15 julho 2011

Um país azul e crente, este que nos calhou na rifa


Portugal é um país de gente crente. E que gosta de obedecer, apesar de ser também muito maledicente. Portugal é um país fácil de governar. Este governo é bem a prova disso. Vive em absoluto estado de graça. Enquanto for verão, tudo estará bem. Quando os dias se tornarem mais cinzentos e as contas começarem a não poder ser pagas, é que já não se sabe como andarão os meus queridos compatriotas. É que o velho recurso à medicina como paliativo para a depressão sai, agora, bem mais caro.
O que nos vale é que há quem tire a gravata e possa aparecer descontraído na fotografia.
De resto, a certeza de quem tem pouco terá cada vez menos e de que uma pequeníssima minoria manterá não só o seu nível de vida como o melhorará.
Os meus compatriotas têm de deixar de trabalhar e tornar-se empresários. Ser empresário é poder receber um tratamento privilegiado por parte do estado.
A chatice será se, depois de vender património e de ter asfixiado o consumo, Portugal continuar às escuras. Como diz José Reis, professor da Faculdade de Economia de Coimbra, "Desapossadas as pessoas, regressa a virtude à economia? Os liberais julgam que sim. Mas não parece. Gera-se mais e mais recessão, cria-se desconfiança e desânimo. E uma profunda sensação de injustiça..."

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