05 novembro 2011

Os alertas vêm de todos os lados


Jacopo Ponticelli e Hans-Joachim Voth fizeram um estudo sobre os movimentos de contestação social, incluindo motins, manifestações, greves gerais, assassinatos políticos, crises governamentais e tentativas de revolução, ao longo de 90 anos, em 26 países, Portugal incluído. Nesse estudo (que pode ser descarregado aqui ou aqui), Austerity and Anarchy: Budget Cuts and Social Unrest in Europe, 1919-2009, mostram que a gestão das crises que é levada a cabo pela via da recessão tem efeitos devastadores.
Segundo os autores, os estados que optaram por subir impostos sem cortar benefícios sofreram menos do que aqueles em que os cortes foram sucessivos e brutais. Por exemplo, a Alemanha, no início da década de 1930, sob a orientação de Heinrich Brüning: o governo tomava todos os anos novas medidas orçamentais que reduziam os salários da função pública para tentar equilibrar o orçamento e sempre que o fazia a economia contraía ainda mais, as receitas fiscais era ainda mais baixas, o governo tinha de cortar mais e, no final, destruiu a democracia alemã.
Não é a pobreza que provoca violência, é a perda do emprego e a percepção de que o Estado não se interessa por quem está na mó de baixo.
Mais em 1,2,3.

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