«Prosseguem as greves e as manifestações. Funcionários públicos, professores, enfermeiros, pescadores, automobilistas, camionistas... O mal-estar social é evidente. A grande manifestação de Lisboa atingiu uma dimensão surpreendente. Mas o governo despreza manifestações e números. Diz o primeiro-ministro que só os argumentos lhe interessam, não os números. Coitado! Não sabe que as manifestações e os números são argumentos.
A evolução económica não dá sinais de melhoria. Nem agora, nem a prazo. Sócrates e Pinho continuam a divulgar, todos os dias, as dezenas e centenas e milhares de milhões de euros de investimentos estrangeiros, nacionais e do Estado. Parece que nunca mais acabam. Mas a verdade é que a alegada cornucópia é muito inferior ao necessário. E as obras públicas, necessárias ou inúteis, continuam a ser o principal recurso desta economia frágil e destas políticas económicas de curto prazo.
Ao mesmo tempo que se ouvem declarações messiânicas sobre as novas fontes de energia e a poupança de combustíveis, anunciam-se mais auto-estradas, pontes e viadutos. A mão esquerda castiga o automóvel, a mão direita protege e incentiva o automóvel. Prepara-se o fecho definitivo da linha de comboio do Tua, assim como o do troço do Pinhão ao Pocinho, na linha do Douro. Mas anuncia-se a construção de um túnel luxuoso e pouco útil sob o Marão, ao preço de perto de 400 milhões de euros. Será, dizem o Governo e os construtores concessionários, o maior de Portugal!»
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