A cultura em Portugal é sinónimo de álcool e fumo, pelo menos esse é o ponto de vista do nosso primeiro-ministro e do ministro das finanças.
«Foi possível propor a compensação da perda de receita no caso dos espectáculos culturais (cerca de 20 milhões de euros) com o agravamento dos impostos especiais sobre o álcool e o tabaco.»
A afirmação vem no seguimento de uma pergunta de Maria João Avillez. Uma dessas perguntas que tem o odor requentado dos lugares comuns que formatam o raciocínio de muita boa gente: «Porque se comoveu com a cultura mais do que com a restauração?» Cultura e restauração como parte de um sentimento, de uma emoção. Não se trata de pensamento ou de uma acção política, mas de... comoção. Ou seja, uma dessas perguntas que legitima todo o tipo de respostas. E que mostra à saciedade o quanto certas campanhas de promoção de Portugal são... mentira. O que importa é encher a boca com números. Sem se recordarem do quanto a restauração é cultura e da mais-valia que essa cultura representa nos dias de hoje. Não. Trabalha-se com o passado numérico. No ano passado a restauração produziu X, logo no próximo ano vai produzir Y e pode-se, qual Xerife de Nottingham, cortar ali para arrecadar mais dinheiro.
A cultura e restauração são insignificantes para a economia portuguesa? O governo tem algumas ideias para esses sectores? Ou limita-se, qual merceeiro, a pensar em amealhar?
Num tempo em que tanto se fala de dieta mediterrânica, até como parte de uma economia sustentável, o nosso primeiro-ministro olha para o assunto como uma parcela de excel e a entrevistadora como uma comoção. Giro, tão giro, tão fresco, tão revelador, não é?
Até porque a cultura é um lugar impensável sem álcool e sem fumo... e, se bem me lembro, havia um ministro que há não muito, também gostava de pensar no álcool como alimento dos portugueses.
«Foi possível propor a compensação da perda de receita no caso dos espectáculos culturais (cerca de 20 milhões de euros) com o agravamento dos impostos especiais sobre o álcool e o tabaco.»
A afirmação vem no seguimento de uma pergunta de Maria João Avillez. Uma dessas perguntas que tem o odor requentado dos lugares comuns que formatam o raciocínio de muita boa gente: «Porque se comoveu com a cultura mais do que com a restauração?» Cultura e restauração como parte de um sentimento, de uma emoção. Não se trata de pensamento ou de uma acção política, mas de... comoção. Ou seja, uma dessas perguntas que legitima todo o tipo de respostas. E que mostra à saciedade o quanto certas campanhas de promoção de Portugal são... mentira. O que importa é encher a boca com números. Sem se recordarem do quanto a restauração é cultura e da mais-valia que essa cultura representa nos dias de hoje. Não. Trabalha-se com o passado numérico. No ano passado a restauração produziu X, logo no próximo ano vai produzir Y e pode-se, qual Xerife de Nottingham, cortar ali para arrecadar mais dinheiro.
A cultura e restauração são insignificantes para a economia portuguesa? O governo tem algumas ideias para esses sectores? Ou limita-se, qual merceeiro, a pensar em amealhar?
Num tempo em que tanto se fala de dieta mediterrânica, até como parte de uma economia sustentável, o nosso primeiro-ministro olha para o assunto como uma parcela de excel e a entrevistadora como uma comoção. Giro, tão giro, tão fresco, tão revelador, não é?
Até porque a cultura é um lugar impensável sem álcool e sem fumo... e, se bem me lembro, havia um ministro que há não muito, também gostava de pensar no álcool como alimento dos portugueses.
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