A pobreza é terrível. Há séculos que Portugal é um país pobre. Não porque não tenha recursos mas pelo modo como estão distribuídos. Meia dúzia com muito e milhares sem quase nada.
Milhares que cumprem a sua rotina de desabafo, de zanga interna e jamais são capazes de se unir para dizer: Basta!
Meia dúzia que jamais se inquieta ou receia a multidão de pobres. Porque estes são educados diariamente a desejar o luxo e a empenharem-se para terem um mínimo de aparência.
Que uma percentagem não despicienda trabalhe e seja pobre só espanta quem anda a dormir, ou seja, quem continua a acreditar que a vida se limita ao carro, ao telemóvel e a meia dúzia de trapos. A miséria é muita e transversal a estratos económicos: é mental. E não vão ser as leis portuguesas que alterarão seja o que for. Talvez sinais que venham de fora, acaso lá comece a ser tão duro como sempre foi aqui.
De resto, a pobreza é um estigma que anda associado a farrapos, quando há muita gente que já aprendeu a disfarçá-la, apresentando-se limpa. O olhar às vezes trai-os. Mas só às vezes.
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