O discurso do Presidente da República é uma súmula de banalidades que serve para entreter jornalistas e políticos mas nada diz ao comum dos cidadãos.
Apelar a isto ou àquilo não resolve nada. Como não o faz dizer que é preciso apostar nas questões mais importantes para o país, que segundo Cavaco, são o "emprego, a segurança, a justiça, a saúde, a educação, a protecção social e o combate à corrupção".
Há anos que se repete a ladainha e, na prática, o que tem acontecido é cavar o fosso entre ricos e pobres. Cada vez há mais pobres e os ricos estão cada vez mais ricos.
Os portugueses estão cansados de discursos desses. E a incredulidade manifesta-se com um aumento da abstenção.
Vejamos um caso simples: a educação. Espanha, que tem, como nós, muito insucesso e abandono escolar (as ditaduras deixam feridas profundas) já começa a perceber que a um maior interesse dos pais correspondem melhores resultado escolares dos filhos, com o consequente sucesso. Por cá continua a chutar-se para canto e a brincar aos discursos, mas de concreto NADA!
Um nada extensível à justiça, à saúde, ao emprego. Pela simples razão de que toda a retórica continua a assentar em premissas falsas: a de que os cidadãos são idiotas; a de que as pessoas apenas querem benesses e não estão dispostas a fazer sacrifícios.
Quando se anunciam medidas como a da atribuição de medicamentos gratuitos a quem deles precisa e não tem dinheiro, pouco antes de eleições, os portugueses ficam com urticária: desconfiam, pois isso já devia ter acontecido. O governo, independentemente dos efeitos sociais da medida, espera colher benefícios eleitorais. O esquema é recorrente e usado por todos, oposição incluída. Mas esquecem-se de que sendo assim, a descrebilização da classe política é constante, pois as pessoas percebem como as coisas funcionam. E se se sujeitam é porque é complicado encontrar equilíbrios colectivos, dada a maneira de ser das pessoas, mais aptas ao conflito do que aos consensos. Talvez por isso, gostam, de um modo geral, dos governos autoritários que, contra tudo e todos (crêem) tomam medidas impopulares. O pior é haver tantos telhados de vidro (Sócrates é um bom exemplo).
Assim, enquanto meia dúzia continua a auferir salários muito acima da média europeia, a maioria recebe meia dúzia de euros, mesmo depois da vertiginosa escalada que os preços sofreram quando Portugal mudou o escudo pelo euro. E que possibilitou enriquecimento a muitos. Empresas há que continuam a ter lucros fabulosos, mesmo com a crise. Enquanto o número dos que já quase não têm para comer aumenta.
Repare-se no preço das casas e dos bens de primeira necessidade e compare-se com os discursos de saúde e bem-estar para perceber o desfasamento.
A retórica do «é preciso que» apenas serve para fazer de conta. Portugal precisa de mais, sob pena de perder o pouco que conseguiu com o 25 de Abril de 1974.
Apelar a isto ou àquilo não resolve nada. Como não o faz dizer que é preciso apostar nas questões mais importantes para o país, que segundo Cavaco, são o "emprego, a segurança, a justiça, a saúde, a educação, a protecção social e o combate à corrupção".
Há anos que se repete a ladainha e, na prática, o que tem acontecido é cavar o fosso entre ricos e pobres. Cada vez há mais pobres e os ricos estão cada vez mais ricos.
Os portugueses estão cansados de discursos desses. E a incredulidade manifesta-se com um aumento da abstenção.
Vejamos um caso simples: a educação. Espanha, que tem, como nós, muito insucesso e abandono escolar (as ditaduras deixam feridas profundas) já começa a perceber que a um maior interesse dos pais correspondem melhores resultado escolares dos filhos, com o consequente sucesso. Por cá continua a chutar-se para canto e a brincar aos discursos, mas de concreto NADA!
Um nada extensível à justiça, à saúde, ao emprego. Pela simples razão de que toda a retórica continua a assentar em premissas falsas: a de que os cidadãos são idiotas; a de que as pessoas apenas querem benesses e não estão dispostas a fazer sacrifícios.
Quando se anunciam medidas como a da atribuição de medicamentos gratuitos a quem deles precisa e não tem dinheiro, pouco antes de eleições, os portugueses ficam com urticária: desconfiam, pois isso já devia ter acontecido. O governo, independentemente dos efeitos sociais da medida, espera colher benefícios eleitorais. O esquema é recorrente e usado por todos, oposição incluída. Mas esquecem-se de que sendo assim, a descrebilização da classe política é constante, pois as pessoas percebem como as coisas funcionam. E se se sujeitam é porque é complicado encontrar equilíbrios colectivos, dada a maneira de ser das pessoas, mais aptas ao conflito do que aos consensos. Talvez por isso, gostam, de um modo geral, dos governos autoritários que, contra tudo e todos (crêem) tomam medidas impopulares. O pior é haver tantos telhados de vidro (Sócrates é um bom exemplo).
Assim, enquanto meia dúzia continua a auferir salários muito acima da média europeia, a maioria recebe meia dúzia de euros, mesmo depois da vertiginosa escalada que os preços sofreram quando Portugal mudou o escudo pelo euro. E que possibilitou enriquecimento a muitos. Empresas há que continuam a ter lucros fabulosos, mesmo com a crise. Enquanto o número dos que já quase não têm para comer aumenta.
Repare-se no preço das casas e dos bens de primeira necessidade e compare-se com os discursos de saúde e bem-estar para perceber o desfasamento.
A retórica do «é preciso que» apenas serve para fazer de conta. Portugal precisa de mais, sob pena de perder o pouco que conseguiu com o 25 de Abril de 1974.
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