25 fevereiro 2009

Fazer de conta que se muda para melhor


Estamos num tempo em que pouco mais importa do que parecer. Parecer que se sabe ler, escrever e contar. Parecer que se sabe pensar. Parecer que se é moderno.

Alguns ditos pedagogos ainda estão nos anos 60 do século passado e lá naquelas cabecinhas meio intoxicadas com haxixe e outras substâncias do género parece-lhes bem falar em aprender a aprender, em prazer... pois é, isso de que para se ser um óptimo ginasta ou um jogador de primeira não é preciso mais nada que... prazer. Já agora, para se ser bom médico, não é preciso saber nada, basta ter tido muito prazer em frequentar algumas aulas. Quem diz médico pode dizer engenheiro civil ou de outra especialidade. Para quê trabalhar se basta o prazer?

Os adictos que ainda divulgam tais bacoradas deveriam ser obrigados pelo Estado a ir trabalhar para escolas problemáticas durante um ano lectivo consecutivo. No final, ouviríamos as suas doutas opiniões. Agora, abrir a boca para dizer aos professores do ensino básico as idiotices que devem fazer, não está bem. É que se os adictos são professores em escolas superiores de educação ou afins, se ganham o seu salário a vender banha da cobra que vai lesar uma parte importante do futuro do país e se nunca se dão sequer ao trabalho de ir ver a que é que a merda cheira, isso não é senão preguiça, tédio, estupidez.

E preguiça, tédio e inanidade são muito frequentes nas medidas ME. Veja-se a dos novos programas de língua portuguesa. Já está nas escolas para discussão - e logo num ano em que os professores andam assoberbados com a papelada da avaliação. Momento estratégico, claro, pois assim será fácil fazer avançar algo que está cheio de problemas. Desde logo a mudança de terminologia gramatical. Depois o facto de quem elaborou o documento nada ter a ver com ensino básico e se ter esquecido, portanto, das especificidades de quem lecciona do 1.º ao 6.º ano. Cuja formação em linguística e outros aspectos do funcionamento da língua é fraco. Mas isso que importa se quem está nas comissões que produzem estas coisas quer é fazer boa figura junto de fulano ou beltrano, que é muito conhecido por cagar postas sobre os mais diferentes aspectos científicos da língua?

Qualquer mudança, para produzir efeitos, tem de ter em conta os públicos que pretende atingir. Esta não quer atingir nada nem ninguém. Serve para inglês ver e assim que for obrigatória vai ser uma preciosa ajuda para dificultar o que já está bastante complicado: aprender a ler com desenvoltura e perceber o que se lê.

Mas isso não interessa realmente. O que se quer é que as meninas e os meninos saiam da escola a saber assinar o seu nome. O resto são balelas. Ou são colégios privados onde cada vez mais serão formados os líderes.

1 comentário:

Anónimo disse...

É pena haver muita gente que não quer ver o que se passa nos conhecimentos que os alunos adquiriram na escola, são duma probreza inacreditável.
Têm tanta dificuldade na compreensão da leitura que fazem.