Às vezes é domingo e acorda-se virado para a lua, que tem, entre outros méritos, o de estar associada ao delírio. Pois hoje é domingo e inspirados por esse satélite lançamos aqui um manifesto contra Oprah Winfrey, Ellen DeGeneres, Rhonda Byrne, Spencer Johnson e Harvey Mackay, entre outros. Também não nos merecem simpatia pessoas como Joyce Meyer, Creflo Dollar ou Benny Hinn. Tão pouco todos quantos acham que o mundo está dividido em dois, de um lado os que pensam positivo e do outro os pessimistas depressivos. Já sabemos que Deus prefere os ricos, os que pensam positivo e todos quantos acossam e humilham os incautos com as supostas verdades do pensamento positivo.
Se o desemprego oferece oportunidades que todos esses milionários se despojem dos seus bens e os doem aos necessitados.
Se a doença é a porta para nos tornarmos mais espirituais, sensíveis e evoluídos que oferecem as suas fortunas a hospitais e a centros de tratamento.
Se o pessimismo não cria empregos, parece óbvio que também o optimismo não os cria.
Aliás, há coisas que "a crise" mostra bem. A que nos afecta a nós, aos gregos e aos irlandeses tem proporcionado, como diz Klaus Regling, presidente do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, "ganhos para os alemães, porque recebemos da Irlanda e de Portugal juros acima dos refinanciamentos que fizemos, e a diferença reverte a favor do orçamento alemão".
O que se diz aos cancerosos, aos desapossados dos seus bens e a nós, portugueses, é que se tivermos fé, se pensarmos positivo, vamos sair da crise, como se esta dependesse da nossa vontade e dos nossos gestos.
A falácia, tantas vezes repetida e por tanta gente, acaba por fazer parte do "pensamento" do cidadão comum. A um ou outro ainda lhes pode passar pela cabeça a dúvida, mas logo a afasta, como se fosse um crime.
O pensamento positivo não passa disso mesmo, de um método brilhante de controlo social, ao dizer que não há nada de mau na economia, mas que o mal está dentro de cada um de nós, que não soubemos seguir o trilho correcto.
Do mesmo modo que o aumento de policiamento, o controlo nos aeroportos e o mais é supostamente para a nossa segurança, embora sirva sobretudo para nos tratar como gado e para limitar a nossa liberdade e individualidade. Como se cada um de nós fosse um potencial terrorista.
Voltando à Europa, há já "notáveis" (ver artigo de Teresa de Sousa no Público de hoje) a pôr o dedo na ferida e a dar o nome aos bois: "Não cabe aos contribuintes pagar por investimentos das instituições financeiras que acharam acertado comprar a dívida grega".
"(...) a Europa tem de ir bastante mais longe na regulação dos bancos e dos mercados financeiros e esforçar-se por que o mesmo aconteça a nível mundial. Esta crise foi também o resultado da falta de prevenção e de regulação dos mercados por parte das autoridades europeias."
Se o desemprego oferece oportunidades que todos esses milionários se despojem dos seus bens e os doem aos necessitados.
Se a doença é a porta para nos tornarmos mais espirituais, sensíveis e evoluídos que oferecem as suas fortunas a hospitais e a centros de tratamento.
Se o pessimismo não cria empregos, parece óbvio que também o optimismo não os cria.
Aliás, há coisas que "a crise" mostra bem. A que nos afecta a nós, aos gregos e aos irlandeses tem proporcionado, como diz Klaus Regling, presidente do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, "ganhos para os alemães, porque recebemos da Irlanda e de Portugal juros acima dos refinanciamentos que fizemos, e a diferença reverte a favor do orçamento alemão".
O que se diz aos cancerosos, aos desapossados dos seus bens e a nós, portugueses, é que se tivermos fé, se pensarmos positivo, vamos sair da crise, como se esta dependesse da nossa vontade e dos nossos gestos.
A falácia, tantas vezes repetida e por tanta gente, acaba por fazer parte do "pensamento" do cidadão comum. A um ou outro ainda lhes pode passar pela cabeça a dúvida, mas logo a afasta, como se fosse um crime.
O pensamento positivo não passa disso mesmo, de um método brilhante de controlo social, ao dizer que não há nada de mau na economia, mas que o mal está dentro de cada um de nós, que não soubemos seguir o trilho correcto.
Do mesmo modo que o aumento de policiamento, o controlo nos aeroportos e o mais é supostamente para a nossa segurança, embora sirva sobretudo para nos tratar como gado e para limitar a nossa liberdade e individualidade. Como se cada um de nós fosse um potencial terrorista.
Voltando à Europa, há já "notáveis" (ver artigo de Teresa de Sousa no Público de hoje) a pôr o dedo na ferida e a dar o nome aos bois: "Não cabe aos contribuintes pagar por investimentos das instituições financeiras que acharam acertado comprar a dívida grega".
"(...) a Europa tem de ir bastante mais longe na regulação dos bancos e dos mercados financeiros e esforçar-se por que o mesmo aconteça a nível mundial. Esta crise foi também o resultado da falta de prevenção e de regulação dos mercados por parte das autoridades europeias."
1 comentário:
"Se o pessimismo não cria empregos, parece óbvio que também o optimismo não os cria." saído directamente daqui para o meu FB. fiz referência ao blog. parece-me que o pessimista incomoda mais o optimista do que o contrário.
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