O governo mexe na vida e no dia a dia dos pobres com afinco. Já quando se trata de comunicações, electricidade, aviação, medicamentos e outros monopólios a coisa entope. É fácil empurrar os mais fracos para trás. Mas difícil cuspir nas mãos de quem paga campanhas e garante empregos. 2012 vai ser o ano das grandes descobertas: os portugueses vão descobrir que são capazes de passar fome e saudar o governo, pois troika oblige.
30 dezembro 2011
Ler jornais é deprimir mais
O mundo anda aos tropeções. O país deprime-se e corre o risco de colapsar. No meio disto, a preocupação mor são os bancos. A propaganda ideológica que deforma as ideias da classe média portuguesa (seja alta ou baixa) só encontra paralelo no povo da Coreia do Norte.
E que dizer do texto pindérico do ex-director do Público? Que evidencia uma enorme falta de perspectiva? Que mostra que o capital é muito bom, mas...? Que mostra como há gente extremamente limitada, que se julga importante mas não dá uma para a caixa? Talvez um pouco das três hipóteses. Pois que dizer de um Ocidente que usa e abusa de mão-de-obra barata e depois se queixa? Ou que dizer de um Ocidente que, ávido de lucro, não olha a meios para o conseguir e depois dá por si atascado em dívidas e em aparências?
Quantos empresários portugueses não sonham com o modelo chinês? Pagar mal, mesmo mal, obter lucros colossais e sorrir com as oportunidades de negócio fácil?
28 dezembro 2011
Os portugueses, esses crentes do sul da Europa
Os tugas acreditam que vale a pena apertar o cinto para ver chegar dias melhores - afinal gostam muito mais de Mário Soares do que aquilo que confessam.
Também deve chegar o dia em que vão perceber que Sócrates era muito melhor primeiro-ministro do que parecia. O problema, por ora, é acreditarem que estes sacrifícios vão permitir o desafogo. Ainda não perceberam que todos os analistas externos ao país olham para nós como para a Grécia: como não tendo capacidade económica para pagar custos tão elevados. Recorde-se que estamos a pagar juros de agiota à troika por um empréstimo que serve para muitos enriquecerem, mas que deprime os tugas e os encosta cada vez mais ao desejo de uma ditadura.
No entanto, enquanto durar a fé, num povo que tem N. Sra. de Fátima como imagem, Passos Coelho e amigos podem continuar a esmifrar o povo. No fim, hão-de restar umas migalhas para serem reeleitos, dado que os tugas adoram levar nas trombas com austeridade.
O ano da desgraça visto por
Por exemplo por alguém que parece ter o rei na barriga e dá pelo nome de António Mexia, presidente da EDP, que prevê que "2012 vai ser, ao mesmo tempo, aquele em que demonstramos que somos capazes de fazer melhor e consolidarmos a credibilidade indispensável para que o país possa ter novamente acesso aos mercados e ajudar a resolver o principal problema da economia portuguesa, o seu financiamento."
Já outros, qual velho disco riscado, repetem a ladainha, como António Barreto: "É preciso explicar às pessoas o que lhes está a acontecer. (...) É importante para a coesão nacional e para evitar perturbações insustentáveis".
Como não podia deixar de ser, num país em que as nossas élites se limitam ao consumo de revistas de fait divers e de moda, são os poetas e arquitectos que dizem algo: "(...) há pessoas que estão a chegar ao limiar da dignidade humana", diz Souto Moura. Já M. A. Pina, poeta diz "Como ainda há pouco tempo provou o relatório da OCDE, os pobres estão cada vez mais pobres, os ricos mais ricos, há cada vez mais insegurança, cada vez mais falta de escrúpulos e cada vez mais a submissão aos ditames do dinheiro e do capital financeiro". "O 'rating' das pessoas, utilizando um termo muito em voga, está cada vez mais como 'lixo', que é o que acontece com estas políticas recessivas que têm sido adoptadas".
Não deixa de ser curioso verificar que certos economistas não hesitam em encontrar paralelismos entre o agora e o período da Segunda Guerra Mundial, como João Ferreira do Amaral: "Vão crescer tendências nacionais e europeias para uma certa forma de actuação política mais musculada. À medida que as dificuldades forem aparecendo, a reacção das autoridades será nesse sentido."
É a economia, estúpido
Fala Ana Sá Lopes:
(...) há uma gigantesca diferença entre as “Draghibonds” e as famosas eurobonds: enquanto as “Draghibonds” funcionam como injecção de dinheiro barato nos bancos, as eurobonds fariam com que o dinheiro barato fosse injectado em países, ou nas dívidas soberanas dos países, para pôr a economia a funcionar e as pessoas desesperadas desses países a arranjar emprego.
Talvez [Mario Draghi] tenha genuinamente acreditado que, ao salvar os bancos (oferecendo-lhes dinheiro a juros de 1%), eles ficariam imediatamente disponíveis para emprestar dinheiro à economia ou aos países em dificuldades. Engano: os bancos, em cujos estatutos não consta a resolução de problemas das pessoas comuns (uma competência dos governos nacionais ou de um governo supranacional europeu, se o houvesse), preocuparam-se simplesmente com salvar a pele e, em vez de se dedicarem a fazer o bem à economia e aos países, depositaram todo o dinheirinho no BCE.
O poder dos alunos
O euro é uma moeda forte? Para que não restem dúvidas Guilherme d'Oliveira Martins esclarece: "Costumo perguntar aos meus alunos se o euro é uma moeda forte ou fraca; todos me dizem que é forte." (ver aqui)
Se os alunos dizem que sim, quem somos nós para contrariá-los?
23 dezembro 2011
A Espanha novamente de olhos postos na inquisição
Espanha vai regredir social, económica e mentalmente. O novo governo prepara-se para mexer na lei do aborto. O argumento é, como sempre, preservar a vida. A vida, como se sabe, é algo que cai do céu... milagrosamente. Alguém que engravidou e não tem condições para ter o filho, vai ser obrigado a tê-lo. Se não tiver dinheiro, não faz mal, a igreja dá uma ajuda e todos esses movimentos ditos pró-vida vão fazer o mesmo. Se a mãe morrer de fome, são coisas que acontecem. Se se suicidar fruto de uma brutal depressão, o movimento pró-vida sorrirá e com esse sorriso a alma da mãe passará da lama ao céu. Já Soraya Saénz de Santamaría, acaso seja violada e engravida carregará, em nome da vida e do amor esse fruto proibido. Amem.
Ver mais informação em El País.
19 dezembro 2011
Da esfregona
Num mês de tantos óbitos célebres deixamos passar o do inventor da esfregona e das agulhas hipodérmicas, Manuel Jalón Corominas (1925-2011). Corria o ano de 1956. Segundo o próprio, a coisa veio-lhe de informação colhida num hangar norte-americano. Ele pôs-lhe outro novo: lava-solos, mas um homem que as começou a vender optou por esfregona e o nome ficou. Depois da esfregona vieram as agulhas. Claro que Jacob Howe já patenteara, em 1837, o "mop-heads". E há outros registos, posteriores, de patentes de esfregonas. A patente do espanhol diz respeito ao plástico.
Como, quando e para onde fugir? Já
Fala Ana Sá Lopes: "Fica evidente que Pedro Passos Coelho está consciente que o programa do governo-troika vai arrasar uma boa parte dos empregos que restam, vai rebentar com a hipótese de crescimento. Agora, resta a Passos o plano B, que está em marcha e começou agora. O primeiro-ministro esforça-se para comunicar aos portugueses a saída de emergência disponível: o êxodo em massa do país que governa.
Há qualquer coisa de estranhamente comovente, estranhamente trágico, desesperantemente lúcido na declaração de Passos, que revela a sensibilidade do elefante na loja de porcelanas. Não é esperado que um primeiro-ministro incentive a emigração dos cidadãos, mas que lhes resolva os problemas de emprego. Mas não há resolução possível."
Há qualquer coisa de estranhamente comovente, estranhamente trágico, desesperantemente lúcido na declaração de Passos, que revela a sensibilidade do elefante na loja de porcelanas. Não é esperado que um primeiro-ministro incentive a emigração dos cidadãos, mas que lhes resolva os problemas de emprego. Mas não há resolução possível."
É a política
Fala Manuel Caldeira Cabral: "o nível de endividamento da Zona Euro é inferior ao do Japão e dos EUA, e a Zona Euro apresenta um equilíbrio externo que falta aos EUA e ao Reino Unido (ambos com necessidades liquidas de financiamento externo importantes). O mesmo quando se compara o comportamento nos últimos anos, em que o endividamento e a despesa pública (em percentagem do PIB) subiram mais no Japão, EUA e Reino Unido do que na Zona Euro.
EUA, Reino Unido e Japão tiveram mesmo uma evolução pior comportada do que alguns dos PIIGS, incluindo Portugal, no que toca ao aumento da despesa, e ao nível de endividamento.
Se não é o stock de dívida, nem o comportamento particularmente irresponsável dos últimos anos que distinguem a Zona Euro das outras economias desenvolvidas, têm de ser outros factores a fazer com que os mercados estejam a perder a confiança em todos os países da Zona Euro, mas mantenham confiança na divida Inglesa, americana ou japonesa.
A diferença parece estar na desunião política, de lideranças que se têm fixado mais em atribuir culpas e castigos do que em resolver problemas. Está também na contracção monetária que tem estado a ser seguida, que contrasta com as políticas de expansão monetária e desvalorização dos EUA e Reino Unido. Está também na falta de instrumentos fortes de actuação no mercado da dívida e na garantia como financiador de último recurso que o BCE devia assumir, mas não pode. Por fim, está ainda na falta de programas de estímulo ao crescimento, e no acentuar de políticas recessivas a ser seguidas mesmo por Estados como a Alemanha, que têm saldos externos bastante elevados.
O arrastar da crise das dívidas soberanas já levou a perdas de produção em toda a União Europeia superiores a toda a dívida grega."
EUA, Reino Unido e Japão tiveram mesmo uma evolução pior comportada do que alguns dos PIIGS, incluindo Portugal, no que toca ao aumento da despesa, e ao nível de endividamento.
Se não é o stock de dívida, nem o comportamento particularmente irresponsável dos últimos anos que distinguem a Zona Euro das outras economias desenvolvidas, têm de ser outros factores a fazer com que os mercados estejam a perder a confiança em todos os países da Zona Euro, mas mantenham confiança na divida Inglesa, americana ou japonesa.
A diferença parece estar na desunião política, de lideranças que se têm fixado mais em atribuir culpas e castigos do que em resolver problemas. Está também na contracção monetária que tem estado a ser seguida, que contrasta com as políticas de expansão monetária e desvalorização dos EUA e Reino Unido. Está também na falta de instrumentos fortes de actuação no mercado da dívida e na garantia como financiador de último recurso que o BCE devia assumir, mas não pode. Por fim, está ainda na falta de programas de estímulo ao crescimento, e no acentuar de políticas recessivas a ser seguidas mesmo por Estados como a Alemanha, que têm saldos externos bastante elevados.
O arrastar da crise das dívidas soberanas já levou a perdas de produção em toda a União Europeia superiores a toda a dívida grega."
Anda tudo a tratar da vidinha
Fala Pedro Santos Guerreiro: "como aceitar a vergonhosa nomeação em catadupa de "boys" sociais-democratas para cargos de chefia? Não há vergonha no PSD? Ou Passos Coelho não manda no seu partido? O país está quebrado mas anda tudo a tratar da vidinha."
"Os portugueses estão a perder o emprego, os empregados estão a perder salário, os desempregados estão a perder subsídio, a única via apontada pelo próprio Governo para fugir à trituradora é fugir do país: emigrar. Desistir. Os sacrifícios não estão a ser repartidos por todos. E aquilo que nos trouxe até esta ruptura está a permanecer. Estamos a remediar esta crise mas não estamos a prevenir a próxima. O mesmo tipo de pessoas está a tomar o mesmo tipo de decisões, o que só pode levar ao mesmo tipo de resultados."
"Os portugueses estão a perder o emprego, os empregados estão a perder salário, os desempregados estão a perder subsídio, a única via apontada pelo próprio Governo para fugir à trituradora é fugir do país: emigrar. Desistir. Os sacrifícios não estão a ser repartidos por todos. E aquilo que nos trouxe até esta ruptura está a permanecer. Estamos a remediar esta crise mas não estamos a prevenir a próxima. O mesmo tipo de pessoas está a tomar o mesmo tipo de decisões, o que só pode levar ao mesmo tipo de resultados."
18 dezembro 2011
E a EDP vai para...
Angela Dorothea Merkel ou para a E.ON, empresa que oferece menos dinheiro pelos 21,35% do capital da EDP.
Na corrida estão também as brasileiras Eletrobraz e CEMIG e a chinesa CTG (empresa estatal chinesa que ofereceu o preço mais alto, cerca de 2,7 mil milhões de euros).
A Parpública (Fátima Barros, Daniel Bessa e Sérgio Gonçalves do Cabo), a entidade do Estado que está a vender a EDP, escusou-se a fazer um ranking das três propostas que estão em disputa, o que é, no mínimo, estranho.
Outra estranheza é a notícia de favorecimento à empresa alemã, requerida pela física Merkel. Relvas, o ministro, diz que existe “uma comissão de avaliação no âmbito do Ministério das Finanças totalmente transparente”. Mas há quem diga que de transparente tem pouco.
Na corrida estão também as brasileiras Eletrobraz e CEMIG e a chinesa CTG (empresa estatal chinesa que ofereceu o preço mais alto, cerca de 2,7 mil milhões de euros).
A Parpública (Fátima Barros, Daniel Bessa e Sérgio Gonçalves do Cabo), a entidade do Estado que está a vender a EDP, escusou-se a fazer um ranking das três propostas que estão em disputa, o que é, no mínimo, estranho.
Outra estranheza é a notícia de favorecimento à empresa alemã, requerida pela física Merkel. Relvas, o ministro, diz que existe “uma comissão de avaliação no âmbito do Ministério das Finanças totalmente transparente”. Mas há quem diga que de transparente tem pouco.
Na Grécia já há fome entre os que têm emprego
Os professores na Grécia estão preocupados com os vários casos que se têm registado nos últimos meses de alunos que desmaiam nas escolas por fome e desnutrição e já alertaram as autoridades para o caso. Os meios de comunicação deram conta do caso, mas as notícias foram catalogadas de exageros jornalísticos.
A fome é sempre tão exagerada, nada fotogénica. Que chatice. Já não é negra, mas grega.
A fome é sempre tão exagerada, nada fotogénica. Que chatice. Já não é negra, mas grega.
Portugal ainda vai ser um paraíso
Ferraz da Costa defende o fim do subsídio de desemprego e diz: “com o Memorando da troika, que quase suspendeu a democracia em Portugal, era altura de fazermos essa e outras mudanças, como a lei da greve, que tal como existe, com a possibilidade de cinco ou seis dirigentes sindicais a convocarem, só acontece em Portugal e possibilitou um aumento dos salários muito superior à produtividade.”
Pedro Ferraz da Costa que foi em tempos eleito o melhor criador do Festival Internacional do Puro Sangue Lusitano de Portugal e é homem da indústria farmacêutica sabe muito bem que Portugal é o país onde ele e outros como ele ganham fortunas, mas podiam ganhar bastante mais. Para isso, importa que o país faça opções difíceis: empobrecer a maralha, acabar com os direitos e garantias da mesma, aumentar os impostos sobre os particulares ao invés de sobre as empresas, incentive a emigração e baixe salários a essa gentinha que trabalha 8 a 9 horas por dia.
A cereja em cima do bolo é irmos privatizar empresas para as vendermos ao Estado de outros países.
Grandes líderes que temos. Uma salva de palmas, s.f.f..
Pedro Ferraz da Costa que foi em tempos eleito o melhor criador do Festival Internacional do Puro Sangue Lusitano de Portugal e é homem da indústria farmacêutica sabe muito bem que Portugal é o país onde ele e outros como ele ganham fortunas, mas podiam ganhar bastante mais. Para isso, importa que o país faça opções difíceis: empobrecer a maralha, acabar com os direitos e garantias da mesma, aumentar os impostos sobre os particulares ao invés de sobre as empresas, incentive a emigração e baixe salários a essa gentinha que trabalha 8 a 9 horas por dia.
A cereja em cima do bolo é irmos privatizar empresas para as vendermos ao Estado de outros países.
Grandes líderes que temos. Uma salva de palmas, s.f.f..
Da emigração
Já é a segunda vez que alguém do governo sugere a emigração como modo de vida para os portugueses. Agora coube a Passos Coelho a sugestão. Diz ele que Angola e Brasil são destinos a pensar pois têm capacidade para absorver mão-de-obra portuguesa em sectores com “tudo o que tem a ver com tecnologias de informação e do conhecimento, e ainda em áreas muito relacionadas com a saúde, com a educação, com a área ambiental, com comunicações”.
Curiosamente há países a colher os investimentos feitos na educação. Como a Coreia do Sul, que se tornou "num campeão das exportações". Diz-se no Público: "A Coreia do Sul apresentava entre 1980 e 1990, uma posição semelhante à portuguesa no índice de desenvolvimento humano do PNUD, mas desde então disparou para o 15.º lugar, enquanto Portugal caiu alguns postos, para 41.º. A diferença resulta sobretudo dos níveis de instrução da população, que é um dos grandes investimentos das famílias sul-coreanas."
Curiosamente há países a colher os investimentos feitos na educação. Como a Coreia do Sul, que se tornou "num campeão das exportações". Diz-se no Público: "A Coreia do Sul apresentava entre 1980 e 1990, uma posição semelhante à portuguesa no índice de desenvolvimento humano do PNUD, mas desde então disparou para o 15.º lugar, enquanto Portugal caiu alguns postos, para 41.º. A diferença resulta sobretudo dos níveis de instrução da população, que é um dos grandes investimentos das famílias sul-coreanas."
A vingança dos ingleses
E se o euro colapsar? A resposta mais doce vem do reino de sua majestade: aviões, barcos e autocarros para salvar os súbditos das terras indigentes (Portugal e Espanha). Os súbditos de sua majestade gostam de sol e da vida barata da Península Ibérica. Ou seja, adoram o continente. Em Espanha são cerca de um milhão e 55 mil em Portugal.
O Ministério das Relações Exteriores britânico disse que se está a preparar para um "cenário de pesadelo", com milhares de britânicos sem dinheiro a dormir nos aeroportos e sem meios para chegar a casa. Entre os planos de contingência que o governo está a preparar consta o envio de aviões, navios e autocarros.
Há que colher aliados e os dois países podem ser importantes para a política europeia de David Cameron. É que são mais de 50% os que detestam o continente e se afirmam atlânticos.
O Ministério das Relações Exteriores britânico disse que se está a preparar para um "cenário de pesadelo", com milhares de britânicos sem dinheiro a dormir nos aeroportos e sem meios para chegar a casa. Entre os planos de contingência que o governo está a preparar consta o envio de aviões, navios e autocarros.
Há que colher aliados e os dois países podem ser importantes para a política europeia de David Cameron. É que são mais de 50% os que detestam o continente e se afirmam atlânticos.
17 dezembro 2011
Da simpatia por Gonçalo Ribeiro Telles
«a partir de determinada altura foi-se desenvolvendo a ideia de que a agricultura não era uma cultura, mas era uma economia feita exclusivamente para criar uma riqueza material, de financiamento fosse do que fosse. Houve muitos políticos – não se pode dizer todos – que se começaram a convencer-se de que a agricultura era qualquer coisa que não tinha lugar no mundo moderno.
(...) temos mais de meio milhão de fogos vazios, que serviram para construir, mas que estão vazios. Temos uma política florestal, que no fundo é a eucaliptação do país com a correspondente morte das aldeias e da agricultura regional.
A morte das aldeias, a caótica destruição com as urbanizações, o desaparecimento da agricultura.
Hoje não há uma ideia global por causa dos interesses e por causa de as pessoas estarem à espera de coisas que dêem proveito rapidamente. Por isso é que televisão diz todos os dias que há uma floresta a arder quando é um eucaliptal. Todos os dias se diz que há um desenvolvimento numa determinada região, porque os prédios atingiram determinada altura...
Temos auto-estradas, mas não temos caminhos locais de relação com a vida local. Vê-se a vida passar na auto-estrada, mas não se sente. Desprezamos as aldeias porque não fazem parte desse modelo. O próprio povoamento do país não faz parte desse modelo e portanto não há que tratar sequer da sua dignidade como pessoas.
O que me aflige é termos um país de alto a baixo, principalmente no Interior, despovoado e apodrecido.
Acabava com o pandemónio de construir nas melhores terras de cultura, de não promover uma boa circulação da água através das suas linhas naturais e de recuperar os solos através da própria ocupação vegetal. Há uma inércia enorme perante as asneiras cometidas.
Excertos desta entrevista.
(...) temos mais de meio milhão de fogos vazios, que serviram para construir, mas que estão vazios. Temos uma política florestal, que no fundo é a eucaliptação do país com a correspondente morte das aldeias e da agricultura regional.
A morte das aldeias, a caótica destruição com as urbanizações, o desaparecimento da agricultura.
Hoje não há uma ideia global por causa dos interesses e por causa de as pessoas estarem à espera de coisas que dêem proveito rapidamente. Por isso é que televisão diz todos os dias que há uma floresta a arder quando é um eucaliptal. Todos os dias se diz que há um desenvolvimento numa determinada região, porque os prédios atingiram determinada altura...
Temos auto-estradas, mas não temos caminhos locais de relação com a vida local. Vê-se a vida passar na auto-estrada, mas não se sente. Desprezamos as aldeias porque não fazem parte desse modelo. O próprio povoamento do país não faz parte desse modelo e portanto não há que tratar sequer da sua dignidade como pessoas.
O que me aflige é termos um país de alto a baixo, principalmente no Interior, despovoado e apodrecido.
Acabava com o pandemónio de construir nas melhores terras de cultura, de não promover uma boa circulação da água através das suas linhas naturais e de recuperar os solos através da própria ocupação vegetal. Há uma inércia enorme perante as asneiras cometidas.
Excertos desta entrevista.
Da espera
É um gajo porreiro, sempre avisou o país de que isto era péssimo e ia ficar pior. E continua a repetir a coisa. Medina Carreira é um sábio. Como todos os sábios irrita. Porque ninguém gosta que lhe digam: nasceste, pois vais morrer. É que, para afirmações desse calibre, estamos cá nós. O que a gente precisa é que Medina Carreira pense e diga como é que a economia portuguesa pode crescer. Quais são as medidas que impulsionam o crescimento. Mas temo que a sabedoria do homem se limite à arenga do costume.
O país está a seguir um caminho de corte. Os cortes são muito importantes. Se me cortarem as mãos deixo não só de escrever, como de comer. Poupo logo imenso. O pior é que ao cabo de uns dias morro.
Como é que se gera riqueza? Isso é que parece complicar a vida aos sábios. Portugal esteve demasiados anos sob o jugo de um homem como Medina Carreira, que gastava pouco e amealhava muito. Não se vê em que é que isso foi benéfico para o país: analfabetismo enorme, desemprego brutal, emigração elevadíssima, atraso cultural, científico e tecnológico...
Há gente que gosta de ver os outros em baixo para se sentir importante. Será o caso de Medina Carreira e doutros arautos que por aí andam?
A verdade que as estatísticas mostram é que o país se desenvolveu imenso nos últimos 35 anos. Com liberdade e investimento. Agora estamos a retroceder em ambos. Cada vez parece mais difícil perceber-se que as pessoas são o mais importante e não as negociatas.
Como algumas vozes solitárias dizem por aí não se pode pagar quando não há dinheiro. Não se pode pagar quando o desemprego sobe, o consumo baixa, a recessão se agrava. Mesmo que queiram atirar areia para os olhos da gente e digam que agora é assim mas daqui a nada vamos crescer. Não vamos. A continuar assim vamos piorar. Para crescer é preciso mudar de paradigmas. Aqui e ali há gente a mostrar caminhos: certos produtos agrícolas, turismo, restauração, cultura e mais. Para crescermos precisamos de apoiar as actividades certas e de correr riscos com as apostas.
Parece que enquanto não houver tumultos sociais não se vai poder mudar de paradigma. Resta-nos então ir esperando.
O país está a seguir um caminho de corte. Os cortes são muito importantes. Se me cortarem as mãos deixo não só de escrever, como de comer. Poupo logo imenso. O pior é que ao cabo de uns dias morro.
Como é que se gera riqueza? Isso é que parece complicar a vida aos sábios. Portugal esteve demasiados anos sob o jugo de um homem como Medina Carreira, que gastava pouco e amealhava muito. Não se vê em que é que isso foi benéfico para o país: analfabetismo enorme, desemprego brutal, emigração elevadíssima, atraso cultural, científico e tecnológico...
Há gente que gosta de ver os outros em baixo para se sentir importante. Será o caso de Medina Carreira e doutros arautos que por aí andam?
A verdade que as estatísticas mostram é que o país se desenvolveu imenso nos últimos 35 anos. Com liberdade e investimento. Agora estamos a retroceder em ambos. Cada vez parece mais difícil perceber-se que as pessoas são o mais importante e não as negociatas.
Como algumas vozes solitárias dizem por aí não se pode pagar quando não há dinheiro. Não se pode pagar quando o desemprego sobe, o consumo baixa, a recessão se agrava. Mesmo que queiram atirar areia para os olhos da gente e digam que agora é assim mas daqui a nada vamos crescer. Não vamos. A continuar assim vamos piorar. Para crescer é preciso mudar de paradigmas. Aqui e ali há gente a mostrar caminhos: certos produtos agrícolas, turismo, restauração, cultura e mais. Para crescermos precisamos de apoiar as actividades certas e de correr riscos com as apostas.
Parece que enquanto não houver tumultos sociais não se vai poder mudar de paradigma. Resta-nos então ir esperando.
13 dezembro 2011
Do bosão de Higgs ou a Partícula de Deus
Os cientistas andam atrás de Deus. O caso não é para menos. Há muito para explicar. Quando o encontrarem, digam alguma coisa e preparem um chat. Gostava de lhe perguntar algumas coisas. Por favor ligar para 112 e deixar mensagem.
Da poupança
A taxa de poupança das famílias portuguesas desceu de quase 24% do rendimento disponível em 1985 para 10% no final dos anos 1990, mantendo-se praticamente estável desde então. Recordemos que por então os juros começaram a descer e a inflação manteve-se alta. No entanto, para os estudiosos isso deveu-se ao desenvolvimento do Estado social e à facilidade no acesso ao crédito.
Hoje, a taxa de poupança ronda os 10 por cento, mas dizem que deveria ser o dobro, já que 20 por cento é a taxa que “parece garantir alguma solidez” à economia de um país.
O que agora se pretende é que se consuma menos e amealhe mais. Para que as pessoas vivam melhor? Não, para que o país seja sustentável. Ou será para que alguns continuem a cavar o fosso da desigualdade?
Hoje, a taxa de poupança ronda os 10 por cento, mas dizem que deveria ser o dobro, já que 20 por cento é a taxa que “parece garantir alguma solidez” à economia de um país.
O que agora se pretende é que se consuma menos e amealhe mais. Para que as pessoas vivam melhor? Não, para que o país seja sustentável. Ou será para que alguns continuem a cavar o fosso da desigualdade?
Adoro números
Portugal é o terceiro país da Zona Euro mais pobre. O nosso PIB 'per capita' medido em paridades de poder de compra (PPC) continuou, em 2010, num valor inferior à média da União Europeia, alcançando, tal como em 2009, um valor equivalente a 80 por cento dessa média. Em 2004 era de 75%.
Portugal é um país pobre comparado com os mais ricos. Mas não é um país pobre. Ou não era. Que aos poucos estamos a empobrecer e, por isso, o nosso Passos Coelho já anda todo contente a dizer que este ano o défice público não será superior a 4,5% do PIB, quando o exigido no acordo com a troika era de 5,9%. É um défice artificial, não é um défice autêntico, pois os seis mil milhões de fundos de pensões da banca permitem reduzir o défice contabilisticamente mas não realmente.
Já a taxa de desemprego em Portugal subiu para os 12,9%, acima da média dos países da zona euro, que está nos 10,3%.
Portugal continua um país altamente desigual. O número de pobres é assustador: mais de 50 % da população - basta olhar para isenções e apoios do Estado. E como dizem certos estudiosos "Os ricos têm melhor qualidade de vida nos países mais igualitários". Só EUA, Turquia, Israel e México são mais desiguais.
Podemos andar com números para trás e para a frente, que vamos sempre dar ao mesmo: precisamos de mudanças quer ao nível da economia quer sobretudo da educação (cultura e maneira de pensar).
Portugal é um país pobre comparado com os mais ricos. Mas não é um país pobre. Ou não era. Que aos poucos estamos a empobrecer e, por isso, o nosso Passos Coelho já anda todo contente a dizer que este ano o défice público não será superior a 4,5% do PIB, quando o exigido no acordo com a troika era de 5,9%. É um défice artificial, não é um défice autêntico, pois os seis mil milhões de fundos de pensões da banca permitem reduzir o défice contabilisticamente mas não realmente.
Já a taxa de desemprego em Portugal subiu para os 12,9%, acima da média dos países da zona euro, que está nos 10,3%.
Portugal continua um país altamente desigual. O número de pobres é assustador: mais de 50 % da população - basta olhar para isenções e apoios do Estado. E como dizem certos estudiosos "Os ricos têm melhor qualidade de vida nos países mais igualitários". Só EUA, Turquia, Israel e México são mais desiguais.
Podemos andar com números para trás e para a frente, que vamos sempre dar ao mesmo: precisamos de mudanças quer ao nível da economia quer sobretudo da educação (cultura e maneira de pensar).
12 dezembro 2011
Vem aí a fome
Pela primeira vez, desde que há registo, o volume de bens alimentares consumidos caiu. A crise já chegou à mesa dos portugueses.
Daqueles que concordam connosco
Chama-se Filipe de Botton e é um dos líderes da Logoplaste. Diz ele que “O maior problema que existe em Portugal é a classe empresarial. (...)somos pouco formados, pouco cosmopolitas, (...) falta em Portugal capacidade de liderança”.
Fonte
Fonte
10 dezembro 2011
Da cultura segundo o secretário de estado
Há por aí muita gente dada aos oxímoros, talvez pelas afinidades entre a retórica e a política. Assim, não há dia em que não sejamos surpreendidos pelos muitos vãos da ironia. Hoje, acordamos com as crenças do vate-escritor-secretário-de-estado-da-cultura que, ou inspirado pelo aroma intenso de um charuto, ou pela riqueza calórica de algum tinto encorpado, propõe ao gentio deixar de comer um bife e batata frita para ir... (não seja pesporrente, leitor, muito menos malicioso) ao cinema.
Não há nada melhor, em tempos de "cortes na nossa vida” do que uma ida ao cinema. Só o cheiro a pipoca sacia, o que é bom para a linha e para o colesterol. Acresce o ruído das pedras de gelo da cola que acabam logo com a sede. O nosso Francisco José Viegas pensa à frente e adivinha uma “mudança de hábitos”. Os compatriotas deixarão de comer e de beber para se tornarem grandes consumidores de "cultura".
A gente percebe que as cadeiras onde se sentam tão doutas individualidades são elaboradas com materiais preclaros que não só proporcionam um incremento da fé como tornam os governantes em profetas.
Não há nada melhor, em tempos de "cortes na nossa vida” do que uma ida ao cinema. Só o cheiro a pipoca sacia, o que é bom para a linha e para o colesterol. Acresce o ruído das pedras de gelo da cola que acabam logo com a sede. O nosso Francisco José Viegas pensa à frente e adivinha uma “mudança de hábitos”. Os compatriotas deixarão de comer e de beber para se tornarem grandes consumidores de "cultura".
A gente percebe que as cadeiras onde se sentam tão doutas individualidades são elaboradas com materiais preclaros que não só proporcionam um incremento da fé como tornam os governantes em profetas.
Do namoro
Vasco Pulido Valente e Manuel Alegre reintroduzem o duelo amoroso na imprensa portuguesa. Hoje, Manuel Alegre afirma que lhe apetece dar a Pulido Valente "com brandura, umas bengaladas", depois de ter tecido algumas considerações sobre o que é, para o nosso vate, o amor: algo que se manifesta do avesso, fruto de uma "espécie de pudor".
Vasco Pulido Valente zurzira há tempos Manuel Alegre, num dos seus artigos do Público. Nós, leitores entediados, aguardamos mais umas linhas destas missivas amorosas no Portugal dos inícios do século XXI.
Vasco Pulido Valente zurzira há tempos Manuel Alegre, num dos seus artigos do Público. Nós, leitores entediados, aguardamos mais umas linhas destas missivas amorosas no Portugal dos inícios do século XXI.
08 dezembro 2011
Outros estudos
Os números têm origem nos Censos deste ano. Que indicam que entre 2001 e 2011 quase duplicou o número de pessoas com curso superior – são agora cerca de 1,2 milhões. Esta tendência também se verifica no ensino secundário. No entanto, apenas 12% da população possui o ensino superior completo e 13% o secundário. E ainda há 19% da população sem qualquer nível de ensino.
São as mulheres quem possui qualificações mais elevadas, sendo 61% dos licenciados do sexo feminino, mas são também as mulheres que predominam no grupo de pessoas sem qualquer escolaridade.
Em 30 anos Portugal perdeu um milhão de crianças (até aos 14 anos) e ganhou 900 mil idosos (mais de 65 anos). Hoje, 19% dos portugueses têm 65 ou mais anos de idade. E há 21,4% a viver sozinhos, mormente no interior do país, na região Centro e Sul e nos municípios de Lisboa e Porto. Apesar do aumento dos divórcios, os casados continuam a representar grande parte da população: são 47%, face a 40% de solteiros, 7% de viúvos e 6% de divorciados. Os solteiros são mais homens (51,6%), os divorciados mais mulheres (58,6%).
Fonte: Público
São as mulheres quem possui qualificações mais elevadas, sendo 61% dos licenciados do sexo feminino, mas são também as mulheres que predominam no grupo de pessoas sem qualquer escolaridade.
Em 30 anos Portugal perdeu um milhão de crianças (até aos 14 anos) e ganhou 900 mil idosos (mais de 65 anos). Hoje, 19% dos portugueses têm 65 ou mais anos de idade. E há 21,4% a viver sozinhos, mormente no interior do país, na região Centro e Sul e nos municípios de Lisboa e Porto. Apesar do aumento dos divórcios, os casados continuam a representar grande parte da população: são 47%, face a 40% de solteiros, 7% de viúvos e 6% de divorciados. Os solteiros são mais homens (51,6%), os divorciados mais mulheres (58,6%).
Fonte: Público
Dos estudos que acabam na imprensa
A partir de um estudo limitado em população representativa e noutros itens de um estudo rigoroso parte-se para as generalizações, socialmente atractivas e que parecem confirmar lugares comuns. O busílis é apenas o de o estudo não obedecer a critérios rigorosos e dar aso a banalizações.
Uma equipa de investigadores da Universidade do Ohio, nos EUA, reuniu 283 estudantes (163 do sexo masculino e 120 do sexo feminino, entre os 18 e os 25 anos) para perceber as diferenças entre os pensamento de homens e mulheres ao longo de um dia. Divididos em três grupos, foi pedido aos participantes que, durante uma semana, cada vez que pensassem em sexo, comida ou descanso, consoante o grupo onde estavam inseridos, activassem um contador.
O resultado mostra que enquanto os homens pensam, em média, 19 vezes por dia em sexo, as mulheres apenas pensam 10 vezes.
Uma equipa de investigadores da Universidade do Ohio, nos EUA, reuniu 283 estudantes (163 do sexo masculino e 120 do sexo feminino, entre os 18 e os 25 anos) para perceber as diferenças entre os pensamento de homens e mulheres ao longo de um dia. Divididos em três grupos, foi pedido aos participantes que, durante uma semana, cada vez que pensassem em sexo, comida ou descanso, consoante o grupo onde estavam inseridos, activassem um contador.
O resultado mostra que enquanto os homens pensam, em média, 19 vezes por dia em sexo, as mulheres apenas pensam 10 vezes.
Da conspiração
O homem ficou conhecido pelo seu voraz apetite sexual. Mas não apenas por isso. Aos olhos do mundo tornou-se um agressor e um violador. Foi preso. E acabou fora da corrida às presidenciais francesas. Falou-se em complot. E volta a falar-se, depois da divulgação das imagens de segurança do hotel.
Os acontecimentos datam de 14 de maio. Nas imagens das câmaras de segurança do Hotel Sofitel de Nova York, é possível ver Strauss-Kahn a deixar o hotel calmamente, indo embora de táxi. Pouco depois, a empregada Nafissatou Diallo sai de um elevador e conversa com outros funcionários. Em seguida, surge no que aparenta ser uma área de acesso exclusivo da equipe do hotel, gesticulando junto a uma supervisora e aos funcionários, aparentemente seguranças. Quase uma hora depois de Strauss-Kahn ter deixado o hotel, esses dois seguranças vão para uma área reservada e aparecem a dançar e a abraçar-se, como se comemorassem algo, no que a emissora francesa BFM designa como “dança da alegria”.
A 25 de novembro, o jornalista norte-americano Edward Jay Epstein publicara na revista “The New York Review of Books” um artigo em que analisava estas mesmas imagens e dizia que a atitude dos funcionários era de comemoração dum golpe bem sucedido contra DSK.
Os acontecimentos datam de 14 de maio. Nas imagens das câmaras de segurança do Hotel Sofitel de Nova York, é possível ver Strauss-Kahn a deixar o hotel calmamente, indo embora de táxi. Pouco depois, a empregada Nafissatou Diallo sai de um elevador e conversa com outros funcionários. Em seguida, surge no que aparenta ser uma área de acesso exclusivo da equipe do hotel, gesticulando junto a uma supervisora e aos funcionários, aparentemente seguranças. Quase uma hora depois de Strauss-Kahn ter deixado o hotel, esses dois seguranças vão para uma área reservada e aparecem a dançar e a abraçar-se, como se comemorassem algo, no que a emissora francesa BFM designa como “dança da alegria”.
A 25 de novembro, o jornalista norte-americano Edward Jay Epstein publicara na revista “The New York Review of Books” um artigo em que analisava estas mesmas imagens e dizia que a atitude dos funcionários era de comemoração dum golpe bem sucedido contra DSK.
04 dezembro 2011
#AntiSec PT
A mensagem: «estamos aqui para combater a corrupção, expondo online a transparência que este sistema não permite existir.. e este sistema está a falhar.»
(...)
«2011 é o ano das revoluções e dos maiores hacks da história (até ao momento..) e estamos a criar um caminho para a revolução global. vamos defender o povo da corrupção policial e expor os corruptos que criaram a crise neste sistema com interesses sombrios.
Iremos também apoiar todos os movimentos que apresentam soluções concretas para substituir este sistema corrupto.
Denunciem a corrupção pelo nosso e mail, e juntem-se a nós no IRC.
Não somos Anonymous. Nem somos LulSecPortugal.
Somos o movimento #AntiSecPT»
A nossa língua não é o forte deste "grupo". Mas dominam a informática e provocam danos em sítios online. Estão por aqui e aqui.
Supostamente estão do lado do povo. O único problema é: que povo?
(...)
«2011 é o ano das revoluções e dos maiores hacks da história (até ao momento..) e estamos a criar um caminho para a revolução global. vamos defender o povo da corrupção policial e expor os corruptos que criaram a crise neste sistema com interesses sombrios.
Iremos também apoiar todos os movimentos que apresentam soluções concretas para substituir este sistema corrupto.
Denunciem a corrupção pelo nosso e mail, e juntem-se a nós no IRC.
Não somos Anonymous. Nem somos LulSecPortugal.
Somos o movimento #AntiSecPT»
A nossa língua não é o forte deste "grupo". Mas dominam a informática e provocam danos em sítios online. Estão por aqui e aqui.
Supostamente estão do lado do povo. O único problema é: que povo?
Da realidade portuguesa segundo um ponto de vista
A cultura em Portugal é sinónimo de álcool e fumo, pelo menos esse é o ponto de vista do nosso primeiro-ministro e do ministro das finanças.
«Foi possível propor a compensação da perda de receita no caso dos espectáculos culturais (cerca de 20 milhões de euros) com o agravamento dos impostos especiais sobre o álcool e o tabaco.»
A afirmação vem no seguimento de uma pergunta de Maria João Avillez. Uma dessas perguntas que tem o odor requentado dos lugares comuns que formatam o raciocínio de muita boa gente: «Porque se comoveu com a cultura mais do que com a restauração?» Cultura e restauração como parte de um sentimento, de uma emoção. Não se trata de pensamento ou de uma acção política, mas de... comoção. Ou seja, uma dessas perguntas que legitima todo o tipo de respostas. E que mostra à saciedade o quanto certas campanhas de promoção de Portugal são... mentira. O que importa é encher a boca com números. Sem se recordarem do quanto a restauração é cultura e da mais-valia que essa cultura representa nos dias de hoje. Não. Trabalha-se com o passado numérico. No ano passado a restauração produziu X, logo no próximo ano vai produzir Y e pode-se, qual Xerife de Nottingham, cortar ali para arrecadar mais dinheiro.
A cultura e restauração são insignificantes para a economia portuguesa? O governo tem algumas ideias para esses sectores? Ou limita-se, qual merceeiro, a pensar em amealhar?
Num tempo em que tanto se fala de dieta mediterrânica, até como parte de uma economia sustentável, o nosso primeiro-ministro olha para o assunto como uma parcela de excel e a entrevistadora como uma comoção. Giro, tão giro, tão fresco, tão revelador, não é?
Até porque a cultura é um lugar impensável sem álcool e sem fumo... e, se bem me lembro, havia um ministro que há não muito, também gostava de pensar no álcool como alimento dos portugueses.
«Foi possível propor a compensação da perda de receita no caso dos espectáculos culturais (cerca de 20 milhões de euros) com o agravamento dos impostos especiais sobre o álcool e o tabaco.»
A afirmação vem no seguimento de uma pergunta de Maria João Avillez. Uma dessas perguntas que tem o odor requentado dos lugares comuns que formatam o raciocínio de muita boa gente: «Porque se comoveu com a cultura mais do que com a restauração?» Cultura e restauração como parte de um sentimento, de uma emoção. Não se trata de pensamento ou de uma acção política, mas de... comoção. Ou seja, uma dessas perguntas que legitima todo o tipo de respostas. E que mostra à saciedade o quanto certas campanhas de promoção de Portugal são... mentira. O que importa é encher a boca com números. Sem se recordarem do quanto a restauração é cultura e da mais-valia que essa cultura representa nos dias de hoje. Não. Trabalha-se com o passado numérico. No ano passado a restauração produziu X, logo no próximo ano vai produzir Y e pode-se, qual Xerife de Nottingham, cortar ali para arrecadar mais dinheiro.
A cultura e restauração são insignificantes para a economia portuguesa? O governo tem algumas ideias para esses sectores? Ou limita-se, qual merceeiro, a pensar em amealhar?
Num tempo em que tanto se fala de dieta mediterrânica, até como parte de uma economia sustentável, o nosso primeiro-ministro olha para o assunto como uma parcela de excel e a entrevistadora como uma comoção. Giro, tão giro, tão fresco, tão revelador, não é?
Até porque a cultura é um lugar impensável sem álcool e sem fumo... e, se bem me lembro, havia um ministro que há não muito, também gostava de pensar no álcool como alimento dos portugueses.
02 dezembro 2011
Retrato de um português de hoje pintado há séculos
O quadro, datado de 1633, não pertencia ainda à lista de obras de Rembrandt. Agora já pertence. Por baixo detectou-se um auto-retrato inacabado do pintor holandês.
De dimensões pequenas (15cmx20cm), terá sido pintado por Rembrandt aos 24 anos, numa altura em que a sua reputação de retratista começava a crescer.
Os exames de raio-X, com recurso a uma técnica de espectrometria de fluorescência de macro raio-X que permitem detectar pigmentos escondidos em camadas de tinta, feitos à obra revelam que por baixo do retrato de um homem velho, de olhar carregado e triste, está um auto-retrato incompleto do pintor, cujos detalhes faciais não estão desenhados, mas os traços gerais correspondem a uma impressão de 1633 que tem uma inscrição que dizem ser de Rembrandt.
De dimensões pequenas (15cmx20cm), terá sido pintado por Rembrandt aos 24 anos, numa altura em que a sua reputação de retratista começava a crescer.
Os exames de raio-X, com recurso a uma técnica de espectrometria de fluorescência de macro raio-X que permitem detectar pigmentos escondidos em camadas de tinta, feitos à obra revelam que por baixo do retrato de um homem velho, de olhar carregado e triste, está um auto-retrato incompleto do pintor, cujos detalhes faciais não estão desenhados, mas os traços gerais correspondem a uma impressão de 1633 que tem uma inscrição que dizem ser de Rembrandt.
O polvo dos Spy Files
Há dezenas de empresas a vender tecnologia para vigilância de pessoas a governos (ditaduras ou ditas democracias). A informação é fornecida pela WikiLeaks, que afirma que se vendem equipamentos para “registar a localização de todos os telemóveis numa cidade, com uma precisão de 50 metros” e software para “infectar todos os utilizadores de Facebook ou utilizadores de smartphone de um sector inteiro da população”. Para além disto, há quem venda vírus informáticos e outro software malicioso para ser instalado em computadores específicos, tecnologia de rastreamento por GPS e material para interceptar ligações de Internet.
O Big Brother é uma realidade que passou da literatura e do cinema para o dia a dia.
Para ver mais, ir aqui.
O Big Brother é uma realidade que passou da literatura e do cinema para o dia a dia.
Para ver mais, ir aqui.
Christa Wolf (1929-2011)
Morreu ontem, em Berlim, Christa Wolf, autora de "Cassandra" e "Medeia. Vozes", "Três Histórias Inverosímeis" (publicados em Portugal pela Cotovia) e "Acidente: notícias de um dia" (Publicações D. Quixote).
«A curiosidade é um mau hábito das mulheres e dos gatos, ao passo que o homem é ávido de conhecimento e tem sede de saber.» (THI, pág. 94)
Nas obras da escritora, as mulheres estão sempre no centro das atenções. Mulheres que se sentem estranhas, desajustadas num mundo masculino e que questionam os lugares comuns da dominação e do poder.
«A curiosidade é um mau hábito das mulheres e dos gatos, ao passo que o homem é ávido de conhecimento e tem sede de saber.» (THI, pág. 94)
Nas obras da escritora, as mulheres estão sempre no centro das atenções. Mulheres que se sentem estranhas, desajustadas num mundo masculino e que questionam os lugares comuns da dominação e do poder.
Portugal e o imenso buraco nas contas do Estado
Milhão para aqui, milhão para ali. Parece uma dança. Quando o maestro de serviço era rosa, todos diziam que a culpa era de Sócrates. Agora que é laranja, vai-se suportando, à falta de algo credível (as eleições foram há pouco tempo). Mas os sinais de alerta mantêm-se acesos e os cortes continuam a todo o vapor.
Há quem se questione sobre o que anda por aí a dizer Passos Coelho, ao mesmo tempo que fala do encaixe de 6 mil milhões com o fundo de pensões da banca:
«Seis mil milhões é muito mais do que se previa, correspondendo a mais de 3% do PIB. Ou o Estado terá um défice afinal inferior a 5,9% ou teremos também "despesas extraordinárias" ainda este ano. Pela experiência, a segunda hipótese é mais provável: estes seis mil milhões são um enorme tapete para debaixo do qual o Estado ainda vai varrer muito lixo. Buracos nas empresas municipais? Nas PPP? No BPN? Que esqueletos saltarão do armário para aninhar no conforto do fundo de pensões?
Mais: se o o défice orçamental deste ano for formalmente de 5,9% mas substancialmente acima de 9% (5,9% mais os 3% e picos do fundo), então a redução para 4,5% comprometida para 2012 será de uma violência quântica. Talvez assim se perceba a entrevista do primeiro-ministro de há dois dias, para preparar o discurso da derrapagem do défice e da recessão económica de 2012, prenunciado mais medidas de austeridade. Cristalino, não é?» (Diz Pedro Santos Guerreiro)
Para que o jogo não seja assim tão cristalino, o ministro Branco dá-lhe esse tom vago, que serve ao sim, ao não e que alguns dizem ser nim. «Todos os sectores da sociedade portuguesa, todas as áreas da governação são solidários no esforço que o povo português está a fazer para ultrapassar este momento. Não é só o sector da Defesa, da Educação, da Saúde. Temos feito tudo o que é necessário para ultrapassar este momento».
E como nisto de alta finança vale tudo, havemos de pagar no futuro estes seis mil milhões com mais dívida, mais impostos, mais cortes. Olé!
Há quem se questione sobre o que anda por aí a dizer Passos Coelho, ao mesmo tempo que fala do encaixe de 6 mil milhões com o fundo de pensões da banca:
«Seis mil milhões é muito mais do que se previa, correspondendo a mais de 3% do PIB. Ou o Estado terá um défice afinal inferior a 5,9% ou teremos também "despesas extraordinárias" ainda este ano. Pela experiência, a segunda hipótese é mais provável: estes seis mil milhões são um enorme tapete para debaixo do qual o Estado ainda vai varrer muito lixo. Buracos nas empresas municipais? Nas PPP? No BPN? Que esqueletos saltarão do armário para aninhar no conforto do fundo de pensões?
Mais: se o o défice orçamental deste ano for formalmente de 5,9% mas substancialmente acima de 9% (5,9% mais os 3% e picos do fundo), então a redução para 4,5% comprometida para 2012 será de uma violência quântica. Talvez assim se perceba a entrevista do primeiro-ministro de há dois dias, para preparar o discurso da derrapagem do défice e da recessão económica de 2012, prenunciado mais medidas de austeridade. Cristalino, não é?» (Diz Pedro Santos Guerreiro)
Para que o jogo não seja assim tão cristalino, o ministro Branco dá-lhe esse tom vago, que serve ao sim, ao não e que alguns dizem ser nim. «Todos os sectores da sociedade portuguesa, todas as áreas da governação são solidários no esforço que o povo português está a fazer para ultrapassar este momento. Não é só o sector da Defesa, da Educação, da Saúde. Temos feito tudo o que é necessário para ultrapassar este momento».
E como nisto de alta finança vale tudo, havemos de pagar no futuro estes seis mil milhões com mais dívida, mais impostos, mais cortes. Olé!
A alta qualidade da construção civil portuguesa
Infiltrações, azulejos que descolam, entre outros detalhes. Ver, por exemplo, o que acontece aqui.
29 novembro 2011
Como festejar um prémio
Soltar um grito capaz de acordar um urso em hibernação, atirar o telemóvel contra a parede e correr a abraçar quem está ao lado.
Veja aqui.
Veja aqui.
Vamos lá abater despesas no IRC
Massagens, tampões higiénicos, cintos de pele de crocodilo, cabeleireiro, faqueiros em prata, mercearia, viagens e festas de aniversário de família, alugueres de jactos e helicópteros particulares, auditorias e prendas, tudo serviu para poupar a módica quantia de 750 mil euros de IRC entre 2005 e 2007, dado que passaram pela contabilidade da empresa despesas de natureza pessoal no valor de 3,1 milhões de euros.
Coitada da empresa que tal faz. É uma empresa portuguesa, muitas vezes apontada como exemplar pelo volume de negócios. E que se viu apanhada pelo fisco nestes incumprimentos.
Não estamos aqui a sugerir que não se gastem tampões higiénicos ou cintos de pele de crocodilo, apenas que se se usa de tais subterfúgios para fugir aos impostos, algo que lesa o Estado, ou seja, toda a gente, se deve ser julgado. O que está a acontecer.
A empresa “reconheceu já em juízo a existência de lapsos marginais na contabilização de despesas de índole pessoal, tendo evidenciado, porém, que as mesmas correspondem a uma percentagem absolutamente irrisória do valor global em discussão”.
Gosto particularmente do esclarecimento da empresa. Já emoldurei e pendurei na parede. É um naco de boa prosa. Por causa do adjectivo usado: lapsos marginais.
Coitada da empresa que tal faz. É uma empresa portuguesa, muitas vezes apontada como exemplar pelo volume de negócios. E que se viu apanhada pelo fisco nestes incumprimentos.
Não estamos aqui a sugerir que não se gastem tampões higiénicos ou cintos de pele de crocodilo, apenas que se se usa de tais subterfúgios para fugir aos impostos, algo que lesa o Estado, ou seja, toda a gente, se deve ser julgado. O que está a acontecer.
A empresa “reconheceu já em juízo a existência de lapsos marginais na contabilização de despesas de índole pessoal, tendo evidenciado, porém, que as mesmas correspondem a uma percentagem absolutamente irrisória do valor global em discussão”.
Gosto particularmente do esclarecimento da empresa. Já emoldurei e pendurei na parede. É um naco de boa prosa. Por causa do adjectivo usado: lapsos marginais.
Olarilolé
A banca avisa, a troika está a atirar-nos para as areias movediças da morte certa: serão menos 46 mil milhões que desaparecem da economia portuguesa, com o inevitável asfixiamento das empresas e das pessoas.
“A intervenção dos reguladores está a desarticular o sistema financeiro europeu”, diz o banqueiro Fernando Ulrich.
Ora, no mesmo dia, ficámos a saber que um americano de provecta idade devolveu a uma loja o dinheiro que roubara há 60 anos, com juros. Se a medida fosse seguida pelos mercados, poderíamos viver em paz.
Basta recordar que o dinheiro nada é, apenas um instrumento para suportar transacções. O dinheiro serve apenas para facilitar as transacções comerciais — não produz nenhum bem real. O objectivo da economia é, em princípio, manter e promover o bem-estar das pessoas. Mas há quem sempre queira apropriar-se do que é de todos. Os gulosos podem ter vários nomes: especuladores, agiotas, mercenários, traficantes, débeis mentais. A população aprende desde muito cedo a venerar os traficantes, pelo bem-estar que ostentam. Porque a escola é, grosso-modo, omissa quanto aos fundamentos e bases da economia. O conhecimento é segredo e este é a alma do negócio, por isso a economia é sempre um assunto mal estudado que fica para um pequeno grupo de especialistas (os quais, como se tem visto no caso europeu, falham em toda a linha, excepto na manutenção do seu alto nível de vida).
Mário Soares que não é economista, mas político e que se orgulha de o ser, diz que "estamos a cortar tudo e não estamos a construir nada para obter maior crescimento económico e para reduzir o desemprego. Se assim continuar, daqui a um ano vamos estar pior do que estamos hoje. Para que nos serve então a austeridade que vem aí?"
Se ouvirmos os economistas eles enrolam o discurso para acabarem por admitir que não sabem como é que Portugal vai poder crescer. Porque sabem que Portugal vai empobrecer e o empobrecimento é o contrário do crescimento.
No entanto o país tem recursos: pessoas; território; oceano; competências; massa crítica. Ou seja, pode encontrar maneiras de dar a volta à crise se conseguir envolver na solução o maior número de pessoas. Para o fazer tem de haver espírito de missão por parte de todos e não apenas dos sofredores do costume. E o que se vê é que são apenas os do costume que vão pagar a factura para, no fim, estarem pior. E sem que se veja sinal de a justiça funcionar para com quantos são os grandes responsáveis pelos buracos (sejam eles os do BPN, do BPP, da Madeira, das empresas públicas, das más gestões administrativas, das autarquias).
A mensagem é muito clara: fode-te Zé, para que o Samuel, o Pedro, o Jorge e amigos te continuem a foder. E Zé, não faças ondas, sê bem comportado, como sempre, paga e está caladinho.
“A intervenção dos reguladores está a desarticular o sistema financeiro europeu”, diz o banqueiro Fernando Ulrich.
Ora, no mesmo dia, ficámos a saber que um americano de provecta idade devolveu a uma loja o dinheiro que roubara há 60 anos, com juros. Se a medida fosse seguida pelos mercados, poderíamos viver em paz.
Basta recordar que o dinheiro nada é, apenas um instrumento para suportar transacções. O dinheiro serve apenas para facilitar as transacções comerciais — não produz nenhum bem real. O objectivo da economia é, em princípio, manter e promover o bem-estar das pessoas. Mas há quem sempre queira apropriar-se do que é de todos. Os gulosos podem ter vários nomes: especuladores, agiotas, mercenários, traficantes, débeis mentais. A população aprende desde muito cedo a venerar os traficantes, pelo bem-estar que ostentam. Porque a escola é, grosso-modo, omissa quanto aos fundamentos e bases da economia. O conhecimento é segredo e este é a alma do negócio, por isso a economia é sempre um assunto mal estudado que fica para um pequeno grupo de especialistas (os quais, como se tem visto no caso europeu, falham em toda a linha, excepto na manutenção do seu alto nível de vida).
Mário Soares que não é economista, mas político e que se orgulha de o ser, diz que "estamos a cortar tudo e não estamos a construir nada para obter maior crescimento económico e para reduzir o desemprego. Se assim continuar, daqui a um ano vamos estar pior do que estamos hoje. Para que nos serve então a austeridade que vem aí?"
Se ouvirmos os economistas eles enrolam o discurso para acabarem por admitir que não sabem como é que Portugal vai poder crescer. Porque sabem que Portugal vai empobrecer e o empobrecimento é o contrário do crescimento.
No entanto o país tem recursos: pessoas; território; oceano; competências; massa crítica. Ou seja, pode encontrar maneiras de dar a volta à crise se conseguir envolver na solução o maior número de pessoas. Para o fazer tem de haver espírito de missão por parte de todos e não apenas dos sofredores do costume. E o que se vê é que são apenas os do costume que vão pagar a factura para, no fim, estarem pior. E sem que se veja sinal de a justiça funcionar para com quantos são os grandes responsáveis pelos buracos (sejam eles os do BPN, do BPP, da Madeira, das empresas públicas, das más gestões administrativas, das autarquias).
A mensagem é muito clara: fode-te Zé, para que o Samuel, o Pedro, o Jorge e amigos te continuem a foder. E Zé, não faças ondas, sê bem comportado, como sempre, paga e está caladinho.
28 novembro 2011
Fala Isabel do Carmo
«O primeiro-ministro anunciou que íamos empobrecer, com aquele desígnio de falar "verdade", que consiste na banalização do mal, para que nos resignemos mais suavemente. Ao lado, uma espécie de contabilista a nível nacional diz-nos, como é hábito nos contabilistas, que as contas são difíceis de perceber, mas que os números são crus. Os agiotas batem à porta e eles afinal até são amigos dos agiotas. Que não tivéssemos caído na asneira de empenhar os brincos, os anéis e as pulseiras para comprar a máquina de lavar alemã. (...)
Vamos empobrecer. Já vivi num país assim. Um país onde os "remediados" só compravam fruta para as crianças e os pomares estavam rodeados de muros encimados por vidros de garrafa partidos, onde as crianças mais pobres se espetavam, se tentassem ir às árvores. Um país onde se ia ao talho comprar um bife que se pedia "mais tenrinho" para os mais pequenos, onde convinha que o peixe não cheirasse "a fénico". Não, não era a "alimentação mediterrânica", nos meios industriais e no interior isolado, era a sobrevivência.
Na terra onde nasci, os operários corticeiros, quando adoeciam ou deixavam de trabalhar vinham para a rua pedir esmola (como é que vão fazer agora os desempregados de "longa" duração, ou seja, ao fim de um ano e meio?). (...)
Na terra onde nasci e vivi, o hospital estava entregue à Misericórdia. Nesse, como em todos os das Misericórdias, o provedor decidia em absoluto os desígnios do hospital. Era um senhor rural e arcaico, vestido de samarra, evidentemente não médico, que escolhia no catálogo os aparelhos de fisioterapia, contratava as religiosas e os médicos, atendia os pedidos dos administrativos (...) E tudo dependia da Assistência. O nome diz tudo. (...)
E todos por todo o lado pediam "um jeitinho", "um empenhozinho", "um padrinho", "depois dou-lhe qualquer coisinha", "olhe que no Natal não me esqueço de si" e procuravam "conhecer lá alguém".
Na província, alguns, poucos, tinham acesso às primeiras letras (e últimas) através de regentes escolares, que elas próprias só tinham a quarta classe. Também na província não havia livrarias (abençoadas bibliotecas itinerantes da Gulbenkian), nem teatro, nem cinema.»
Isabel do Carmo, Já vivi nesse país e não gostei, in Público
Vamos empobrecer. Já vivi num país assim. Um país onde os "remediados" só compravam fruta para as crianças e os pomares estavam rodeados de muros encimados por vidros de garrafa partidos, onde as crianças mais pobres se espetavam, se tentassem ir às árvores. Um país onde se ia ao talho comprar um bife que se pedia "mais tenrinho" para os mais pequenos, onde convinha que o peixe não cheirasse "a fénico". Não, não era a "alimentação mediterrânica", nos meios industriais e no interior isolado, era a sobrevivência.
Na terra onde nasci, os operários corticeiros, quando adoeciam ou deixavam de trabalhar vinham para a rua pedir esmola (como é que vão fazer agora os desempregados de "longa" duração, ou seja, ao fim de um ano e meio?). (...)
Na terra onde nasci e vivi, o hospital estava entregue à Misericórdia. Nesse, como em todos os das Misericórdias, o provedor decidia em absoluto os desígnios do hospital. Era um senhor rural e arcaico, vestido de samarra, evidentemente não médico, que escolhia no catálogo os aparelhos de fisioterapia, contratava as religiosas e os médicos, atendia os pedidos dos administrativos (...) E tudo dependia da Assistência. O nome diz tudo. (...)
E todos por todo o lado pediam "um jeitinho", "um empenhozinho", "um padrinho", "depois dou-lhe qualquer coisinha", "olhe que no Natal não me esqueço de si" e procuravam "conhecer lá alguém".
Na província, alguns, poucos, tinham acesso às primeiras letras (e últimas) através de regentes escolares, que elas próprias só tinham a quarta classe. Também na província não havia livrarias (abençoadas bibliotecas itinerantes da Gulbenkian), nem teatro, nem cinema.»
Isabel do Carmo, Já vivi nesse país e não gostei, in Público
Da vespa para o audi
Andava de lambreta e passa a andar com um carro que custa a pequena quantia de 86 mil euros.
O CM avançou com a notícia, que o gabinete do ministro se apressou a desmentir. O desmentido diz que o carro não foi comprado, que se trata de um aluguer de longa duração. A verdade é que Pedro Mota Soares, ministro da Solidariedade e Segurança Social, tem agora um carrito cómodo para se deslocar, pois a crise, oh diacho, não toca a todos.
O CM avançou com a notícia, que o gabinete do ministro se apressou a desmentir. O desmentido diz que o carro não foi comprado, que se trata de um aluguer de longa duração. A verdade é que Pedro Mota Soares, ministro da Solidariedade e Segurança Social, tem agora um carrito cómodo para se deslocar, pois a crise, oh diacho, não toca a todos.
Ditaduras na Europa
Fala Diogo Freitas do Amaral: há «um conjunto de países democráticos governados por uma ditadura de cima para baixo», «uma ditadura de dois chefes de estado ou de governo» ou de «um ser híbrido a que chamam "Merkozy"» que impõe orçamentos e determina políticas nacionais, o que cheira a «imperialismo, hegemonia, colonialismo, protectorado».
Fonte: DN
Fonte: DN
O estranho caso do esperma roubado
Há notícias que não lembram ao diabo, esse cornudo que sempre esteve ligado a casos de grande erotismo.
Os factos ocorreram em Harare, Zimbábue. As irmãs Sophie Nhokwara (de 26 anos) e Netsai Nhokwara (24) e Rosemary Chakwizira (28) foram detidas juntamente com o namorado de Sophie, Thulani Ngwenya (24), por suspeita de dezassete ataques indecentes agravados contra homens que obrigavam a ter relações sexuais, depois de os estimularem com químicos afrodisíacos. A polícia apanhou-as com mais de três dezenas de preservativos usados no carro. E há vários rapazes e homens que se queixaram de ter sido obrigados a ter relações sexuais com as três, que depois os abandonavam sem roupas.
Os factos ocorreram em Harare, Zimbábue. As irmãs Sophie Nhokwara (de 26 anos) e Netsai Nhokwara (24) e Rosemary Chakwizira (28) foram detidas juntamente com o namorado de Sophie, Thulani Ngwenya (24), por suspeita de dezassete ataques indecentes agravados contra homens que obrigavam a ter relações sexuais, depois de os estimularem com químicos afrodisíacos. A polícia apanhou-as com mais de três dezenas de preservativos usados no carro. E há vários rapazes e homens que se queixaram de ter sido obrigados a ter relações sexuais com as três, que depois os abandonavam sem roupas.
Fonte: JN
27 novembro 2011
VPV feat Cavaco e o resultado é...
Há coisas a que se chega com razoável atraso. Porque é preciso vencer o tédio. A mim acontece-me com Vasco Pulido Valente. Espécie de bonzo nacional que se diz social-democrata, do mesmo modo que Paulo Portas é democrata cristão. Há designações que de tão vazias servem para se usar como emblema e ficam bem com a pose.
Só agora li a entrevista de Pedro Lomba. Uma dessas entrevistas que dão bem a medida da vaidade de duas pessoas: entrevistado e entrevistador. As pessoas de direita têm tiques assim. Gostam de dar nas vistas. Cultivam mesmo um ar meio blasé, a imitar os gauches que dizem detestar, porque lhes dá sainete. (Ah, que chatice, hoje saem-me termos franceses e isso é tão démodé.)
Vasco Pulido Valente é homem de certos ressentimentos. E isso torna-o engraçado aos olhos de quem o lê. O veneno, a bílis, o ácido funcionam como uma espécie de voyeurismo, a gente espreita para ver a posição que o Autor vai assumir. As posições contra por exemplo Cavaco Silva são uma delícia. Vasco Pulido Valente não lhe perdoa o modo como Cavaco o ignorou, pondo a nu a sua vacuidade. E não perde, por isso, oportunidade de dizer que Cavaco Silva é o inimigo número 1 do país e o culpado pelo estado em que estamos.
As contradições são o seu forte. Quando a pose é mais de historiador, quer mostrar que há continuidades que explicam as "falhas", mas quando o ressentimento é mais forte, isso é esquecido e opta pelo maniqueísmo mais primário.
Cavaco Silva não tem pergaminhos. Vasco Pulido Valente tem. Ambos estudaram fora. Ambos têm um relacionamento de longa data com o pensamento (e as afectações) do mundo anglo-saxónico. Mas Cavaco dominou o país durante anos. Conseguiu aquilo que antes dele ninguém conseguira. Ou seja, sempre foi um protótipo do português. Vasco Pulido Valente é mais da linha queirosiana, um estrangeirado. Alguém que toma a sua própria vaidade como régua através da qual mede tudo. E que não chega aos calcanhares do escritor. A medida de Vasco Pulido Valente é mesquinha. Veja-se este pequeno naco de pensamento (de ressentimento). «O país transformou-se. Foi o Cavaco que, como lhe disse, pôs o carro a descer a encosta. Ele criou aos portugueses o sentido de entitlement, quando o Estado lhes dava qualquer coisa isso passava a ser um direito. Transformou Portugal. Eu tenho um artigo qualquer que se chama "Homus Cavaquensis". Isso não foi um erro, foi uma profecia que acabou por se verificar. Se foi esse o grande erro que eu fiz... Eu costumava fazer campanhas eleitorais com um amigo meu que era médico. Entrávamos no distrito de Leiria e ele dizia-me sempre, isto em 1980, "agora vai devagarinho que aqui o Hospital de Leiria só tem algodão e mercúrio cromo". Anos depois, há hospitais moderníssimos. O Cavaco subiu as expectativas dos portugueses absurdamente.»
Cavaco é o culpado por... ter criado nos portugueses a sensação de que tinham direito a ter hospitais. Não têm. Vasco Pulido Valente sabe isso muito bem. Ele tem médicos na família. Os portugueses não podem ter hospitais. Isso é um crime. E é por causa desse crime que estamos onde estamos.
Só agora li a entrevista de Pedro Lomba. Uma dessas entrevistas que dão bem a medida da vaidade de duas pessoas: entrevistado e entrevistador. As pessoas de direita têm tiques assim. Gostam de dar nas vistas. Cultivam mesmo um ar meio blasé, a imitar os gauches que dizem detestar, porque lhes dá sainete. (Ah, que chatice, hoje saem-me termos franceses e isso é tão démodé.)
Vasco Pulido Valente é homem de certos ressentimentos. E isso torna-o engraçado aos olhos de quem o lê. O veneno, a bílis, o ácido funcionam como uma espécie de voyeurismo, a gente espreita para ver a posição que o Autor vai assumir. As posições contra por exemplo Cavaco Silva são uma delícia. Vasco Pulido Valente não lhe perdoa o modo como Cavaco o ignorou, pondo a nu a sua vacuidade. E não perde, por isso, oportunidade de dizer que Cavaco Silva é o inimigo número 1 do país e o culpado pelo estado em que estamos.
As contradições são o seu forte. Quando a pose é mais de historiador, quer mostrar que há continuidades que explicam as "falhas", mas quando o ressentimento é mais forte, isso é esquecido e opta pelo maniqueísmo mais primário.
Cavaco Silva não tem pergaminhos. Vasco Pulido Valente tem. Ambos estudaram fora. Ambos têm um relacionamento de longa data com o pensamento (e as afectações) do mundo anglo-saxónico. Mas Cavaco dominou o país durante anos. Conseguiu aquilo que antes dele ninguém conseguira. Ou seja, sempre foi um protótipo do português. Vasco Pulido Valente é mais da linha queirosiana, um estrangeirado. Alguém que toma a sua própria vaidade como régua através da qual mede tudo. E que não chega aos calcanhares do escritor. A medida de Vasco Pulido Valente é mesquinha. Veja-se este pequeno naco de pensamento (de ressentimento). «O país transformou-se. Foi o Cavaco que, como lhe disse, pôs o carro a descer a encosta. Ele criou aos portugueses o sentido de entitlement, quando o Estado lhes dava qualquer coisa isso passava a ser um direito. Transformou Portugal. Eu tenho um artigo qualquer que se chama "Homus Cavaquensis". Isso não foi um erro, foi uma profecia que acabou por se verificar. Se foi esse o grande erro que eu fiz... Eu costumava fazer campanhas eleitorais com um amigo meu que era médico. Entrávamos no distrito de Leiria e ele dizia-me sempre, isto em 1980, "agora vai devagarinho que aqui o Hospital de Leiria só tem algodão e mercúrio cromo". Anos depois, há hospitais moderníssimos. O Cavaco subiu as expectativas dos portugueses absurdamente.»
Cavaco é o culpado por... ter criado nos portugueses a sensação de que tinham direito a ter hospitais. Não têm. Vasco Pulido Valente sabe isso muito bem. Ele tem médicos na família. Os portugueses não podem ter hospitais. Isso é um crime. E é por causa desse crime que estamos onde estamos.
25 novembro 2011
Entre o risco e a utopia
Portugal é um país baço? Tosco? Atrasado?
Há quem garanta que sim. Há quem não hesite em negar tais barbaridades.
E no meio não há virtude nenhuma.
Quando um empresário fala e põe a tónica no risco, pode ser aplaudido, sobretudo se for bem sucedido e obtiver lucro.
Já quando alguém afiança que a criatividade é a mãe de todo o crescimento, fruto da insatisfação intrínseca do ser humano, verifica-se um generalizado encolher de ombros, senão um sorriso cúmplice, que pode ser traduzido por Olha, mais um idiota...
No entanto, são os gestores e os empresários mais bem sucedidos que incorporam no seu discurso e comportamento aquilo que um conjunto de criativos pensa estrategicamente, obtendo assim mais-valias e contribuindo para o enriquecimento próprio e do país onde isso acontece.
São muitos os seminários, os encontros, os congressos onde se debatem estes assuntos, procurando sensibilizar empresários e quadros superiores para uma percepção mais abrangente que lhes permita inovar e desenvolverem-se.
Porque é que o governo do meu país parece rastejar e apenas se serve de uma retórica passadista, bolorenta, incapaz de dinamizar a economia?
A babugem do défice, os cortes mastodônticos servem que interesses? Os do país ou os de um pequeno grupo de agiotas? Não deixa de ser caricato verificar que o governo, depois de, enquanto oposição ter zurzido Sócrates, venha agora reivindicar aquilo que ele fazia como ninguém: usar as centrais de informação para passar as suas mensagens. (Repare-se como Moedas titubeia, como se mostra incapaz de enfrentar o touro e prefere dizer que é um grande bailarino. Acreditará que assim levará água a algum moinho?)
Quando é que o governo passa à acção e arrisca contrariar os mercados? Como? Por exemplo promovendo nos sítios certos aquilo em que somos bons: pastelaria, enchidos, queijos, culinária, vinhos, azeite, calçado, lanifícios, cortiça. Apostando no design, na divulgação, na exportação.
Há quem garanta que sim. Há quem não hesite em negar tais barbaridades.
E no meio não há virtude nenhuma.
Quando um empresário fala e põe a tónica no risco, pode ser aplaudido, sobretudo se for bem sucedido e obtiver lucro.
Já quando alguém afiança que a criatividade é a mãe de todo o crescimento, fruto da insatisfação intrínseca do ser humano, verifica-se um generalizado encolher de ombros, senão um sorriso cúmplice, que pode ser traduzido por Olha, mais um idiota...
No entanto, são os gestores e os empresários mais bem sucedidos que incorporam no seu discurso e comportamento aquilo que um conjunto de criativos pensa estrategicamente, obtendo assim mais-valias e contribuindo para o enriquecimento próprio e do país onde isso acontece.
São muitos os seminários, os encontros, os congressos onde se debatem estes assuntos, procurando sensibilizar empresários e quadros superiores para uma percepção mais abrangente que lhes permita inovar e desenvolverem-se.
Porque é que o governo do meu país parece rastejar e apenas se serve de uma retórica passadista, bolorenta, incapaz de dinamizar a economia?
A babugem do défice, os cortes mastodônticos servem que interesses? Os do país ou os de um pequeno grupo de agiotas? Não deixa de ser caricato verificar que o governo, depois de, enquanto oposição ter zurzido Sócrates, venha agora reivindicar aquilo que ele fazia como ninguém: usar as centrais de informação para passar as suas mensagens. (Repare-se como Moedas titubeia, como se mostra incapaz de enfrentar o touro e prefere dizer que é um grande bailarino. Acreditará que assim levará água a algum moinho?)
Quando é que o governo passa à acção e arrisca contrariar os mercados? Como? Por exemplo promovendo nos sítios certos aquilo em que somos bons: pastelaria, enchidos, queijos, culinária, vinhos, azeite, calçado, lanifícios, cortiça. Apostando no design, na divulgação, na exportação.
23 novembro 2011
Devagarinho
ou depressa, como se quiser, Portugal retrocede a tempos não muito longínquos, em que a fome fazia parte do dia a dia.
E como é da praxe, o que vale em circunstâncias tão difíceis é a caridade. Que merda de país onde se pagam tantos impostos, onde se fazem tantos negócios e em que se deixam estudantes à míngua.
«O presidente da Associação Académica da Universidade do Algarve afirmou, esta quarta-feira, que há estudantes com fome na instituição».
E como é da praxe, o que vale em circunstâncias tão difíceis é a caridade. Que merda de país onde se pagam tantos impostos, onde se fazem tantos negócios e em que se deixam estudantes à míngua.
«O presidente da Associação Académica da Universidade do Algarve afirmou, esta quarta-feira, que há estudantes com fome na instituição».
Zefrey Throwell e o sucesso do "strip poker"
Forma de protesto contra a política económica dos Estados Unidos, Strip poker é um jogo que decorre ao vivo numa galeria de Nova Iorque. Os jogadores vão-se despindo em cada rodada que perdem.
Diz Zefrey Throwell que "O jogo é uma crítica moderna à forma como os Estados Unidos funcionam. Cada um, de situações económicas diferentes, deve jogar pelas mesmas regras, o que considero ser uma situação parecida com o que acontece nos Estados Unidos".
A partida durou sete dias e foi acompanhada com muita excitação e filmagens pela população que passava na rua.
Diz Zefrey Throwell que "O jogo é uma crítica moderna à forma como os Estados Unidos funcionam. Cada um, de situações económicas diferentes, deve jogar pelas mesmas regras, o que considero ser uma situação parecida com o que acontece nos Estados Unidos".
A partida durou sete dias e foi acompanhada com muita excitação e filmagens pela população que passava na rua.
Strip Poker in Manhattan - I'll Raise You Two! por ramimor
Da ignomínia
Quando há milhares de portugueses que não têm emprego nem recebem subsídio, com casas para pagar e filhos para sustentar, a quem se diz "Aguenta, não deixes de acreditar", sem que se lhes dê nada mais do que a oportunidade de enfileirar o grupo dos pedintes, que vão mendigar sopa à assistência social, pagam-se rendas altíssimas a senhores cuja situação económica é mais do que suficiente para pagarem o alojamento.
A situação é, no mínimo, indigna. Mas releva de uma mentalidade que está na origem dos problemas económicos do país: viver acima das suas possibilidades.
Um ministro não precisa de receber do erário público subsídio de alojamento. Mas um desempregado precisa de receber subsídio de desemprego.
Um governo que brinca com as palavras como se elas fossem vazias é um mau governo. Um primeiro-ministro que deixa mensagens no facebook a pedir crença é o mesmo primeiro-ministro que atribui subsídios de alto valor a colegas de governo (num sinal claro de favorecimento pessoal). Recorde-se que o subsídio de alojamento corresponde a 75% do valor das ajudas de custo, calculadas em função da remuneração que os governantes auferem.
Chamam-lhe justiça. Dignidade. E outras coisas. Mas o nome concreto disso é ignomínia. Pois deixa-se que pessoas passem fome e sofram humilhações indignas para se conservarem mordomias.
Em tempos de crise não há direito a mordomias pagas pelo erário público.
Portugal sempre foi assim. Na monarquia. No tempo da ditadura. Depois do 25 de abril.
A situação é, no mínimo, indigna. Mas releva de uma mentalidade que está na origem dos problemas económicos do país: viver acima das suas possibilidades.
Um ministro não precisa de receber do erário público subsídio de alojamento. Mas um desempregado precisa de receber subsídio de desemprego.
Um governo que brinca com as palavras como se elas fossem vazias é um mau governo. Um primeiro-ministro que deixa mensagens no facebook a pedir crença é o mesmo primeiro-ministro que atribui subsídios de alto valor a colegas de governo (num sinal claro de favorecimento pessoal). Recorde-se que o subsídio de alojamento corresponde a 75% do valor das ajudas de custo, calculadas em função da remuneração que os governantes auferem.
Chamam-lhe justiça. Dignidade. E outras coisas. Mas o nome concreto disso é ignomínia. Pois deixa-se que pessoas passem fome e sofram humilhações indignas para se conservarem mordomias.
Em tempos de crise não há direito a mordomias pagas pelo erário público.
Portugal sempre foi assim. Na monarquia. No tempo da ditadura. Depois do 25 de abril.
21 novembro 2011
Portugal, um país de bons profissionais em certas áreas
Afinal, os portugueses bem preparados até são apreciados: por empresas do Reino Unido, Noruega, Alemanha, França, Suíça e Finlândia. Que procuram? Profissionais altamente especializados, como engenheiros, profissionais das tecnologias de informação, enfermeiros, professores e educadores de infância, assistentes sociais e cozinheiros. Reconhecem-nos, além de uma boa preparação académica, a facilidade de aprendizagem de novas línguas e, em particular, um bom domínio do inglês. E a capacidade para a resolução de novos problemas/adaptação a novas situações; facilidade de adaptação a novas culturas e métodos de organização de trabalho, de integração em ambientes multiculturais; espírito de equipa; tenacidade e competências sociais.
Fonte
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Do mau jornalismo
Há gente em Portugal a ganhar fortunas mensais. Salários dourados, acima do dos congéneres internacionais.
Ninguém declara, a pretexto disso, que os salários da função pública deveriam ser equiparados aos desses milionários. No entanto, há por aí muito jornalismo de sarjeta que faz comparações desse nível quando se trata de comparar salários e reformas. Como se as médias significassem alguma coisa. Talvez seja gente mal preparada e profissionalmente incapaz, mas mesmo assim contribui para um clima podre que, mais cedo ou mais tarde, terá consequências graves. Como se diz, quem brinca com o fogo, queima-se.
Ninguém declara, a pretexto disso, que os salários da função pública deveriam ser equiparados aos desses milionários. No entanto, há por aí muito jornalismo de sarjeta que faz comparações desse nível quando se trata de comparar salários e reformas. Como se as médias significassem alguma coisa. Talvez seja gente mal preparada e profissionalmente incapaz, mas mesmo assim contribui para um clima podre que, mais cedo ou mais tarde, terá consequências graves. Como se diz, quem brinca com o fogo, queima-se.
O medo começa a espalhar-se como um gás
Christine Lagarde, directora-geral do FMI, teme que a actual crise soberana provoque "enormes consequências" e "consequências negativas" nas várias economias do mundo, incluindo a norte-americana. O pior cenário possível é a estagnação económica, o elevado desemprego e as revoltas sociais na sequência da turbulência dos mercados financeiros.
Caminha-se calmamente para um mundo policial, senão mesmo militarizado, em que a liberdade será restringida?
Caminha-se calmamente para um mundo policial, senão mesmo militarizado, em que a liberdade será restringida?
Passos Coelho garante que não vai mexer nos salários
mas nas garantias dele já ninguém acredita. Pois garantiu a uma criança, olhos nos olhos, que era mentira que ia cortar os subsídios de férias e de natal. E foi o que se viu.
Talvez seja mesmo melhor dar como certo que o governo tem em movimento um projecto de redução de salários.
Quem assinou contratos expectando um determinado percurso salarial pode pedir aos bancos o favor de remeter as contas para Passos Coelho, Vítor Gaspar e Hélder Rosalino.
Talvez seja mesmo melhor dar como certo que o governo tem em movimento um projecto de redução de salários.
Quem assinou contratos expectando um determinado percurso salarial pode pedir aos bancos o favor de remeter as contas para Passos Coelho, Vítor Gaspar e Hélder Rosalino.
Em política o que parece é
Os portugueses, gente desconfiada mas crente, ainda supõe que o governo está a fazer tudo o que pode para nos tirar da crise.
Ainda não perceberam que o governo está a fazer mais do que era suposto fazer, a pretexto da crise, ao mesmo tempo que dá prémios aos mais gastadores.
Ora veja-se: o governo vai alterar o Orçamento de Estado de 2012 e propor uma alteração que dará mais dinheiro à Região Autónoma da Madeira e menos à Região Autónoma dos Açores.
A Madeira, como é público, contribuiu para o corte dos subsídios dos funcionários públicos, para a subida do IVA nos restaurantes, na água engarrafada e noutros produtos.
Mas nada disso importa, pois, vai receber mais dinheiro. E pode, portanto, começar já a esbanjá-lo: o Governo Regional da Madeira vai gastar mais de três milhões de euros nas iluminações decorativas de Natal e no fogo-de-artifício do fim do Ano.
E também daí não virá mal ao país, pois o governo já sabe onde vai buscar dinheiro. Basta mudar as tabelas salariais do sector público até ao final de 2012, a pretexto de "ajustar para os níveis de mercado as remunerações praticadas relativamente a outros grupos, relativamente aos quais a administração pública poderá eventualmente estar a pagar acima do que é a prática do mercado".
O governo conta com a anestesia dos seus concidadãos e com a crença que ainda vigora.
Quando os portugueses acordarem da letargia verão um país onde o número de pobres subiu exponencialmente e ricos cada vez mais ricos, numa clara política de distribuição de riqueza que tem estado a ser levada a cabo pelo governo PSD/CDS.
Ainda não perceberam que o governo está a fazer mais do que era suposto fazer, a pretexto da crise, ao mesmo tempo que dá prémios aos mais gastadores.
Ora veja-se: o governo vai alterar o Orçamento de Estado de 2012 e propor uma alteração que dará mais dinheiro à Região Autónoma da Madeira e menos à Região Autónoma dos Açores.
A Madeira, como é público, contribuiu para o corte dos subsídios dos funcionários públicos, para a subida do IVA nos restaurantes, na água engarrafada e noutros produtos.
Mas nada disso importa, pois, vai receber mais dinheiro. E pode, portanto, começar já a esbanjá-lo: o Governo Regional da Madeira vai gastar mais de três milhões de euros nas iluminações decorativas de Natal e no fogo-de-artifício do fim do Ano.
E também daí não virá mal ao país, pois o governo já sabe onde vai buscar dinheiro. Basta mudar as tabelas salariais do sector público até ao final de 2012, a pretexto de "ajustar para os níveis de mercado as remunerações praticadas relativamente a outros grupos, relativamente aos quais a administração pública poderá eventualmente estar a pagar acima do que é a prática do mercado".
O governo conta com a anestesia dos seus concidadãos e com a crença que ainda vigora.
Quando os portugueses acordarem da letargia verão um país onde o número de pobres subiu exponencialmente e ricos cada vez mais ricos, numa clara política de distribuição de riqueza que tem estado a ser levada a cabo pelo governo PSD/CDS.
19 novembro 2011
A dívida do PSD
O passivo do PSD nacional, em 31 de Dezembro de 2008, era de 10,5 milhões. Quase metade (4,7 milhões) das dívidas do partido a instituições bancárias foram contraídas pela Madeira, neste caso maioritariamente junto do BANIF (3,4 milhões).
Passaram 3 anos e as contas do PSD Madeira devem estar piores. Já as do PSD nacional devem estar melhores. Quando o PSD sair do poder vamos ver como estão os números. É que mesmo com crise, o passivo vai sofrer mudanças significativas e não me espantaria que houvesse já muito dinheiro em saldo - afinal quem paga é o contribuinte e o funcionário público (que paga a dobrar).
Fonte
Passaram 3 anos e as contas do PSD Madeira devem estar piores. Já as do PSD nacional devem estar melhores. Quando o PSD sair do poder vamos ver como estão os números. É que mesmo com crise, o passivo vai sofrer mudanças significativas e não me espantaria que houvesse já muito dinheiro em saldo - afinal quem paga é o contribuinte e o funcionário público (que paga a dobrar).
Fonte
Para memória futura
Passos Coelho garante hoje a pés juntos: "Não podemos acrescentar ao défice". Desse modo justifica o corte do 13.º e 14.º mês aos funcionários públicos.
Segundo o Bloco de Esquerda há medidas que poderiam arrecadar 2 mil milhões de euros ao Estado: uma taxa de 0,6 por cento para fortunas superiores a um milhão de euros e uma taxa de um por cento para fortunas superiores a três milhões de euros (renderia mil milhões) e uma taxa sobre as mais valias urbanísticas geraria outros mil milhões.
Vamos ver como ficam as coisas. E sobretudo ver como é que Passos Coelho vai justificar o aumento do défice. Porque parece certo que ele vai subir (fruto da recessão).
Segundo o Bloco de Esquerda há medidas que poderiam arrecadar 2 mil milhões de euros ao Estado: uma taxa de 0,6 por cento para fortunas superiores a um milhão de euros e uma taxa de um por cento para fortunas superiores a três milhões de euros (renderia mil milhões) e uma taxa sobre as mais valias urbanísticas geraria outros mil milhões.
Vamos ver como ficam as coisas. E sobretudo ver como é que Passos Coelho vai justificar o aumento do défice. Porque parece certo que ele vai subir (fruto da recessão).
Repare-se no que Passos Coelho diz aos jotinhas
Num discurso que parafraseia o yes we can de Obama, Passos Coelho tenta dar a volta ao pessimismo dos jotinhas dizendo-lhes que "à medida que formos ganhando a confiança daqueles com quem fizemos estes contratos, eles próprios se irão convencendo que nós não precisamos de ser aqui uma espécie de protectorado onde nos dão as ordens e as indicações sobre o que devemos e como devemos fazer". Às crianças não se mente. Usa-se um discurso enviesado que confirma aquilo que já todos sabíamos: quem governa Portugal é a troika.
Fonte
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Os católicos portugueses acham que Passos Coelho não cumpre o que promete
A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP, instituição da Igreja Católica) afirma que a governação dos últimos meses não corresponde ao discurso proferido pelo primeiro-ministro na apresentação do programa do Governo. Mais: a acção governativa tem-se ocupado, nos últimos meses, quase exclusivamente do défice orçamental e da dívida. Comentários sobre os outros objectivos - crescimento, emprego, equidade, bem-estar humano - são passageiros, quando existem.
Fonte
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18 novembro 2011
Um estudo de mercado
Há notícias cirúrgicas. Surgem no momento certo. Até porque se trata de espalhar uma mensagem. Esta pretende mostrar que não vale a pena protestar porque quem governa é a luz e as luzes sabem sempre tudo. São os mensageiros da palavra divina na terra. Mensageiros do mercado, claro.
Aqui fica a súmula da notícia:
«Estudo revela que portugueses acham a austeridade um mal necessário
Os portugueses consideram que as medidas previstas no Orçamento do Estado para o próximo ano agravam a sua situação financeira, mas reconhecem a razoabilidade das mesmas face à actual situação do país.»
Aqui fica a súmula da notícia:
«Estudo revela que portugueses acham a austeridade um mal necessário
Os portugueses consideram que as medidas previstas no Orçamento do Estado para o próximo ano agravam a sua situação financeira, mas reconhecem a razoabilidade das mesmas face à actual situação do país.»
Democracia?
«Manuela Ferreira Leite escandalizou com os seis meses de suspensão da democracia. Seis meses? Upa, upa! A democracia enquanto tal está suspensa até ver. Por cá, na Grécia, em Itália, e no que está para vir.» Raul Vaz
17 novembro 2011
Do orgasmo feminino
Barry Komisaruk, investigador da Universidade de Rutgers, nos EUA, gravou as imagens da ressonância magnética feita ao cérebro de uma mulher, enquanto esta se auto-estimulava. E verificou que durante o orgasmo feminino são activadas praticamente todas as zonas cerebrais importantes.
As imagens mostram que a primeira área cerebral a ser activada, logo no início, é o córtex sensorial. A seguir, a actividade alarga-se ao sistema límbico, unidade cerebral responsável pelas emoções. Quando a mulher está prestes a atingir o clímax, a acção concentra-se no cerebelo e no córtex frontal, associado ao movimento de mãos e da face. No ponto alto, a actividade circunscreve-se ao hipotálamo, que liberta oxitocina, hormona responsável pelas sensações de prazer.
Já se sabia que a estimulação da vagina, do colo do útero e do clítoris activa três locais distintos e separados no córtex sensorial. E que a auto-estimulação do mamilo não só activa a região do córtex sensorial que esperávamos, como também activa as mesmas zonas que a região genital, o que explica por que é que algumas mulheres podem ter orgasmos através da estimulação da área mamária.
O vídeo pode ser visto aqui.
As imagens mostram que a primeira área cerebral a ser activada, logo no início, é o córtex sensorial. A seguir, a actividade alarga-se ao sistema límbico, unidade cerebral responsável pelas emoções. Quando a mulher está prestes a atingir o clímax, a acção concentra-se no cerebelo e no córtex frontal, associado ao movimento de mãos e da face. No ponto alto, a actividade circunscreve-se ao hipotálamo, que liberta oxitocina, hormona responsável pelas sensações de prazer.
Já se sabia que a estimulação da vagina, do colo do útero e do clítoris activa três locais distintos e separados no córtex sensorial. E que a auto-estimulação do mamilo não só activa a região do córtex sensorial que esperávamos, como também activa as mesmas zonas que a região genital, o que explica por que é que algumas mulheres podem ter orgasmos através da estimulação da área mamária.
O vídeo pode ser visto aqui.
Um país que fica bem no postal
Com bacalhau e nada mais, a não ser paisagem. E golfe. Golfa-se muito e é barato. De resto vende-se como sendo bom para namorar (embora os gays pareçam excluídos dos vídeos de promoção, mesmo sendo clientes ricos) e com uns arremedos de arte (que daqui a pouco estarão reduzidos a escombros, depois do meritório trabalho de Francisco José Viegas em prol do livro-lixo), Portugal é vendido como um lugar de natureza intocável (mentir aos que cá vêm não é fazer com que nunca mais voltem?).
São campanhas, senhor, não passam disso, não vos zangueis. Portugal é de facto um imenso tédio quando envolto em plástico.
São campanhas, senhor, não passam disso, não vos zangueis. Portugal é de facto um imenso tédio quando envolto em plástico.
O jeito que as crises dão
Com passinhos de lã, o governo vai tentando levar a água ao seu moinho, exaurindo os solos, qual praga de eucaliptos, para que todos agradeçam a pouca água que lhes calhar em sorte. As vítimas serão, agora, os mais velhos.
O governo não gosta de velhos. Quer que os empresários os ponham a andar das empresas. São um empecilho para o Estado - ganham mais, pagam mais impostos e o Estado não quer que isso aconteça. É preciso americanizar isto tudo: pagar menos aos mais novos que produzem mais.
A protecção no trabalho tem os dias contados por vontade do PSD e do CDS/PP.
A retórica é sempre pelo lado da competência, da viabilidade e de outros méritos com que convém acenar para ir criando divisões e se poder reinar. Na prática, a ser criada a tal lei, os mais velhos que se acautelem, chegam aos quarentas e ala, borda fora. Como nessa meia idade é difícilimo arranjar emprego, sugere-se que os primeiros a virem para a rua criem empresas de suicídio assistido, pois os cidadãos tornar-se-ão desnecessários.
Que belo país o nosso.
O governo não gosta de velhos. Quer que os empresários os ponham a andar das empresas. São um empecilho para o Estado - ganham mais, pagam mais impostos e o Estado não quer que isso aconteça. É preciso americanizar isto tudo: pagar menos aos mais novos que produzem mais.
A protecção no trabalho tem os dias contados por vontade do PSD e do CDS/PP.
A retórica é sempre pelo lado da competência, da viabilidade e de outros méritos com que convém acenar para ir criando divisões e se poder reinar. Na prática, a ser criada a tal lei, os mais velhos que se acautelem, chegam aos quarentas e ala, borda fora. Como nessa meia idade é difícilimo arranjar emprego, sugere-se que os primeiros a virem para a rua criem empresas de suicídio assistido, pois os cidadãos tornar-se-ão desnecessários.
Que belo país o nosso.
Pelo preço de um leve dois e pague três
Estamos no primeiro pacote made in Troika e já o nosso Gasparzinho, qual pequeno fantasma, prepara a próxima partida. O novo assalto ao bolso de quem trabalha será já no próximo ano: “como mostra o Orçamento do Estado para 2012 é possível ter de tomar medidas adicionais muito consideráveis para assegurar os objectivos do programa”.
Repare-se que ele não diz que Portugal precisa de crescer para poder pagar. Não. Ele apenas sublinha nesse tom neutro que vêm aí mais cortes. E como de "gorduras" já ninguém fala (os jobs continuam, as mordomias permanecem, os interesses subsistem) percebe-se que o governo vai pôr a função pública a pão e água e o resto dos tugas não vai ficar melhor.
A pressão da austeridade sobre o Estado e os contribuintes vai continuar bem além de 2012 e do final do primeiro programa da troika.
Primeiro porque Portugal já trabalha para pedir um segundo, decidido antes das eleições, altura em que haverá momento para uma pequena folga para se voltar a ganhar eleições e continuar com os "ajustamentos muito difíceis".
O governo já usa a táctica comercial do gratuito por N euros (78 mil mais 28 mil milhões, a que se juntam juros e comissões).
Repare-se que ele não diz que Portugal precisa de crescer para poder pagar. Não. Ele apenas sublinha nesse tom neutro que vêm aí mais cortes. E como de "gorduras" já ninguém fala (os jobs continuam, as mordomias permanecem, os interesses subsistem) percebe-se que o governo vai pôr a função pública a pão e água e o resto dos tugas não vai ficar melhor.
A pressão da austeridade sobre o Estado e os contribuintes vai continuar bem além de 2012 e do final do primeiro programa da troika.
Primeiro porque Portugal já trabalha para pedir um segundo, decidido antes das eleições, altura em que haverá momento para uma pequena folga para se voltar a ganhar eleições e continuar com os "ajustamentos muito difíceis".
O governo já usa a táctica comercial do gratuito por N euros (78 mil mais 28 mil milhões, a que se juntam juros e comissões).
A pouco e pouco expõem-se as aldrabices de certos economistas
«A ideologia reinante desde há séculos não muda. No futebol interessa quem gere a arbitragem. Na política só importa quem tem o poder da informação. Portugal é um país sempre à espera de que o Estado pastoreie as almas. Ou controlando a informação, ou tornando-a inofensiva.
O pretenso liberalismo de alguns é um estalinismo doce e crocante. As declarações de João Duque, regente de um documento que é elaborado repositório de frases feitas, são típicas de quem acha que o liberalismo é bom enquanto não se comanda o Estado. Quando se tem o poder, tudo deve ser ministrado a conta-gotas aos cidadãos.»
Fernando Sobral
O pretenso liberalismo de alguns é um estalinismo doce e crocante. As declarações de João Duque, regente de um documento que é elaborado repositório de frases feitas, são típicas de quem acha que o liberalismo é bom enquanto não se comanda o Estado. Quando se tem o poder, tudo deve ser ministrado a conta-gotas aos cidadãos.»
Fernando Sobral
Fala Helena Garrido
«Sem atacar a falta de concorrência, sem reduzir o poder dos grupos de pressão, sem haver justiça, nunca haverá mais crescimento. Teremos apenas mais empobrecimento. E um enorme risco de revolta.
O que se fez até agora para cumprir os objectivos da troika era aquilo que se tinha de fazer. Porque tudo o resto leva mais tempo. Mas, a partir de agora, é preciso acabar com o que efectivamente condenou Portugal ao colapso financeiro. É preciso criar, de facto, um mercado e acabar com a exploração de rendas, com os abusos de posição dominante e com a cultura (e realidade) geral de impunidade para quem tenha os amigos certos.
Políticas de crescimento ou agendas de transformação não são, como parece ser o entendimento de alguns, pacotes de subsídios a empresas. São medidas que expõem sectores como a energia, as telecomunicações e a grande distribuição a uma efectiva concorrência e sem acesso a favores do Estado. São decisões que não cedem ao poder de influência de um sistema financeiro mal habituado. São iniciativas muito para além do que exige a troika na justiça.
É toda esta nova actuação dos poderes públicos em defesa do interesse dos portugueses que é preciso acelerar. Umas estão previstas no Programa de Ajustamento Económico e Financeiro (PAEF), outras não e devem ser assumidas pelo Governo como prioritárias.»
Fonte
O que se fez até agora para cumprir os objectivos da troika era aquilo que se tinha de fazer. Porque tudo o resto leva mais tempo. Mas, a partir de agora, é preciso acabar com o que efectivamente condenou Portugal ao colapso financeiro. É preciso criar, de facto, um mercado e acabar com a exploração de rendas, com os abusos de posição dominante e com a cultura (e realidade) geral de impunidade para quem tenha os amigos certos.
Políticas de crescimento ou agendas de transformação não são, como parece ser o entendimento de alguns, pacotes de subsídios a empresas. São medidas que expõem sectores como a energia, as telecomunicações e a grande distribuição a uma efectiva concorrência e sem acesso a favores do Estado. São decisões que não cedem ao poder de influência de um sistema financeiro mal habituado. São iniciativas muito para além do que exige a troika na justiça.
É toda esta nova actuação dos poderes públicos em defesa do interesse dos portugueses que é preciso acelerar. Umas estão previstas no Programa de Ajustamento Económico e Financeiro (PAEF), outras não e devem ser assumidas pelo Governo como prioritárias.»
Fonte
Como os economistas adoram o desemprego
«Ainda é muito cedo para abrir garrafas de champanhe mas, para já, Portugal está a cumprir a sua parte, com enormes sacrifícios económicos e sociais. Os números do desemprego ontem conhecidos são mais uma prova. É com este tipo de avaliações positivas que Portugal reconquistará a credibilidade internacional, imprescindível para voltar aos mercados financeiros daqui a dois anos.» Bruno Proença
Como se dá a volta aos números
Relvas fala em 50 milhões. Ruas fala em 102 milhões.
O governo diz que vai cortar 240 milhões nos subsídios de férias e de Natal das autarquias. A Associação Nacional de Municípios diz que não, que o corte será apenas de 146 milhões de euros.
Assim anda o país alegremente a acreditar no que o governo diz.
O governo diz que vai cortar 240 milhões nos subsídios de férias e de Natal das autarquias. A Associação Nacional de Municípios diz que não, que o corte será apenas de 146 milhões de euros.
Assim anda o país alegremente a acreditar no que o governo diz.
Dívidas públicas
Dizia-se e ainda se diz que o problema de Portugal é ter vivido acima das suas possibilidades.
Vai-se ver e a Inglaterra vive astronomicamente acima das suas possibilidades. A França idem. A Alemanha aspas.
A maior parte dos países europeus são grandes gastadores. Já os EUA não ficam atrás.
Exemplo parece ser a China. Os salários são miseráveis. Os horários de trabalho correspondem aos dos escravos. Os lucros dos capitalistas do país são colossais. A população continua a emigrar massivamente.
Deve ser este o modelo que pretendem aplicar por cá.
Vai-se ver e a Inglaterra vive astronomicamente acima das suas possibilidades. A França idem. A Alemanha aspas.
A maior parte dos países europeus são grandes gastadores. Já os EUA não ficam atrás.
Exemplo parece ser a China. Os salários são miseráveis. Os horários de trabalho correspondem aos dos escravos. Os lucros dos capitalistas do país são colossais. A população continua a emigrar massivamente.
Deve ser este o modelo que pretendem aplicar por cá.
Fala Belmiro de Azevedo
"O problema de Portugal não é um plano de austeridade, mas saber para onde vamos a seguir".
"Não se vislumbra uma estratégia que potencie o crescimento para uma verdadeira competitividade das empresas".
"Maior deve ser a desilusão do país" perante a falta de políticas estruturais de lançamento da economia.
Os "políticos são frágeis" e "facilmente substituídos em movimentos pouco democráticos".
Com a contundência que é lhe é própria BA põe o dedo nalgumas feridas. E diz, para quem o quiser ouvir, que este governo tem falta de gente capaz. Capaz de nos tirar da crise. Capaz de nos fazer crescer economicamente.
"Não se vislumbra uma estratégia que potencie o crescimento para uma verdadeira competitividade das empresas".
"Maior deve ser a desilusão do país" perante a falta de políticas estruturais de lançamento da economia.
Os "políticos são frágeis" e "facilmente substituídos em movimentos pouco democráticos".
Com a contundência que é lhe é própria BA põe o dedo nalgumas feridas. E diz, para quem o quiser ouvir, que este governo tem falta de gente capaz. Capaz de nos tirar da crise. Capaz de nos fazer crescer economicamente.
Para que a Madeira permaneça igual a si mesma
O porta-voz dos Assuntos Económicos da Comissão Europeia, Amadeu Altafaj Tardio, afirmou que os contribuintes portugueses vão pagar o "sério desvio" financeiro da Madeira.
Ele já sabe que o tio Alberto João encontrou maneira de Passos Coelho e o seu estimado ministro das finanças darem a volta à coisa de maneira a que haja mais cortes salariais para que a Madeira possa continuar o seu louvável trabalho em prol da da democracia e do rigor das contas públicas.
Ele já sabe que o tio Alberto João encontrou maneira de Passos Coelho e o seu estimado ministro das finanças darem a volta à coisa de maneira a que haja mais cortes salariais para que a Madeira possa continuar o seu louvável trabalho em prol da da democracia e do rigor das contas públicas.
16 novembro 2011
Maneiras de ludibriar
Fala André Freire, politólogo: «Desde que ascendeu à liderança do PSD e até às legislativas de 2011, Passos Coelho disse sempre que não cortaria salários e subsídios, cortaria sobretudo as "gorduras do Estado". A verdade é que se propõe agora renovar o corte nos salários (acima de 1500 euros) dos funcionários públicos (FP), entre 5 e 10 por cento, e ainda os subsídios de férias e de Natal a FP e pensionistas, 2012-2013. Tais cortes contrariam os programas eleitorais de PSD e CDS e o acordo com a troika (PAEF). Mais: o corte com as despesas com pessoal é o quádruplo do exigido (de 0,4 para 1,6 por cento do PIB) (Nicolau Santos, Expresso, 22/10/11); nas "gorduras do Estado" a redução é de 89 milhões de euros, quando se previam 500 milhões, e o corte nas transferências para as regiões e municípios é de 8,3 milhões, quando se previam 150 milhões (Paulo T. Pereira, PÚBLICO, 13/11/11). Portanto, em matéria de salários e subsídios o Governo vai contra os compromissos assumidos com os portugueses e a troika; pelo contrário, no que se tinha comprometido a fazer ("gorduras do Estado"; transferências para as autarquias) fica muito aquém do prometido e do PAEF.»
«O Governo alega que corta só nos salários dos FP e nas pensões, porque se comprometeu a cortar prioritariamente "na despesa". Porém, por um lado, apenas formalmente se trata de "cortes na despesa": "É sabido por todos que a redução dos salários ou pensões a grupos específicos é um imposto." (Cavaco Silva, citado em DN, 19/10/2011; idem Marcelo Rebelo de Sousa na TVI, 13/11/11.) Por outro lado, o Governo tem violado, e/ou renegociado, vários compromissos com a troika naquilo que lhe convém ideologicamente ou a que não é capaz de resistir por pressão dos lobbies.»
»As medidas de cortes de salários e de subsídios, bem como o grosso das medidas restritivas no OE afectam sobretudo os assalariados e deixam de fora as empresas e os seus accionistas, ferindo assim a "universalidade" e a "igualdade". Mais, enquanto no caso dos rendimentos do trabalho o Governo é muito escrupuloso no cumprimento do PAEF, no tratamento da evasão fiscal e dos rendimentos de capital é laxista. "O Governo renegociou com a troika um regime mais favorável para abater lucros com prejuízos", aumentando o prazo de três para cinco anos (PÚBLICO, 18/10/11), quando se sabe que, entre 1997 e 2007, cerca de 30 a 40 por cento das empresas não pagaram IRC sobretudo por causa deste expediente (PÚBLICO, 9/8/10). Ao contrário do prometido, o Governo recuou no corte das isenções fiscais e na tributação de dividendos na Madeira (jornal i, 1/11/11). Contrariando um parecer do Centro de Estudos Fiscais, o Governo despachou sobre a tributação de dividendos no sentido de "permitir a isenção fiscal de milhões de euros" (PÚBLICO, 6/11/11 e 14/11/11).»
«O Governo alega que corta só nos salários dos FP e nas pensões, porque se comprometeu a cortar prioritariamente "na despesa". Porém, por um lado, apenas formalmente se trata de "cortes na despesa": "É sabido por todos que a redução dos salários ou pensões a grupos específicos é um imposto." (Cavaco Silva, citado em DN, 19/10/2011; idem Marcelo Rebelo de Sousa na TVI, 13/11/11.) Por outro lado, o Governo tem violado, e/ou renegociado, vários compromissos com a troika naquilo que lhe convém ideologicamente ou a que não é capaz de resistir por pressão dos lobbies.»
»As medidas de cortes de salários e de subsídios, bem como o grosso das medidas restritivas no OE afectam sobretudo os assalariados e deixam de fora as empresas e os seus accionistas, ferindo assim a "universalidade" e a "igualdade". Mais, enquanto no caso dos rendimentos do trabalho o Governo é muito escrupuloso no cumprimento do PAEF, no tratamento da evasão fiscal e dos rendimentos de capital é laxista. "O Governo renegociou com a troika um regime mais favorável para abater lucros com prejuízos", aumentando o prazo de três para cinco anos (PÚBLICO, 18/10/11), quando se sabe que, entre 1997 e 2007, cerca de 30 a 40 por cento das empresas não pagaram IRC sobretudo por causa deste expediente (PÚBLICO, 9/8/10). Ao contrário do prometido, o Governo recuou no corte das isenções fiscais e na tributação de dividendos na Madeira (jornal i, 1/11/11). Contrariando um parecer do Centro de Estudos Fiscais, o Governo despachou sobre a tributação de dividendos no sentido de "permitir a isenção fiscal de milhões de euros" (PÚBLICO, 6/11/11 e 14/11/11).»
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