secretário conseguiu a proeza. A senhora que agora tem a educação a seu cargo limita-se a surfar uma onda cujo sentido lhe escapa, pois, notoriamente, não está talhada para o cargo.
O que é isso de grau zero? A escola não consegue, por mais missionários que possua, mudar o mundo que a rodeia, mesmo que seja o pequeno mundo da localidade. Limita-se a amortecer e a reflectir as características dessa comunidade. Ora, os Açores viveram durante séculos o paraíso da insularidade, preservando falares e costumes que se iam modificando no território continental português. Mas essa dimensão museológica criou fome e a fome é devastadora. Mal se apanha com alimento, abusa, engorda e organismo que assim se empanturra começa a dar sinais de obesidade crónica.
Depois de um projecto autonómico descentralizado, Carlos César chegou ao poder e começou a fazer contas, tendo concluído que a dispersão geográfica é inevitável e que S. Miguel deve concentrar em si tudo o que é gerador de riqueza. Quiçá por ser ali que houve história de "grandes" famílias. Arregaçou as mangas e tem trabalhado com afinco para cavar o fosso entre essa ilha e as restantes, que cada vez mais vivem para um futuro fantasmático ou para paraísos de veraneio, mas sem gente que as sustente. A actividade produtiva radica na vaca, produto excedentário na Europa comunitária. O turismo continua a ser residual. A produção industrial é praticamente nula em oito das nove ilhas. A população divide-se entre a monocultura da vaca e o funcionalismo público, a par de um comércio débil (com excepção do retalho alimentar).
As consequências são, no que ao ensino diz respeito, uma imensa falta de horizonte, a que se responde com apatia ou, no caso de algumas famílias da classe média, com a ânsia de incutir nos filhos a vocação pela medicina (dos poucos cursos com saídas profissionais efectivas e atractivas). O resto continua a perpetuar uma má relação com a escola que não lhes deu a profissão desejada. Ora, os tais "cursos profissionais" são ouro sobre azul. Que cursos profissionais? Façam uma pesquisa e vejam.
De resto, convém lembrar que numa região dispersa geograficamente ainda não há rede integrada de bibliotecas, nem planos de leitura, nem preocupação com essas áreas. O cimento e o faz de conta são ainda o ai-jesus dos governantes regionais e locais.