19 dezembro 2011

É a política


Fala Manuel Caldeira Cabral: "o nível de endividamento da Zona Euro é inferior ao do Japão e dos EUA, e a Zona Euro apresenta um equilíbrio externo que falta aos EUA e ao Reino Unido (ambos com necessidades liquidas de financiamento externo importantes). O mesmo quando se compara o comportamento nos últimos anos, em que o endividamento e a despesa pública (em percentagem do PIB) subiram mais no Japão, EUA e Reino Unido do que na Zona Euro.

EUA, Reino Unido e Japão tiveram mesmo uma evolução pior comportada do que alguns dos PIIGS, incluindo Portugal, no que toca ao aumento da despesa, e ao nível de endividamento.

Se não é o stock de dívida, nem o comportamento particularmente irresponsável dos últimos anos que distinguem a Zona Euro das outras economias desenvolvidas, têm de ser outros factores a fazer com que os mercados estejam a perder a confiança em todos os países da Zona Euro, mas mantenham confiança na divida Inglesa, americana ou japonesa.

A diferença parece estar na desunião política, de lideranças que se têm fixado mais em atribuir culpas e castigos do que em resolver problemas. Está também na contracção monetária que tem estado a ser seguida, que contrasta com as políticas de expansão monetária e desvalorização dos EUA e Reino Unido. Está também na falta de instrumentos fortes de actuação no mercado da dívida e na garantia como financiador de último recurso que o BCE devia assumir, mas não pode. Por fim, está ainda na falta de programas de estímulo ao crescimento, e no acentuar de políticas recessivas a ser seguidas mesmo por Estados como a Alemanha, que têm saldos externos bastante elevados.

O arrastar da crise das dívidas soberanas já levou a perdas de produção em toda a União Europeia superiores a toda a dívida grega."

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