04 julho 2009

Os portugueses e a política


Descrença, descrédito, cinismo podem ser algumas das palavras de que os portugueses se servem para caracterizar a sua relação com aqueles que elegem. No entanto, basta estar num café ou ler os comentários que vão aparecendo em jornais e blogues para se perceber que esse relacionamento é feito de uma mistura de paixão/ódio que assenta numa tradição de calar, de ter medo, de "respeitinho".
Os portugueses consideram que quem tem mais posses tem melhores advogados e encontra buracos na lei, por isso a maioria dos nossos concidadãos sente-se desincentivada de recorrer aos tribunais para defender os seus direitos.

Além disso há a ideia generalizada de que a política é um trampolim para "bons tachos", ideia que vigora há muitos anos sem que se tenha assistido a uma corrida em massa à militância política, à procura de um lugar ao sol. Ou seja, os portugueses acham que dizer mal continua a ser óptima válvula de escape e por isso se consideram felizes.
Mesmo assim, como todos sabem, embora pouco falem disso, o país é hoje muito mais democrático do que era e, apesar dos exageros, para isso muito tem contribuído a guerra de audiências, ou seja, a necessidade sentida pela imprensa de dar voz ao povo, apesar da muita promiscuidade entre jornalistas e políticos (havendo casos, como o da Manuela Moura Guedes que chegam a ser as duas coisas ao mesmo tempo).
O que parece ainda faltar aos portugueses é maior empenho social, quiçá pelos resquícios da "minha alegre casinha" que os mantém pelos cafés ou por casa a exercitar a má língua.

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