O governo de Portugal tem graça. Muita graça mesmo. Não é que acredita (ou faz de conta que acredita) que é a ferramenta que faz a coisa? A ferramenta tem assim novo estatuto filosófico. É o absoluto.
A isto temos de juntar esta coisa fabulosa que é acreditar que os seres humanos são indiferentes ao que os rodeia. Se à sua volta se desdenha do esforço, do empenho, do trabalho, é quase certo que também desdenharão de tudo isso.
E devemos ainda falar do tédio que é, para gente assim, a curiosidade, o interesse, o gosto, a vontade de aprender.
Mas não há problema. Com computadores e internet tudo se resolve. Acaba-se o tédio e vem (donde? donde?) a vontade de aprender, a curiosidade, o empenho, o esforço. Será que vale a pena lembrar que já há muito computador e que para pouco mais serve do que para brincar? Ou que os conteúdos científicos (quantos de origem duvidosa?) estão ou em inglês ou em brasileiro? E que este governo ainda não deu sinais de ter nem política da educação, nem política da cultura, nem política científica?
O busílis não está em apetrechar as escolas com as ferramentas necessárias. Está na propaganda, no modo como se justificam actos. As pessoas aprendem que fingir, mentir, fazer de conta é o que mais importa. A lição é quase sempre esta. Ou será que o governo toma os portugueses por idiotas?
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